IMPRESS?S DE UMA VIAGEM A CUBA
18/05 - M?co salvadorenho narra as impress?de sua viagem a Cuba
Pedimos para visitar um hospital e nos levaram a um hospital tur?ico, exclusivo para estrangeiros, elegante e impecavelmente limpo, para depois nos inteirarmos de que os hospitais p?cos s?paup?imos e mais destro?os do que o nosso hospital Rosales.
Falar de Cuba ?alar de um para? onde a beleza natural se mistura com o sonho de todo um povo bom e trabalhador.
Estou sentado na varanda de um hotel em Havana, vendo um dos entardeceres mais alucinantes que jamais imaginei, com um misto de sentimentos t?fortes quanto o cheiro dos puros [1] cubanos.
Pensei que escrever umas linhas sobre Cuba ia ser a coisa mais simples do mundo depois de estar aqui h?ma semana, por??if?l ser objetivo quando as id?s se turvam e os olhos umedecem constantemente com a quantidade de sensa?s vividas nestes dias.
Fui convidado pelas autoridades de sa?deste belo pa? por motivo de um congresso m?co perfeitamente organizado pelos m?cos cubanos.
No congresso tive a oportunidade de ver o legend?o Fidel Castro, que n??ais que os restos do que deve ter sido um fornido guerrilheiro. Chegou fortemente custodiado em sua caravana de tr?Mercedes Benz negros, exatamente iguais aos que utilizaram o general Pinochet e tamb?Idi Amin Dad?ditador da frica. Casualidades da vida, pensei...
Vimos um anci?vestido de verde-oliva falar confusamente no foro por mais de uma hora sobre mil coisas, palavras soltas sem mensagem alguma, desde a guerra no Ir?t?s mosquitos que causam a dengue.
Como m?co cheguei a Cuba sabendo que, embora aqui n?houvesse liberdade, o sistema de sa?era um dos melhores do mundo, pois assim o refletiam seus indicadores de sa?e sociais, e os dirigentes do FMLN nos repetem isso constantemente [2].
N?sei que par?tros os pol?cos utilizam em Cuba, por?ontem um menino que parecia ter sete anos de idade me contou que acabara de completar 15, e sua pele transluzia uma desnutri? severa e cr?a.
Pedimos para visitar um hospital e nos levaram a um hospital tur?ico, exclusivo para estrangeiros, elegante e impecavelmente limpo, para depois nos inteirarmos de que os hospitais p?cos s?paup?imos e mais destro?os do que o nosso hospital Rosales. S?velhos, com filas eternas de gente esperando para ser atendidas, escassos de medicamentos e com um pessoal de sa?exigindo, por baixo da mesa, alguns d?es extras aos usu?os se se quer que o paciente seja atendido oportunamente e com os melhores rem?os. E minha maior surpresa foi saber que um m?co especialista ganha mensalmente a enorme soma de $ 20,00! ?assim... Vinte d?es por m? quando uma garrafa de ?a na rua custa $ 1,00, ?a que por certo n?se pode tomar da torneira, pois est?ontaminada, segundo nos advertiram os colegas de Cuba. Se tudo isto acontece em Havana, imagino como n?ser?as cidades rurais?!
?verdade que em Cuba n?h?endigos esfarrapados, nem crian? descal? perambulando pelas ruas. Por? abundam os velhos, jovens e crian? que se aproximam dos turistas nos restaurantes rogando por um peda?de p?
Os turistas t?acesso aos lugares criados exclusivamente para eles: hot? gigantescos, restaurantes de luxo, tudo em d?es, ?laro. Os cubanos s?dem ser testemunhas passivas da boa vida que ?ferecida ao estrangeiro. Como me comentou um amigo taxista, com os olhos marejados pela raiva e pela tristeza: aqui os turistas s?os humanos e n?omos os extraterrestres...
Descobrir Cuba e sua gente ?escobrir o hero?o e a valentia de um povo que vive, ou melhor, sobrevive em regime de opress? medo e mis?a. Gra? ao auge do turismo que h?este pa?os cubanos podem ver agora as diferen? entre eles e o mundo livre.
Ao descer do avi?aproximou-se de mim silenciosamente um senhor e depois de me perguntar de onde eu era, me pediu um jornal de El Salvador; est?famintos por not?as reais do mundo real, n?deste fantasma criado por suas autoridades que aqui ningu?mais acredita. Muitos me perguntaram por nosso ex-presidente Flores [3], querem saber como ?ua personalidade, est?impressionados com ele, uma vez que foi o ?o que p?idel em seu lugar. Se inteiraram de tudo isto porque algu?lhes contou, j?ue esta not?a, como muitas outras, nunca foi transmitida em Cuba.
Na semana passada foram fuzilados em Havana tr?jovens [4] por haver sonhado com sua liberdade e por haver tentado fugir de Cuba em uma lancha roubada. Por este grave delito, foram julgados em um dia e 24 horas depois, fuzilados selvagemente, como exemplo para o povo do que pode acontecer a quem esteja contra o regime. Quando uma formosa cubana com um olhar conformista me contava este fato injusto, s? ocorreu dizer-lhe que h?ue ter f?m que as coisas v?mudar logo. Que est?o me senti quando me respondeu que isso os cubanos esperam h?ais de 40 anos e aqui continuam morrendo muitos. Uns a tiros, como estes tr?jovens e centenas que vivem, por?que lhes fuzilaram a esperan?de ser livres, de trabalhar, de se superar, de exigir seus direitos sem ser reprimidos.
Por?seria injusto falar de Cuba e s?ncionar as mis?as de um regime obsoleto e tirano e que agora seguem Venezuela, Equador, Bol?a, Nicar?a. Falar de Cuba ?alar de suas mulheres, das mais lindas do mundo, do ritmo e do calor de sua gente, do olhar bondoso de seu povo, das belezas de suas ruas com cheiro de sal, tabaco e rum.
Falar de Cuba ?alar de um para? onde a beleza natural se mistura com o sonho de todo um povo bom e trabalhador que continua esperando sua verdadeira revolu?.
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Dr. Rodrigo Siman Siri ??co pediatra, Diretor Nacional do Programa Nacional de Infec?s de Transmiss?Sexual – ITS/VIH/SIDA
Minist?o da Sa? El Salvador
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Notas da Tradutora:
[1] “Puro” ?omo se chama em Cuba um charuto de excelente qualidade, como o Cohiba, por exemplo, e que custa uma fortuna.
[2] Ao que tudo indica, por ter sido convidado pelas autoridades cubanas e pela cita? do FMLN (Frente Farabundo Mart?e Liberta? Nacional, bando terrorista que ap? fim da guerra civil em El Salvador tornou-se partido pol?co legal, inclusive ganhou as ?mas elei?s presidenciais), este m?co deve ser no m?mo simpatizante do comunismo ou ter rela?s com o partido. Da? import?ia do texto, pois ?a lavra de algu?que acreditava na revolu? castrista.
[3] Francisco Guillermo Flores P?z, foi presidente de El Salvador entre 1999 e 2004.
[4] Este fato ocorreu pouco tempo depois da onda de repress?que ficou conhecida como “A Primavera Negra de Cuba”, onde 75 opositores ao regime ditatorial foram condenados a at?8 anos de pris? em mar?de 2003. Em 11 de abril deste mesmo ano houve o fuzilamento dos tr?rapazes, que ficou conhecido como “o caso dos tr?negrinhos”.
Tradu?: Gra?Salgueiro