• Percival Puggina
  • 27/10/2017
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CUIDADO COM OS NOVOS "CUIDADORES"!

 


 Entre as muitas mudanças de conduta individual e social ocorridas nas últimas décadas, certamente as que afetaram a dinâmica da vida familiar foram as mais importantes. Elas produziram imenso impacto no comportamento de crianças, adolescentes e, já agora, numa inteira geração de indivíduos adultos e nas famílias que constituem.

 Ao saírem as mães de casa para trabalhar, houve uma primeira tentativa de compensar o menor tempo dedicado aos filhos com recompensas possibilitadas pelo aumento da renda familiar. Foi o tempo dos presentes melhores e concessões maiores. Num segundo momento, pais conscientes trataram de qualificar os reduzidos tempos de convivência com redobrada atenção, enquanto novos "cuidadores" ingressavam no território negligenciado pela educação familiar.

 Entre as muitas consequências da ação desses novos personagens, inclui-se a prevalência de impulsos primários em prejuízo do bem e dos valores que a ele conduzem. Contratados pelos pais ou disponibilizados pelo Estado, ou ainda viabilizados pelas modernas tecnologias eletrônicas, estão, em grande parte, a serviço de suas próprias pautas e visões de mundo. E estas, comumente, se relacionam com a construção de uma "nova sociedade" que nada guardará da mais alta civilização que a humanidade conheceu.

 Terrível desdobramento da persistência e da determinação com que se atacam valores essenciais ao desenvolvimento integral da pessoa humana e à harmonia da sociedade! A chamada guerra cultural escolheu seu público preferencial entre os vulneráveis pela imaturidade e promove, ali, um massacre impiedoso da verdade, do bem, do belo e do justo.

 Pediram-me, outro dia, que discorresse sobre o tema “Como podem os pais influenciar positivamente seus filhos?”. Embora a receita seja a mesma de sempre - amor, diálogo, atenção, zelo e exemplo - há que reconhecer que os resultados podem ser insuficientes, pois o conjunto das influências nocivas a que a juventude está sujeita envolve, supera e muitas vezes destrói os melhores influxos que possa receber. Só uma ação conjunta de pais, escolas, autoridades, Igrejas e meios de comunicação social, conscientes, todos, de suas responsabilidades, pode minimizar o estrago.

 A que influências nocivas me refiro? Refiro-me à escola com partido e com ideologia de gênero, tão na moda. Refiro-me às novelas de TV (que jamais valorizam qualquer coisa que tenha valor) e às franquias da internet impropriamente utilizada. Refiro-me à desarmonia musical das bandas, ao mau conteúdo das letras que cantam e aos maus exemplos que proporcionam. Refiro-me ao fio condutor permissivo de quase toda a publicidade e das mensagens voltadas aos jovens. Refiro-me à cultura do corpo (e sua animalidade) e à indigência a que é relegada a humanidade do espírito e da mente. Refiro-me à impotência das autoridades ante o tráfico de drogas. Refiro-me às noites e suas festas, que absurdamente começam na hora em que deveriam terminar e ao crescente consumo de bebidas alcoólicas e drogas por menores.

São adultos os que promovem e se beneficiam dessa ausência de limites e os que perante ela se omitem. Há no inferno lugar para todos.

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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


ANTONIO CARLOS DA FONSECA FALLAVENA -   05/11/2017 00:13:58

Prezado Puggina Irretocável seu texto. Já fiz parte de vários debates sobre o tema. O problema é que as pessoas não querem/conseguem enxergar/entender o que fizeram com elas e o que fazem agora com seus filhos. infelizmente, embora digam o contrário, a verdade é que filhos já não são mais prioridades. Para muitos casais(???), conhecendo i que tem na cabeça, enho sugerido que troquem a ideia de filhos por um cachorro. Se assustam, mas digo-lhes que assustado estou eu com a ideia deles! A verdade é triste, mas é a verdade. Abraço e saúde. Fallavena

Paulo Prado Coimbra -   30/10/2017 21:47:26

Colocações especiais. Parabéns,

Wesdley Cruz Oliveira -   30/10/2017 16:47:30

Parabéns belo belíssimo texto. Uma breve análise do cenário brasileiro. Admiro muitíssimo seu trabalho. Um exemplo para mim que sou estudante. Estou aprendendo contigo viu?

ismar imhof -   29/10/2017 12:26:54

O senhor, como sempre, uma das poucos luzes que brilham na imensa escuridão. Parabéns pensador Puggina.

Lurdes -   28/10/2017 21:43:33

Muito oportuno, embora não tenha filhos, gostaria de poder dizer aos casais que se programam ter filhos e já fazem inscrição de vaga na creche. Que o bom Deus nos ilumine.

José Nei de Lima -   28/10/2017 19:12:58

Verdade absoluta professor e amigo muito cuidado neste momento que o país passa por transformações, um grande abraço amigo que Deus abençoe e ilumine o Brasil.

Odilon Rocha -   28/10/2017 17:26:55

Texto brilhante e lúcido , caro Professor. O senhor foi fundo na causa. Parabéns!

Douglas Kerber -   28/10/2017 14:09:18

Com clareza na avaliação das causas e serenidade na indicação das soluções, estes comentários do Sr Puggina tem enriquecido nossos dias turbulentos. Que a Providência Divina lhe dê contínua inspiração e coragem. Estamos contigo Professor.

susana -   28/10/2017 03:31:41

Ótimo texto, professor. Os pais precisam ser alertados.

Celia Campos -   27/10/2017 20:13:37

Gosto muito de acompanhar seu raciocínio lúcido .