• Percival Puggina
  • 17/05/2022
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Companhias aéreas maltratam clientes

 

Percival Puggina

 

         Gradualmente, viagens aéreas deixaram de ser bons momentos para se converter em tormentos. Com as bênçãos da ANAC, os abusos são praticados aos milhares, cotidianamente, e começam na total impossibilidade de contato entre o viajante e essa coisa rara nas “aéreas” que é um ser humano. Lida-se apenas com insensíveis plataformas e questões catalogadas, fora das quais não há salvação para o cliente.

Telefonar? Esqueça. Um dia, dois dias de tentativas infrutíferas e, por fim, o telefone atende para que um robô, um miserável robô, jogue você de volta à plataforma e suas xaradas. Os preços? Como assim, “preços”? Voos são mercadoria de preços flutuantes entre o caríssimo e o disparate! Dependem do dia, da hora, das angulações entre Júpiter e Saturno. Se você não se importa em sair de madrugada e chegar a seu destino nacional no dia seguinte, depois de atravessar de ponta a ponta, com mala e mochila, terminais de diferentes cidades, talvez a sorte lhe sorria com uma tarifa um pouco mais simpática.

Estou exagerando na ironia? Não mais do que as companhias aéreas em sua perversidade. Elas esperam que você não meça mais de 1,60m, viaje com as mãos no bolso e escova de dentes acomodada ao lado da caneta. Sua mala é requinte pelo qual há que pagar caro. Você já tentou por necessidade de serviço, alterar o dia de uma viagem? Reze para que isso nunca lhe aconteça! O telefone, lembre-se, será inútil. Procure uma loja da empresa. Hein? Empresas aéreas não têm lojas? Só no aeroporto? Pois é. Lá se inteirará de outras maldades. Empresas comerciais que transportam passageiros pelos ares são as únicas no mundo que se sentem autorizadas a cobrar multa de seus clientes!

Crie um negócio e estabeleça multa aos clientes que precisarem reagendar algum contato (não, não estou falando de atraso de pagamento, estou falando de reagendar) e verá sua agenda esvaziar-se. Não bastante esse insulto, ainda lhe aplicam uma tal “nova tarifa” muito superior ao valor que você já pagou para a mesma viagem, no mesmo horário há poucos dias. Isso significa que sai mais barato jogar fora seu bilhete e comprar outro. Perguntei à pessoa que me passou tal informação se aquele montante não a constrangia e ela disse que sim. Quer mais? Tente pedir à companhia para não voar o trecho final da passagem que comprou e pelo qual pagou. A remissão implica multa e “nova tarifa” para todo o bilhete.

Aí você começa a sentir aquela nostalgia que lhe vem da simples menção à palavra Varig. Aí você começa a entender por que as “aéreas” não fazem mais publicidade. Não têm o que dizer de bom sobre si mesmas. Com as bênçãos da ANAC.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

 

           

           

           


ALCIDES POLIDORO PÉRSIGO -   23/05/2022 13:14:20

Lamentável, lamentável, lamentável. Obrigado Percival.

Modesto de Borba Dias -   18/05/2022 12:02:28

Parabéns Puggina! Trabalhei 29 anos na empresa aérea que sitaste em tua belíssima crônica e sei que é muito verdade tudo isso. Hoje em dia, quando viajo, sinto-me impotente para fazer qualquer reclamação às atuais empresas que operam em nosso país e mesmo no exterior. O passageiro é mera mercadoria e como tal é tratado. Em meu último vôo para a Europa, ainda com a VARIG, mesmo sendo um ex-funcionário, já aposentado, ainda era acomodado na sala vip dos aeroportos e viajava em classe executiva! A VARIG tinha um alto padrão de qualidade!

Gilson Galera -   18/05/2022 02:53:40

É uma soma de maldades que as Cias aéreas montaram ao longo do tempo. No final como sapo fervido ou um norte-coreano, nos submetemos e adotamos como normal. É hora de aparecer uma nova Aérea (startup?) que passe a praticar as regras e procedimentos diferenciados.

Roberto Pizarro -   17/05/2022 15:23:28

Existe também a maldade surpresa de Aeroportos!! Pois é !! Fui a Montevidéu e ao retornar, apresentei o bilhete no Aeroporto Carrasco, nome sugestões para o ocorrido; onde fui informado que teria de pagar uma certa “taxa de embarque” no módico valor de U$- 50,00 para poder me dirigir à sala de espera, caso contrário não embarcaria, pode ???

Stela Michielin -   17/05/2022 15:01:01

Sem contar com as rotas feitas por aquele petista depois do acidente da TAM. Você não viaja mais direto ao seu destino interno você tem que fazer pouso em São Paulo e trocar de avião