• Percival Puggina
  • 23/01/2017
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EUROPA OCIDENTAL, NATALIDADE, IMIGRAÇÃO

 

 Praticamente todos os países europeus, se deduzida a natalidade dos imigrantes, vêm apresentando taxas que não repõem, na próxima geração, os atuais níveis populacionais. Quando a taxa de fecundidade média cai abaixo de 2,1 filhos por mulher, a população começa a envelhecer e a diminuir. É o "suicídio demográfico da Europa", sobre o qual demógrafos vêm apontando e alertando há bom tempo.

 Os motivos são vários. Os jovens estão despendendo mais tempo em sua formação, estudando mais e evitando relações estáveis. O nível de renda subiu e as pessoas estão mais preocupadas consigo mesmas (a elevação de renda é positiva, mas a ascensão do egocentrismo não). As relações conjugais não proporcionam às mulheres segurança suficiente para engravidarem com a certeza de que a família não se irá desfazer. A integração feminina no mercado de trabalho ganhou tal abrangência e significado econômico que a gravidez passou a ser vista como um embaraço ao sucesso profissional. À medida em que avançam nas respectivas carreiras, muitas mulheres percebem que, simultaneamente, por falta de tempo, regridem na estabilidade conjugal. Muitos homens europeus, mesmo comprometidos com sua relação, percebem a gravidez da companheira como uma restrição adicional à sua "liberdade" e como severa redução da própria autonomia. A tudo isso, somam-se as periódicas crises econômicas, a redução do número de matrimônios formais, a facilidade que muitos países concedem ao aborto, a expansão da homossexualidade, a profusão de métodos contraceptivos e por aí vai.

 Com tantas "razões" para e modos de não ter prole, às razões do amor e sua generosa partilha na geração de outros seres, as emoções da gravidez, do parto, do desenvolvimento dos filhos, a maternidade e a paternidade, enfim, vividas em sua riqueza psicológica, emocional, espiritual e social perde impulso. Fica para depois. Fica para o futuro. Até que o futuro vira passado, e já era.

Várias fontes consultadas relatam que França, Reino Unido, Irlanda e países escandinavos têm taxas de fecundidade menos assustadoras, entre 1,8 e 2,0, mas esses números certamente computam os nascimentos de europeus em comunidades de imigrantes, notadamente muçulmanos. Noutros países, como na Alemanha, Áustria e Suíça, os números, mesmo assim, são assustadores (1,3 filhos por mulher). Em contrapartida, as famílias muçulmanas, que lideram com folga os atuais fluxos populacionais para a Europa, têm taxas de natalidade de 3,1 filhos por mulher. Assim, com dados do Pew Resarch Center, a população muçulmana cresce duas vezes mais rapidamente do que a população nativa europeia e já atinge 7,5% da população da França, 6,0% da Holanda, 5,9% da Bélgica, 5,8% da Alemanha e 4,8% do Reino Unido.

Se os europeus pretendem, hoje, utilizar recursos humanos oriundos do mundo islâmico para realizar trabalhos que não estão mais dispostos a executar, se o egoísmo, a frouxidão dos laços familiares e as atitudes antinatalistas continuarem no rumo em que estão, logo verão quem estará trabalhando para quem.

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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Felipe -   26/01/2017 01:48:15

A única solução para a Europa será lançar mão do método adotado pelo ditador comunista Nicolae Ceausescu, que enfrentou problema semelhante na Romênia de uma forma para lá de criativa. http://www.mdig.com.br/?itemid=12971

juan rodolfo metzler -   25/01/2017 18:36:27

Excelente o comentário do Marco, com o qual concordo em gênero número e grau. Se você, descendente de europeu quiser retornar as suas origens, vai ter que gastar muito dinheiro e muitíssimo tempo.

Afonso Pires Faria -   24/01/2017 14:55:32

Com este parágrafo final, acho que não vai nem precisar desenhar para que os humanistas de araque entendam o recado. Parabéns professor.

Marco -   24/01/2017 13:24:39

Se a Europa não consegue repor sua população, porque não facilitar o retorno de descendentes dos emigrantes que povoaram as Américas e outras partes do mundo? Se Alemanha, Itália, Espanha ... quisesse m, não faltariam 500 mil descendentes de imigrantes de Brasil, Argentina , Uruguai... dispostos a retornar às origens... Por certo haveria algum impacto cultural mas não seria capaz de promover uma ruptura como a que observamos no caso da invasão islâmica . O Japão faz isso a algumas décadas ...

Verdade Seja Dita -   23/01/2017 19:22:26

Por isso muitos historiadores dizem que a Europa atual está no fim e pronta para virar islâmica. Se observamos a história toda a evolução do mundo parte da Europa assim como toda a bagunça.

Dalton Catunda Rocha -   23/01/2017 14:18:16

Em resumo. Se Alá existe, tudo é permitido...

B. Dutra -   23/01/2017 14:14:14

A vida moderna trouxe um completo desvirtuamento do significado da vida. A principal missão da mulher não é a maternidade, no entanto, a responsabilidade de gerar filhos é de suma importância para o aprimoramento da humanidade.