• Percival Puggina
  • 26/12/2022
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A salvação pela mão grande do Estado?

 

Percival Puggina  

         Sobre as muitas incertezas referentes ao último pleito presidencial, há um dado de aparência consistente, presente em todas as pesquisas de opinião: “quanto mais pobre o eleitor, maior sua tendência a votar no candidato de esquerda”.  No entanto, o dado pesquisado mostra outra coisa: sociedades esquerdistas empobrecem. O esquerdismo gera miséria e não por acaso os estados mais pobres do Brasil são governados pela esquerda.

Não é difícil imaginar o motivo. Eu mesmo me encontrei com esse dado sempre que, em campanha eleitoral ou em debates, entrava em pauta a chaga social da pobreza. Sobre esse tema, como se verá a seguir, o esquerdismo tem um discurso redondinho, uma explicação simples que leva seu público alvo diretamente ao cativeiro da pobreza e da dependência.

Todo brasileiro que passou por uma sala de aula ouviu de alguns militantes travestidos de professores que os pobres são pobres por culpa dos ricos; ou na versão mais safada, que os ricos são ricos graças à pobreza dos pobres. Isso, porém, é falso, como mostra a experiência dos países de economias livres.

As causas reais da pobreza são:

  1. a carga tributária em que o Estado se apropria de mais de um terço de toda a renda nacional;
  2. a turma da corrupção ativa e passiva e das empresas gigantes nacionais que se abasteceram durante década e meia diretamente do PIB;
  3. os países satélites do nosso BNDES, usado para financiar essa parceria ideológica esquerdista a fundo perdido;
  4. nossos gravíssimos problemas institucionais que facultam ao Estado toda sorte de abusos;
  5. o fato de nossa Constituição, em vez de proteger os cidadãos do Estado faz o inverso e protege o Estado dos cidadãos;
  6. o patrimonialismo, o populismo, os corporativismos e os supersalários, o culto ao estatismo e os múltiplos desestímulos ao emprego formal;
  7. a má qualidade da educação oferecida aos nossos jovens em geral e aos segmentos de baixa renda em ainda pior padrão paulofreireano;
  8. a publicidade enganosa segundo a qual a salvação possa vir da mão grande do Estado.

De modo muito especial, a relação erótica da esquerda com o Estado induz a leituras erradas de nossos problemas sociais. Não, eles não se resolvem com mais Estado! Tal rumo afasta um elemento altamente humanizador, omite conhecimento precioso sobre a natureza e solução dessa chaga que é a pobreza persistente: naquilo que somos está nosso maior potencial e nossa maior alavanca para resolvê-la.  

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

 

          

 


Pedro Amaro Ramos Machado -   28/12/2022 08:09:51

Bom dia, Dr Puggina. Que bom podermos receber, do Senhor, um pouquinho de sua riqueza intelectual, moral e espiritual. Que Deus nos permita, para 2023, contar com a grandeza de suas palavras, Um feliz 2023 para todos nós, cidadãos do bem.

julio c. costa da silva -   27/12/2022 14:23:05

parabéns, belo comentário

José Rui Sandim Benites -   26/12/2022 23:12:14

Excelente análise da realidade. Infelizmente, utilizam a pobreza para ter uma vida de luxo e riqueza. Para quem se beneficia de um Estado autoritário. Como sempre os entes políticos e elite do funcionalismo. Aqueles para impor regras e criar tributos para transferir o capital para o Estado. E estes para manter a população sob as regras da elite política. Como já começou no futuro governo, aumento salário/subsídios para os entes políticos e elite de funcionalismo público. E para o pobres em invés de dar oportunidade através de uma educação de qualidade e crítica. Dão migalhas para os pobres possa apenas sobreviver. E os pobres e de baixa escolaridade, acreditam nesta armadilha. E dinheiro para a publicidade. Os meios de comunicação no final do governo irão dizer que foi uma maravilha e irá surgir pesquisas que a população aprova com uma porcentagem acima de 90%. O que não dizem que 50% do orçamento da União é para pagar as dívidas acumuladas pela irresponsabilidade fiscal. Continuamos na resistência.

Menelau Santos -   26/12/2022 23:10:58

Síntese perfeita Professor. Jesus ensinava amar os pobres. A esquerda ensina odiar os ricos.