Percival Puggina
Cerca de 130 deputados federais trocaram de partido desde o início de fevereiro. Alguns se bandearam mais de uma vez nesse período. Poucas décadas atrás isso seria inconcebível. Os partidos tinham fisionomia própria e eram buscados por aqueles a quem fosse atrativa. Ali se estabeleciam relações de amizade, se formavam lideranças e se construíam carreiras políticas. Muitas filiações partidárias integravam um rito familiar porque os filhos acompanhavam os pais num encadeamento que refletia, de modo profundo ou superficial, uma visão de mundo, de valores, de economia, de sociedade, etc..
Mudar de partido era “trocar de camisa”, ou “virar a casaca”, coisa rara e inadequada. Pior do que isso só jogador de futebol sair de um clube para se integrar ao rival da mesma cidade.
Está mais do que provado, hoje, que os partidos fenecem como tal. De regra, são apropriados pelas representações parlamentares, que só pensam nas respectivas reeleições e são incapazes de escrever meia página sobre o conteúdo do manifesto de fundação da legenda que comandam. Esse documento, que é uma espécie de Carta Magna sobre os princípios, meios e fins partidários dorme o sono dos injustiçados entre as quinquilharias das siglas.
O recente surto de migrações de detentores de mandato, aspirantes a candidaturas, obedece, nacional e/ou regionalmente, às conveniências eleitorais do ano. É coisa de temporada e vem logo depois da praia e das férias. Assim como as marés são influenciadas pelas fases da Lua, os fluxos partidários são atraídos pelos “puxadores de votos” nas eleições majoritárias e proporcionais. Não guardam relação com o que esses personagens trazem na cabeça ou nas mãos.
Que fique bem claro: não estão errados os candidatos, nem os deputados, nem os senadores, nem os dirigentes partidários. As decisões políticas são comandadas pelo mais puro e franco realismo. E o que acontece com os partidos políticos nacionais é mera consequência do modelo eleitoral e do sistema de governo que, em dias de muito azar e maus presságios, nos vêm proporcionando nossos constituintes republicanos.
O que acontece com os partidos é bem sintomático desses problemas institucionais de que tanto me ocupo. Causa tristeza cívica ver partidos trocarem de nome como trocam os letreiros em pontos comerciais construídos em lugar errado. E digo o mesmo da acelerada procriação de legendas estimulada pela bilionária disponibilização de recursos públicos.
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Jorge Fenerich - 11/04/2022 09:29:11
De fato há necessidade de uma nova constituição mas antes temos que fazer uma assepsia criteriosa no congresso e urgente.Lelê - 09/04/2022 06:15:21
Por sorte, hj temos um líder honesto e digno que atrai candidatos e detentores de cargos. Acredito que a limpeza dos vigaristas com cargos será bem efetiva. Já basta de enganadores.carlos edison domingues - 07/04/2022 22:46:27
PUGGINA. Não encontrei outra alternativa e coloquei, novamente, o distintivo do Partido Libertador na lapela de meu casaco. Nos idos de 1.950 meu pai era do P.S.D., minha mãe U.D.N. Eu e minha irmã, ambos com menos de 18 anos, éramos do Partido Libertador: Raul Pilla, Carlos de Brito Velho, Coelho de Souza, Edgar Schineider, Mem de Sá, Brossard, Solano Borges e tantos outros que empunhavam a bandeira do parlamentarismo. Posteriormente, ao longo do tempo, já participei ativamente em quatro legendas. A representação partidária é um fracasso. Carlos Edison DominguesDécio Antônio Damin - 07/04/2022 08:15:33
Não existe ideologia, só interesses pessoais da mais diversa natureza. O que importa é ser eleito...!Ninguém dá bola para isso... Veja, poe exemplo: Por quantos partidos andou o atual Presidente? O outro candidato, Lula, ficou só no PT mas patrocinou os maiores escândalos de corrupção já vistos no país, e está aí disputando a preferência dos mentecaptos desmemoriados!O país não é serio já disse De Gaule , há muito tempo atrás...!!Marcelo Assis Lemos - 06/04/2022 10:43:31
Para respirar uma esperança, apesar de toda essa realidade política, temos que concentrar esforços na mudança do legislativo. Todas as formas de mudança terão que ser buscadas, e nesse sentido, está praticamente pronto o site www.plataformaconservadora.com.br . Leiam a proposta.Armando Andrade - 06/04/2022 08:52:53
A 3a idade dá a nossa conotação que desde o Império os chamados políticos reunidos em Congresso ou suas "subsidiárias" nunca pensaram com respeito às nossas brasilidades e sim nos "seus". Uma nova "Constituinte" seria, no mínimo, outro arremedo de engodo ao povo. A escravidão continua... Triste!Manoel Luiz Candemil - 05/04/2022 20:48:38
A maior preocupação é que os partidos políticos podem ser comandados por cidadãos não eleitos e sabe-se lá com que interesses!!!Ary de Almeida Coelho - 05/04/2022 14:20:42
O Parlamento brasileiro atual é um prostibulo, me desculpem as meretrizes!!!!José Domingos de Jesus dos Santos - 05/04/2022 13:42:53
É um pouco causado pela ordem que as coisas acontecem, embora não concorde com isso, hoje vejo que tem a ver com o PR ter mudado de Partido.