• Percival Puggina
  • 19/04/2018
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CONTRA OS FATOS, OS CHAVÕES

 


Não era incomum, nos meus tempos de escola primária, que algum colega mais irrequieto fosse obrigado a perder o recreio escrevendo no quadro negro uma centena de vezes: “Não devo conversar durante as aulas”. Quando retornávamos, o coitado ali estava, solitário, infeliz e sujo de giz, contemplando o produto de sua desgraça, convencido de que em boca fechada não entra mosca.

Os que nos querem convencer de que as idéias marxistas funcionam fazem bom uso da insistente repetição dos seus chavões. Um deles afirma que “as desigualdades sociais são fruto desse modelo concentrador que aí está”. Ou seja, elas decorreriam da economia de mercado, do direito à propriedade privada, da liberdade de empreender, do tal capitalismo. Apontam a miséria da África e da Ibero-América como resultado desse “modelo” explorador e desumano. Repita-se isso até a exaustão e você não duvidará de que os africanos eram ricos, prósperos, poderosos e bem nutridos até a chegada das desgraças ocidentais e que norte-americanos, europeus, japoneses, canadenses e australianos vivem à custa das esplêndidas riquezas sul-americanas.

Acreditaremos, também, que nossos projetos com vistas à prosperidade nacional, conduzidos por longa e estável série de governantes sábios, prudentes e dedicados ao uso lúcido e honrado dos recursos públicos, sob um sistema de governo e uma ordem constitucional moderna e eficiente, só fracassam por causa da ganância externa. Pela insistente repetição, assumiremos como verdadeiro que todo o bem que afanosamente fazemos por nós mesmos tropeça em coisas satânicas como Consenso de Washington, Clube de Paris, FMI, G7, G8, Escola de Chicago, Fórum de Davos e outras sinistras conjunções empresariais ou zodiacais.

Para que a culpa possa ser atribuída “a esse modelo que aí está”, é preciso jamais mencionar a concentração de riqueza do antigo Egito, de certas dinastias chinesas, do Indostão, do Império Romano, dos barões medievais, dos comerciantes venezianos e genoveses, dos banqueiros surgidos no Renascimento. É preciso esquecer que a fome era endêmica na Europa em pleno período colonial e assim permaneceu até meados do século passado. E é preciso, principalmente, jogar nas sombras da ignorância dois fatos essenciais: 1º) que foi precisamente sob o regime das economias de mercado e com o surgimento das democracias constitucionais que a renda passou a ser mais bem distribuída entre os cidadãos; e 2º) que o modelo mais radicalmente oposto a “esse que aí está” somente gerou opressão, corrupção, genocídio e miséria. Mas essas são coisas que ninguém diz e ninguém repete.


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* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

      


Livingstone -   22/04/2018 22:54:09

Repita uma mentira mil vezes e ela se tornará realidade. Eis a chave do sucesso do comunismo/socialismo. Felizmente o número de pessoas suscetíveis à esta "verdade" diminuiu muito após vermos os "gloriosos" resultados da era petista.

José Nei de Lima -   22/04/2018 21:06:04

Quem tiver dúvida da administração dos governos petistas é só ver filme Mecanismo, uma verdadeira máfia no Brasil, é uma verdadeira vergonha para aqueles que acreditam no Lula, vamos acordar alienados, chega de tapar o sol com peneira, um grande abraço amigo que Deus vos abençoe e ilumine sempre amém.

Farhad -   22/04/2018 14:33:46

Acho que temos um caso de desonestidade intelectual aqui: Socialistas, marxistas ou não, fazem análise histórica de relações de produção e distribuição de riquezas e não são levianos de culpar o modelo capitalista para todas as mazelas do mundo!

Fernando A. O. Prieto -   22/04/2018 13:49:19

Este esquema de "repetir chavões até convencer" parece ser mais eficiente ainda do que já foi antes em nosso tempo de pouco raciocínio lógico, pouca leitura e interpretação. A imensa maioria dos meios de comunicação despeja mensagens , particularmente as áudio-visuais (que são as que as gerações modernas, com alta porcentagem de analfabetos funcionais "consomem") sem qualquer conteúdo mais profundo, ou com conteúdos claramente direcionados à difamação dos valores civilizados e à aceitação e propagação do mal... E estes "analfabetos funcionais" nem sequer têm consciência de sua própria ignorância e humildade de procurar orientação (o que as gerações anteriores, em parte, tinham...). Que esperar disso tudo? Nada de bom...

Gilmar -   21/04/2018 22:19:32

A mentira é a essência do comunismo/socialismo.