• Percival Puggina
  • 29/04/2023
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Abril vermelho dá o tom do ano

 

Percival Puggina      

         Neste mês de abril, até o dia 23, haviam ocorrido 33 invasões de propriedades pelo MST (a Globo, que fez o L e gostou, chama de “ocupações”). Não obstante, João Pedro Stédile, comandante do “exército do MST” – assim nominado por Lula num ato público em defesa do governo Dilma (24/02/2015) – integrou a recente comitiva presidencial na visita à China.       

Imagine, leitor, se os traficantes de droga, como forma de ampliar o número de usuários, criassem um mês de promoções, tipo “Seu pó a preço de farinha!”, ou “Compre uma pedra e leve duas!”. E suponha que esses fatos fossem abordados com naturalidade pela mídia e pelos poderes de Estado.  Ou, então, imagine que os ladrões de carro programassem ações em âmbito nacional, como, por exemplo: “Curta a primavera andando a pé”, e realizassem uma campanha para aumentar o furto de veículos. E as autoridades não esboçassem reação alguma. Escândalo?

Pois é isso que acontece em nosso país, há mais de uma década, no mês de abril. O MST, nestes dias, rememora os episódios de Eldorado dos Carajás com um Abril Vermelho, desencadeando operações agressivas que incluem invasões de propriedades privadas e de prédios públicos e bloqueio de ruas e estradas. E tudo é considerado muito normal, porque, afinal, trata-se de um “movimento social” cuja conduta criminosa não pode ser criminalizada sem grave ofensa a... a que mesmo? Ao direito de invadir? Ao direito de destruir os bens alheios? Ao direito de atrapalhar a vida dos outros? Ao direito de cometer crimes e permanecer incógnito?

Note-se que não estamos perante uma gama de atividades lúdicas do tipo “Passe um dia no campo com o MST”, ou de celebrações cívicas, a exemplo das que são promovidas em lembrança às vítimas da Intentona Comunista de 1935. Não, não é isso. Em abril, o MST eleva o tom daquilo a que se dedica durante o ano inteiro: a ação destrutiva imposta pelo DNA dos movimentos revolucionários. Trata-se de atacar o direito à propriedade privada (dos outros), os bens alheios e as instituições do Estado Democrático de Direito – entre elas o conjunto dos poderes de Estado. E de fazê-lo com a leniência destes, verdadeiros bobos da corte do movimento. Quase sempre distraídos quanto aos problemas da cidadania, os Três Poderes (qualquer semelhança com Moe, Larry e Curly, os Três Patetas, corre por conta do leitor), vão da tolerância à inação, da perda de vigor à flacidez extrema. Sabem por quê? Porque eles supõem, no Olimpo onde vivem, que o movimento se volte apenas contra os “poderosos latifundiários e seus ociosos latifúndios”. No entanto, as ações do MST alientam a ira e as urgências dos poderes contra seus antagonistas políticos e ideológicos e sua negligência com a proteção da sociedade, seus direitos e sua liberdade.

Eis porque o tema, há muito tempo, deixou de ser coisa de um grupo social para se tornar pauta necessária das escassas reservas de inteligência do país, ainda capazes de compreender como operam os movimentos revolucionários e de bem avaliar seu poder de destruição. Porque saiba, leitor, aquilo que os desnorteados bispos da Comissão Pastoral da Terra fingem não saber: a primeira tarefa dos movimentos revolucionários é a destruição. O que vem depois fica para depois, inclusive acabar com o clero, como sempre fizeram ao longo da história e estão fazendo na Nicarágua.

De fato, o Abril Vermelho deu o tom do ano. Saiu o verde e amarelo, entrou o vermelho a dar o tom do ano. Fez o L e não gostou?

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 


Jose Vicente Lessa -   01/05/2023 22:59:48

É interessante notar que esses "trabalhadores da terra" estão sempre munidos de facões, foices e enxadas, seus "instrumentos de trabalho". O arado de tração animal já era conhecido no Egito dos faraóis, entre os sumérios e demais civilizações da primeira revolução agricola. Mas esses "trabalhadores rurais" brasileiros ainda não chegaram àquela etapa de evolução tecnológica. Jamais viram um arado de tração animal. Permanecem na era mesosóica.

Décio Antônio Damin -   01/05/2023 17:03:42

É verdade...! Clara, cristalina, evidente e reprovável a atitude leniente e comprometida do atual governo...! Stédile na comitiva presidencial acabou com as possibilidades de esperarmos qualquer atitude racional de Lula em relação a essas absurdas invasões de propriedades. Esse abril vai se estender para maio, junho, julho...sem qualquer limite! É triste, mas, é verdade...! Certamente vai acabar muito mal...

Enio Sandler -   01/05/2023 12:09:38

Querido Puggina O Brasil não tem culpa, mas viver aqui está nojento. Parabéns pelo teu incansável trabalho amenizador. Abração

Eloy Severo -   01/05/2023 10:59:25

Como sempre, muito oportuna. Não são agricultores, são guerrilheiros. Um abraço. Eloy

MARCO ANTONIO GEIB -   01/05/2023 09:55:54

PREZADO PUGGINA, SEMPRE CONSEGUE "DESNUDAR A VERDADE" DO QUE OCORRE NA REALIDADE EM NOSSO PAÍS .... A "O MST GUERRILHA PROSCRITA, RURAL E EM MENOR ESCALA A URBANA GRASSAM PELO BRASIL DE FORMA ASSUTADORA,.... ABRINDO O CAMINHO PARA COMUNIZAR NOSSA TERRA. NÓS BRASILEIROS SOMOS ORDEIROS PACIFISTAS E NÃO QUEREMOS VER A REALIDADE.... NOSSO ÚLTIMO RECURSO AS "FFAA" JÁ AMARELARAM... ENTÃO SÓ RESTA DEUS...MAS CONTINUO QUERENDO MEU BRASIL DE VOLTA... ABS MESTRE

Dirceu -   01/05/2023 09:05:19

Isso é um escárnio ao povo brasileiro que possui a terra, produz alimentos de qualidade, gera empregos e paga impostos que sustentam essa corja de corruptos, para não chamá-los de quadrilha. É mais que chegada a hora de haver uma organização do agro para ter a própria defesa, já que a do estado ou está cooptada ou é incompetente, para eliminar de vez a possibilidade de novas invasões. Atuar preventivamente com o mesmo veneno do invasor ou mais veneno.

Macaeira -   29/04/2023 22:12:05

Parabéns pelo texto e por expressar o pensamento de muitos brasileiros.