• Bento XVI
  • 24/04/2009
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MENSAGEM URBI ET ORBI SOBRE A PASCOA

MENSAGEM URBI ET ORBI DO SANTO PADRE BENTO XVI PSCOA 2009 Amados irm? e irm?de Roma e do mundo inteiro! A todos v?ormulo cordiais votos de P?oa com as palavras de Santo Agostinho: «Resurrectio Domini, spes nostra – a ressurrei? do Senhor ? nossa esperan? (Agostinho, Serm?261, 1). Com esta afirma?, o grande Bispo explicava aos seus fi? que Jesus ressuscitou para que n?apesar de destinados ?orte, n?desesper?emos, pensando que a vida acaba totalmente com a morte; Cristo ressuscitou para nos dar a esperan?(cf. ibid.). Com efeito, uma das quest?que mais angustia a exist?ia do homem ?recisamente esta: o que h?epois da morte? A este enigma, a solenidade de hoje permite-nos responder que a morte n?tem a ?ma palavra, porque no fim quem triunfa ? Vida. E esta nossa certeza n?se funda sobre simples racioc?os humanos, mas sobre um dado hist?o de f?Jesus Cristo, crucificado e sepultado, ressuscitou com o seu corpo glorioso. Jesus ressuscitou para que tamb?n?acreditando n’Ele, possamos ter a vida eterna. Este an?o situa-se no cora? da mensagem evang?ca. Declara-o com vigor S?Paulo: «Se Cristo n?ressuscitou, ?? nossa prega? e v? nossa f? E acrescenta: «Se t?somente nesta vida esperamos em Cristo, somos os mais miser?is de todos os homens» (1 Cor 15, 14.19). Desde a alvorada de P?oa, uma nova primavera de esperan?invade o mundo; desde aquele dia, a nossa ressurrei? j?ome?, porque a P?oa n?indica simplesmente um momento da hist?, mas o in?o duma nova condi?: Jesus ressuscitou, n?para que a sua mem? permane?viva no cora? dos seus disc?los, mas para que Ele mesmo viva em n?e, n’Ele, possamos j?aborear a alegria da vida eterna. Portanto a ressurrei? n??ma teoria, mas uma realidade hist?a revelada pelo Homem Jesus Cristo por meio da sua «p?oa», da sua «passagem», que abriu um «caminho novo» entre a terra e o C?(cf. Heb 10, 20). N??m mito nem um sonho, n??ma vis?nem uma utopia, n??ma f?la, mas um acontecimento ?o e irrepet?l: Jesus de Nazar?filho de Maria, que ao p?o sol de Sexta-feira foi descido da cruz e sepultado, deixou vitorioso o t?o. De facto, ao alvorecer do primeiro dia depois do S?do, Pedro e Jo?encontraram o t?o vazio. Madalena e as outras mulheres encontraram Jesus ressuscitado; reconheceram-No tamb?os dois disc?los de Ema?o partir o p? o Ressuscitado apareceu aos Ap?los ?oite no Cen?lo e depois a muitos outros disc?los na Galileia. O an?o da ressurrei? do Senhor ilumina as zonas escuras do mundo em que vivemos. Refiro-me de modo particular ao materialismo e ao niilismo, ?ela vis?do mundo que n?sabe transcender o que ?xperimentalmente constat?l e refugia-se desconsolada num sentimento de que o nada seria a meta definitiva da exist?ia humana. ?um facto que, se Cristo n?tivesse ressuscitado, o «vazio» teria levado a melhor. Se abstra?s de Cristo e da sua ressurrei?, n?h?scapat? para o homem, e toda a sua esperan?permanece uma ilus? Mas, precisamente hoje, prorrompe com vigor o an?o da ressurrei? do Senhor, que d?esposta ?ergunta frequente dos c?icos, referida nomeadamente pelo livro do Coeleth: «H?orventura qualquer coisa da qual se possa dizer: / Eis, aqui est?ma coisa nova?» (Co 1, 10). Sim – respondemos –, na manh?e P?oa, tudo se renovou. «Morte e vida defrontaram-se num prodigioso combate: O Senhor da vida estava morto; mas agora, vivo, triunfa» (Sequ?ia Pascal). Esta ? novidade! Uma novidade que muda a vida de quem a acolhe, como sucedeu com os santos. Assim aconteceu, por exemplo, com S?Paulo. No contexto do Ano Paulino, v?as vezes tivemos ocasi?de meditar sobre a experi?ia do grande Ap?lo. Saulo de Tarso, o renhido perseguidor dos crist?, a caminho de Damasco encontrou Cristo ressuscitado e foi por Ele «conquistado». O resto j?abemos. Aconteceu em Paulo aquilo que ele h?e escrever mais tarde aos crist? de Corinto: «Se algu?est?m Cristo, ?ma nova criatura. O que era antigo passou: tudo foi renovado!» (2 Cor 5, 17). Olhemos para este grande evangelizador que, com o audaz entusiasmo da sua ac? apost?a, levou o Evangelho a muitos povos do mundo de ent? A sua doutrina e o seu exemplo estimulam-nos a procurar o Senhor Jesus; encorajam-nos a confiar n’Ele, porque o sentido do nada, que tende a intoxicar a humanidade, j?oi vencido pela luz e a esperan?que dimanam da ressurrei?. J??verdadeiras e reais as palavras do Salmo: «Nem as trevas, para V?t?obscuridade / e a noite brilha como o dia» (139/138, 12). J??? nada que envolve tudo, mas a presen?amorosa de Deus. At? pr?o reino da morte foi libertado, porque tamb?aos «infernos» chegou o Verbo da vida, impelido pelo sopro do Esp?to (Sal 139/138, 8). Se ?erdade que a morte j??tem poder sobre o homem e sobre o mundo, todavia restam ainda muitos, demasiados sinais do seu antigo dom?o. Se, por meio da P?oa, Cristo j?xtirpou a raiz do mal, todavia precisa de homens e mulheres que, em todo o tempo e lugar, O ajudem a consolidar a sua vit? com as mesmas armas d’Ele: as armas da justi?e da verdade, da miseric?a, do perd?e do amor. Tal foi a mensagem que, por ocasi?da recente viagem apost?a aos Camar?e a Angola, quis levar a todo o Continente Africano, que me acolheu com grande entusiasmo e disponibilidade de escuta. De facto, a frica sofre desmedidamente com os cru? e infind?is conflitos – frequentemente esquecidos – que dilaceram e ensanguentam v?as das suas Na?s e com o n?o crescente dos seus filhos e filhas que acabam v?mas da fome, da pobreza, da doen? A mesma mensagem repetirei com vigor na Terra Santa, onde terei a alegria de me deslocar daqui a algumas semanas. A reconcilia? dif?l mas indispens?l, que ?remissa para um futuro de seguran?comum e de pac?ca conviv?ia, n?poder?ornar-se realidade sen?gra? aos esfor? incessantes, perseverantes e sinceros em prol da composi? do conflito israelita-palestiniano. Da Terra Santa, o olhar estende-se depois para os pa?s lim?ofes, o M?o Oriente, o mundo inteiro. Num tempo de global escassez de alimento, de desordem financeira, de antigas e novas pobrezas, de preocupantes altera?s clim?cas, de viol?ias e mis?a que constringem muitos a deixar a pr?a terra ?rocura duma sobreviv?ia menos incerta, de terrorismo sempre amea?or, de temores crescentes perante a incerteza do amanh??rgente descobrir perspectivas capazes de devolverem a esperan? Ningu?deserte nesta pac?ca batalha iniciada com a P?oa de Cristo, o Qual – repito-o – procura homens e mulheres que O ajudem a consolidar a sua vit? com as suas pr?as armas, ou seja, as armas da justi?e da verdade, da miseric?a, do perd?e do amor. Resurrectio Domini, spes nostra – a ressurrei? de Cristo ? nossa esperan? ?isto que a Igreja proclama hoje com alegria: anuncia a esperan? que Deus tornou inabal?l e invenc?l ao ressuscitar Jesus Cristo dos mortos; comunica a esperan? que ela traz no cora? e quer partilhar com todos, em todo o lugar, especialmente onde os crist? sofrem persegui? por causa da sua f? do seu compromisso em favor da justi?e da paz; invoca a esperan?capaz de suscitar a coragem do bem, mesmo e sobretudo quando custa. Hoje a Igreja canta «o dia que o Senhor fez» e convida ?legria. Hoje a Igreja suplica, invoca Maria, Estrela da Esperan? para que guie a humanidade para o porto seguro da salva? que ? cora? de Cristo, a V?ma pascal, o Cordeiro que «redimiu o mundo», o Inocente que «nos reconciliou a n?pecadores, com o Pai». A Ele, Rei vitorioso, a Ele crucificado e ressuscitado, gritamos com alegria o nosso Aleluia!