• Percival Puggina
  • 16/03/2009
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ASSIM NÏ SE ASSUSTA BANDIDO

Noticiou-se, recentemente, que existem 50 mil usu?os de crack no Rio Grande do Sul. A escassez de leitos e as restri?s nas AIHs (Autoriza?s para Interna? Hospitalar liberadas pelo SUS) j?eriam um problema sem essa avalanche que come?a bater ?portas do sistema. O Poder Judici?o vem expedindo ordens de interna? que trombam contra o fato de que n?fica bonito colocar dois pacientes na mesma cama. Os recursos p?cos s?limitados e a capacidade contributiva do povo brasileiro est?sgotada. ?razo?l que se imponha ?ociedade, sem limites ou em preju? de outras demandas, o custeio dos ? gerados por aqueles que se atiram nos bra? do v?o? ?justo que o sistema deixe de atender outros pacientes para acolher os viciados? ?justo abandon?os? Como enfrentar, no tempo, essa inequa?? “Existe o tr?co porque existe o consumidor!”, afirma-se, como se estiv?emos tratando de papel higi?co, e desatentos ao fato de que a droga cria seu mercado. Ningu?sai um dia de casa e, em vez de ir trabalhar, sobe o morro atr?de um ponto de venda porque acordou querendo tornar-se usu?o. N??ssim que funciona. O mercado precisa da oferta sedutora para a captura de suas v?mas. Se aceitamos a invers?da preced?ia, ca?s na esparrela que melhor conv?ao traficante: gastamos recursos e energias na ponta da demanda. A aceita? desse racioc?o, que congela nossa rea?, responde, em parte, pelo fato de termos chegado a cerca de um milh?de viciados no pa? Se o mercado da droga tem duas pontas, a mais vis?l, menos numerosa e mais suscept?l ?? do Estado ? ponta do tr?co. Existe muito menos traficante do que consumidor e o contingente dos bar?da droga ?imitado. Quem tiver curiosidade, visite o site da UNODC (United Nations Office on Drugs and Crime). H?li relat?s extens?imos, que incluem tabelas com pre? de diversas drogas nos street markets de praticamente todos os pa?s. O leitor constatar?na leitura do relat? de 2007, que os pa?s da Am?ca Latina, Brasil inclu?, est?entre aqueles onde as drogas s?vendidas pelos pre? mais baixos, tornando-se acess?is a um contingente muito maior de usu?os. Por qu?Porque o combate ao tr?co est?uito aqu?do que seria necess?o, tanto em intensidade quanto em rigor. O prende e solta do nosso sistema penal n?assusta bandido. Os primeiros sinais da guerra surgiram quando os traficantes come?am a impor eventuais fechamentos do com?io nas favelas onde se instalaram. Era um recado informando quem mandava no peda? Mais tarde, os bandidos passaram a responder ?ala as investidas policiais. Depois, tiveram in?o as tr?as negociadas, assim como se faz no Oriente M?o. Agora, fecham-se avenidas e se metralham ve?los de transporte coletivo, como express?de desagrado perante qualquer intromiss?nos seus neg?s. A pergunta que me fa?ante o exposto at?qui, e que proponho ?eflex?dos leitores, ?sta: ser?i?l enfrentar esse tipo de guerra com instrumentos jur?cos que funcionam muito bem, por exemplo, na Su?a? Se estamos em guerra? Se os traficantes est?matando nossos jovens? Se o crime organizado da droga joga na criminalidade desorganizada centenas de milhares de dependentes que andam por a?uscando tost?para seu barato de cada dia? Os bandidos declararam guerra ?ociedade. Escarnecem do Estado. Riem de nossas leis. E n?ontinuamos a trat?os com o p?de-l? toler?ia infinita. Nos pa?s que adotam pena de morte para traficante gra? por exemplo, o pre?da droga ?t?ez vezes superior ao daqui e o mercado muito mais restrito. Enfim, creio que ?reciso mudar a estrat?a. N?me parece vi?l enfrentar uma guerra desse tipo com o fusca da pol?a e com os bodoques do C?o de Processo Penal.