• Percival Puggina
  • 14/01/2017
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ALÔ BRASILIA, QUE VERGONHA!

 

 Em artigo anterior, com o título Cria Cuervos, mostrei como o Brasil foi se tornando um criatório de maus cidadãos, de patifes, mentirosos, velhacos, corruptos, traiçoeiros e dirigentes de igual perfil. Os cuervos, afirmei, são criados por quantos chamam bandido de herói e herói de bandido, combatem a polícia, riem da lei, proclamam a morte da instituição familiar, ridicularizam a virtude, aplaudem o vício, enxotam a religião, desautorizam quem educa ou usam a Educação para fazer política, e relativizam o bem e a verdade.

 Observe as movimentações para eleição da presidência da Câmara dos Deputados. Quem for escolhido pela maioria de seus pares, além de comandar a Casa e exercer várias outras atribuições importantes, será o substituto eventual do presidente da República. A disputa se trava entre Rodrigo Maia e Jovair Arantes. O primeiro dirigiu aquela sinistra sessão em que - forçando um poquito pero no mucho a expressão - as dez medidas contra a corrupção se transformaram em regras desmedidas a favor dos corruptos. E fez o possível, Rodrigo Maia, para que tudo acontecesse conforme articulado nos bastidores, inclusive o tardio horário em que se desenrolou a escabrosa parte deliberativa da sessão. Do segundo, é dito que representa o centrão, grupo de deputados do baixo clero, cuja principal atividade parlamentar seria usar os votos e o poder do bloco para intercambiar favores que, na maior parte dos casos, não se distinguem de meros negócios. Tudo indica que estamos lidando com títulos de estampado valor de face.

 A essas alturas, impõe-se perguntar se não há naquele plenário alguém com estatura para o cargo. É claro que há. E não são poucos, embora não sejam muitos nem em número suficiente, os homens e mulheres que honram seus mandatos e os exercem com integridade, voltados ao bem do país. No entanto, eventuais disposições para concorrer à liderança maior da casa, que entre eles surjam, tropeçam num grande obstáculo. Nesse parlamento dominado por indivíduos de péssimo caráter é muito difícil a uma pessoa de bem articular, ao seu redor, um grupo que viabilize suplantar, em votos, os atuais disputantes. Sei que há iniciativas. Tomara que funcionem. Mas o cenário que desenho é real.

 A sociedade que cria corvos é a mesma que os elege. E a experiência já mostrou que, no atual quadro institucional e moral do país, se o Poder Judiciário não afastar do poder os criminosos, não há lei de "fidelidade partidária", nem da "ficha limpa", nem projeto das "dez medidas", nem o que mais ocorra à criatividade nacional, que consiga aprimorar o tipo de representação política da nossa sociedade. Chega a ser ridículo. O Brasil foi levado para essa perdição como um adolescente conduzido por más companhias.

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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Reginaldo -   16/01/2017 00:34:44

Os políticos são sim corruptos, mas, o povo brasileiro na sua imensa maioria também o são. São desonestos nas pequenas coisas.

Carlos Edison Fernandes Domingues -   15/01/2017 20:31:13

PUGGINA As pessoas sérias, honestas, coerentes e patriotas se afastam da atividade partidária. Por outro lado cabos eleitorais mercenários elegem a representação política. Esta representação gelatinosa serve para todos os Poderes da República. Carlos Edison Domingues

Nalva -   15/01/2017 20:09:57

CRIA CORVOS E TE SACARÃO OS OLHOS,

Brenda Fernandes Aprigliano -   15/01/2017 09:01:05

Temos um problema moral de grande monta. A enorme quantidade de criminosos aparelhados nas Instituições estatais, também nas privadas e no meio da população em geral tornou a tarefa do judiciário quase uma missão de enxugar gelo. Acresce-se a isso a falta de credibilidade do atual STF, que trabalha na contramão das outras instâncias, colocando às vezes a perder trabalhos hercúleos de investigação. Urge que as pessoas de bem não esmoreçam, mas é estafante viver esse momento da história do Brasil e na realidade porque não dizer do mundo!

Odilon Rocha -   14/01/2017 19:47:03

Prezado Professor O Brasil cansa e desanima. Lá se vão quatorze anos, após a deletéria assunção do maior vigarista - e sua trupe - da nossa História, sobre os quais quilômetros e mais quilômetros de linhas e escritos nos ajudaram a vislumbrar melhor o nosso triste quadro. Tivemos até repetidas ruas para protestar. Coisa rara! Evidente que mesmo diante desse quadro precisamos (e temos o dever de) respirar fundo para prosseguirmos em nossa luta contra o mal. Mas que é danado, é. Haja fôlego!