• Percival Puggina
  • 09/12/2022
  • Compartilhe:

A trilha do capeta

 

Percival Puggina

Os manés são seres humanos

         Em nome da defesa do estado de direito passaram a fazer oposição e a interferir no governo. Conceberam um fantasma e alegando combatê-lo agiram como a oposição real a um governo real. Restringiram liberdades, instalaram a censura e nos jogaram num estado de exceção. Agora enfrentam as consequências de todos os excessos praticados. Os manés, descobriram, são seres humanos!

Estado de exceção

Sei o que digo quando falo em estado de exceção porque leio a Constituição, já vivi sob regime autoritário, já vivi em tempos de liberdade, vi e senti o totalitarismo em Cuba. Percebo as diferenças. O que torna ainda mais sombria nossa situação é o fato de a imprensa dita “tradicional” ter largado de mão sua longa defesa da liberdade de opinião e passado a exaltar as excepcionalidades do regime desregrado que nos está imposto.

Nem a obrigação mínima

Repito: sirvam-nos democracia, liberdades, respeito à Constituição e à vida privada, eleições lisas e justas e estaremos bem atendidos! Afinal, o estado oneroso que custeamos não teria, como obrigação mínima, que nos proporcionar isso?

O perigo das democracias populares

Só que não é bem assim. Há quem crie os próprios fantasmas. Foram eles que serviram para nos trazer a um estado de exceção e para o perigo iminente de nos transformarmos numa “democracia popular”, nome comercial das ditaduras instituídas por revolucionários de esquerda. Elas podem nascer nas democracias mal costuradas, como as ibero-americanas, contando com apoio, em proporções demográficas, de egressos das cadeias produtivas da educação onde operam os mecanismos de acefalia em massa.

A trilha do capeta

O capeta, só pode ser coisa dele, infiltrou entre nós o mapa desse roteiro, em marcha batida para o abismo. É uma trilha aberta a facão, fora da estrada asfaltada nos tempos do estado de direito, do devido processo, do cada macaco no seu galho. Ao longo dessa trilha foram criados os inquéritos cujo titular opera como um aspirador de prerrogativas, poderes e competências excepcionais. Estou falando de uma dupla trapizonga chamada “fake news” e “atos antidemocráticos”, de conceituação subjetiva, em cujos inquéritos vale tudo para quem acusa e vale nada para quem é acusado.

Alexandre do bem, o Garcia

Se você acha que estou exagerando, acredite: até a OAB Nacional chegou a balbuciar alguma coisa sobre direito de defesa e direitos dos advogados. Alexandre do bem, o Garcia, em artigo de ontem (08/12), escreve sobre o caso do prefeito cujo mandato foi baleado pela fumegante caneta do ministro sniper. Ao final, conclui magistralmente:

"Deve ter alguma coisa certa nisso tudo, porque do contrário a OAB iria reclamar. Se não reclamasse, a mídia brasileira reclamaria. Se não fosse a mídia, o Senado brasileiro abriria processo. Mas deve haver alguma coisa além da Constituição que paira sobre nós, e nós não estamos sabendo".

É preciso dar um basta.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


Heitor De Paola -   12/12/2022 12:55:15

A República Democrático Popular começou já em 1988 com uma Constituição que instaurou um Estado "democrático" de Direito. Estado de Direito (Rule of Law) não se adjetiva. Se adjetivar é nisto que dá: o "democrático" ensombrece o Direito.

Gisele -   12/12/2022 09:31:19

E quem vai parar o Alexandre, o pequeno...

Gelson Airton Mesquita Vinadé -   12/12/2022 08:09:22

Como sempre, preciso no palavreado!

paulo afonso simontti -   10/12/2022 08:56:56

brilhante seu artigo.

Menelau Santos -   10/12/2022 07:54:33

Professor, quando eu era criança meus pais me alertavam: "não vai nadar no rio que você morre". E eu me recordo que muitos amiguinhos da minha infância realmente morreram afogados. Foram imprudentes e não ouviram os pais deles. Hoje eu olho para o presidente do Senado, presidente da Câmara, conhecidos jornalistas, intelectuais, religiosos, muitas pessoas que deveriam demonstrar um alto grau de maturidade fazendo maluquices cujos resultados nefastos já são amplamente conhecidos. E pior, vão prejudicar milhões de pessoas. Suas sábias palavras e o texto do nosso Alexandre do Bem são inequívocos quanto a isso.

Levi Barbosa -   10/12/2022 06:38:46

Parabéns Percival, pela descrição das verdades que hoje estarmos vivendo, em estado exceção, que fazer pois temos um Judiciário acovardado um os Senadores Acorvadado um câmera deputados Acorvadado, só nos restou o Povo patriotas sair as ruas e pedir SOS Forças Armadas, se nada for feito infelizmente, será só de ladeira a baicho a caminha da Venezuela e o Fim a Cuba.

Jaeguer Ribeiro -   09/12/2022 12:35:42

Sábias e verdadeiras palavras, pena que já não temos mais esperança que possamos ter uma reversão em tudo isso, muito acomodação, covardia de todos , povo políticos e principalmente exército, porque prefiro até mesmo uma guerra agora , mas defender a paz futura, morrer, mas morrer com dignidade.

Edison Benette -   09/12/2022 12:15:53

Parabéns Percival, como sempre excelente texto e com uma precisão cirgica, feita por um robô...kkk

João Pedro Iglesias Py -   09/12/2022 11:35:00

Brilhante como sempre. Precisamos de mais Pugginas para nós representar. Obrigado ????????????????????????????????

LUIZ CARLOS -   09/12/2022 11:26:34

COMO SEMPRE: CIRÚRGICO, CONCISO, OBJETIVO E CERTEIRO. PARABÉNS PUGINNA

Maria José Mesquita -   09/12/2022 10:42:34

Percival Puggina. Seus textos são admiráveis.! Parabéns pela perspicácia ao dissertar sobre o mal com a sabedoria do bem.!

Adelina barroso -   09/12/2022 10:41:19

Como posso compartilhar esse texto em minha rede social ?