Percival Puggina
O STF decidiu que qualquer investigação que vise a identificar agravo ou crime contra ministro do STF seja julgado pelo próprio STF porque qualquer parte do território nacional é, para esses fins, dependência do próprio Supremo. É uma leitura geográfica do próprio Regimento Interno.
Os inquéritos abertos no Supremo, à revelia do ministério público, fazem com que aquele poder se sinta habilitado a intervir em qualquer situação, passando com uma motoniveladora sobre todo o Poder Judiciário Nacional e sobre o devido processo, jogando-lhes uma pá de cal por cima e desnorteando investigados e advogados.
Nunca se viu protagonismo tão exacerbado, nem tanta inovação. Grande parte da inquietação que o país hoje vive se deve a esse ativismo. Nem mesmo seu vizinho meio desfibrado, o Congresso Nacional, escapa a essa sanha. Os parlamentares que ainda zelam por suas prerrogativas não encontram apoio entre seus pares que adotam, perante qualquer fato ou situação que não seja de seu interesse pessoal, uma atitude desdenhosa e omissa.
O novo truque desse superpoder, que assusta quem tem olhos para ver, é restringir acesso às redes sociais de parlamentares que caiam em desgraça, exatamente como vinha fazendo com a plebe “golpista”, “fascista”, “Mané”.
É evidente que excessos dessa ordem podem ser recebidos com subserviência por quem jogou a própria dignidade na caçamba do lixo orgânico. Os bons cidadãos, porém, veem a situação com outros olhos e sabem que cortar a comunicação de um congressista através de seus meios digitais é tirar-lhe a voz. É lesão gravíssima à representação popular, eixo das democracias. A vontade nacional se manifesta através da representação exercida por parlamentares e não por magistrados ou tribunais sem voto.
Dezenas de milhões de brasileiros a tudo veem. E entendem o que veem, mesmo que lhes digam que não podem ver nem entender.
Na próxima semana, o Congresso retoma suas sessões normais. Vamos ver quem ainda justifica as calças que usa. Continuará o Legislativo como assistente passivo, valhacouto de covardes, enquanto o povo despido de prerrogativas enfrenta o medo e as ameaças contra ele proferidas dentre dentes cerrados?
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
RIVADAVIA ROSA - 21/11/2022 11:01:16
Perfeita análise. Desgraçadamente. “Lupus pilum mutat, non mentem” - “o lobo muda de pelo, mas não do vício”. Em gauchês – cachorro comedor de ovelhas só matandoJOSIAS DOS SANTOS - 21/11/2022 09:02:14
A corda do STF vai esticando...Ary de Almeida Coelho - 19/11/2022 11:50:36
Necessitamos urgente da intervenção das FA! Não dá para esperar mais!!!!!FERNANDO A O PRIETO - 19/11/2022 05:13:21
"Tantas vezes vai o cântaro à fonte, que um dia por lá fica"... Chegará o dia desses "juízes", dos que os apóiam, e dos que deveriam opor-se a eles (afinal, são pagos para nos representar) e não o fazem por covardia... Parabéns pelo texto,Menelau Santos - 18/11/2022 22:37:22
Professor, tu és meu bálsamo. A burrice, a omissão e a covardia estão acampados no.Brasil. "E viva eu cá na terra sempre triste!"Sueli Supplizi Abate - 18/11/2022 20:27:52
Texto maravilhoso, direto, perfeito.Gizelda Alves Borba - 18/11/2022 13:09:44
Quero saber quando os homens honestos do nosso País vão tomar uma atitude com os poderes,..que esses capas petra deixe de mandar no povo ..onde está o STM..