• Percival Puggina
  • 26/08/2021
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ENCOMENDOU, PAGOU E NÃO RECEBEU.

 

Percival Puggina

 

         Nos primeiros dois anos de governo, o presidente da República compôs um ministério técnico. Alimentou a ilusão de que sua impactante vitória eleitoral acabaria reconhecida como fato político suficiente para certificar ante os demais poderes da República as legítimas expectativas da sociedade.

A opinião expressa nas urnas costuma ser levada a sério nas democracias.

Mas na prática, a teoria é outra. Combatidos pela mídia militante, os projetos do governo batiam nas traves do Congresso, ou eram obstados pela ampla bancada oposicionista no STF, onde o governo não tinha e não tem a menor chance. As realizações do governo só eram informadas nas redes sociais.

A pandemia entrou na cena sanitária e política nacional no início de 2020 e as posições do governante (tido por autoritário, mas sempre em favor da liberdade), lhe complicaram ainda mais a vida. O Brasil tornou-se o único país do mundo onde as pessoas não eram vitimadas pela Covid-19, mas pelo presidente. As manifestações populares minguaram pelo receio da contaminação.

Quando interpelado sobre suas sucessivas derrotas no Congresso, atribuídas à “falta de capacidade de negociação”, o presidente respondia que seu papel era o de propor, cabendo ao Legislativo decidir. No Congresso havia três grupos – a oposição, o centrão e a minguada base de apoio ao governo. O centrão sabia que, cedo ou tarde, o poder cairia nas suas malhas e a vida voltaria à normalidade. O dinheiro público voltaria a circular e, com ele, a "prosperidade econômica" da política.

Bolsonaro, então, tratou de se entender com o centrão. Foi o sinal para que os críticos da “incapacidade de negociação” passassem a atacar o governo por... negociar com quem estava disponível, ou seja, com o centrão.

Estabelecido o entendimento, o governo, como é normal nas democracias, apoiou a eleição de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, redistribuiu cargos e mexeu no ministério para nomear ministros do bloco. Porém (ah, porém!) como cantaria Paulinho da Viola, estavam canceladas as práticas irregulares de que se abastecia a corrupção imprescindível ao funcionamento dos acordos políticos.

Cargos, sem grana, são apenas trabalho e responsabilidade! E quem quer apenas trabalho e responsabilidade?

Cargo sem grana não é o objetivo sonhado pelos acordos que organizam maiorias parlamentares em nosso presidencialismo de cooptação rentista.

Assim, o presidente encomendou, cumpriu sua parte, e não recebeu o que encomendou. Na vida real, ele só tem, por si, a parcela do povo que quer preservar sua liberdade, seus princípios e seus valores num país próspero. Tais anseios serão expressos nas gigantescas manifestações democráticas do dia 7 de setembro, contra as ações – estas sim, antidemocráticas – do Congresso Nacional e do STF.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


Jorge Fenerich -   30/08/2021 12:45:25

De fato é muito difícil mudar um sistema que funciona desde 1988 tendo como base a corrupção pura e simples, não vejo outra forma de conseguir uma mudança que não seja pela via dolorosa. Que assim seja.

Ajacio Brandão -   30/08/2021 12:43:51

Obrigado pelo oportuno artigo, excelente como habitualmente. Tristes trópicos.

Edna -   30/08/2021 11:17:00

Como é fácil governar com a chave do cofre na mão. Só assim se consegue maioria nas respectivas casas, apoio da velha e podre midia e dos alienados. A tarefa de moralizar as relações governamentais é árida. TMJ nessa briga.

Simone ochoa -   30/08/2021 10:11:58

Um homem de coragem, nosso Presidente. Espero que termine o mandato e que seja reeleito em 2022

Menelau Santos -   27/08/2021 08:42:50

Timeline perfeita do professor. Parece que só temos dois interessados no progresso do Brasil: Bolsonaro e o povo

João Jesuino Demilio -   26/08/2021 18:01:59

Como sempre concordando com suas sábias palavras! E acrescentando: A velha política brasileira não vai abrir mão de seus seculares interesses econômicos nada republicanos. Nem que para isso jogue o Brasil numa guerra civil. Que se dane o Brasil e seu povo. A piada é disser que as "instituições funcionam normalmente" As "instituições" estão apodrecidas por décadas de aparelhamento esquerdista. E nossa constituição( que não é nenhuma maravilha) virou papel higiênico do STF.

Wilson Colocero -   26/08/2021 17:01:36

Como é difícil cortar "vantagens" e tirar privilégios dos que fazem da política apenas um trampolim para o enriquecimento (na maioria das vezes ilícitos)! O povo de bem, enxerga isso, por isso apoia o nosso Presidente, que luta contra essa "saúva" que só prejudica o Brasil!

Noé Pereira de Campos -   26/08/2021 16:57:21

Estou de acordo, sr. Puggina. Estamos cansados da política porca, suja e desonesta que testemunhamos desde 1986.

Vera oliveira -   26/08/2021 16:22:18

Penso exatamente igual ao sr e, por isso, apoio o Presidente. É um homem de coragem, lutando contra um sistema corrupto, cuidadosamente gestado nos sonhos de poder de uma esquerda apodrecida. Que Deus olhe pelo nosso país! Abraço