• Olavo de Carvalho
  • 07/05/2009
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A ESQUERDA INVENTADA - Jornal do Com?io

Entre liberais e conservadores, no Brasil e no resto do mundo, s?s poucos t?uma no? clara de quem ?eu inimigo e de como enfrent?o. A maioria luta apenas contra uma esquerda idealizada, um trompe l’oeil fabricado pela pr?a esquerda para ser consumido por seus advers?os como uma droga estupefaciente, paralisante e incapacitante. O modelo do artif?o ?opiado de algo que j?xistiu historicamente: uma esquerda humanit?a, democr?ca, anticomunista, s?parada da direita pela diferente concep? dos meios, mais estatistas do que capitalistas, a ser usados para realizar valores que no fundo eram os mesmos de parte a parte – liberdade, direitos humanos e uma vida decente para todos. Embora vagamente herdeira do reformismo de Eduard Bernstein e de Karl Kautsky – o renegado, como o chamava L?n –, essa esquerda s? tornou um ator de destaque na m?a ocidental por ocasi?da Guerra Civil Espanhola, quando a viol?ia assassina desencadeada pelo comando estalinista contra seus pr?os companheiros de trincheira agiu como um toque de alerta sobre muitos esquerdistas, levando-os a compreender que o comunismo era pelo menos t?destrutivo quanto o nazismo. O pacto Ribbentropp-Molotov de agosto de 1939 completou a decep?. Alguns mudaram de lado completamente, tornando-se conservadores. Outros, renegando toda fidelidade ao governo sovi?co, embora n??d? socialista, acabaram se integrando nos partidos trabalhistas e socialdemocratas e tornando-se bons aliados dos conservadores na luta contra o comunismo, continuando a combat?os no plano das pol?cas sociais. George Orwell e o fil?o Sidney Hook s?exemplos famosos. O primeiro tornou-se mesmo, com os livros Animal Farm e 1984, um dos grandes criadores da linguagem anticomunista, calculada para parodiar e implodir o jarg?comunista. O segundo foi o principal organizador do Congresso pela Liberdade da Cultura, o ?o empreendimento s?o j?entado – em 1949-50, com a ajuda da CIA – para reunir intelectuais anticomunistas e opor alguma resist?ia ?vassaladora ofensiva cultural sovi?ca iniciada trinta anos antes. N??reciso dizer o quanto a exist?ia de uma prestigiosa esquerda anticomunista incomodava o establishment sovi?co. A pol?ca de coexist?ia pac?ca inaugurada por Nikita Kruschev teve como uma de suas principais finalidades reintegrar na estrat?a comunista o ex?ito de desgarrados. O sucesso da opera? foi completo. J?os anos 70, conforme o escritor Vladimir Bukovski viria a descobrir nos Arquivos de Moscou, praticamente toda a m?a socialdemocrata da Europa era subsidiada e controlada pela KGB (ver Jugement ?oscou. Um Dissident dans les Archives du Kremlin, Paris, Robert Laffont, 1995). Nos Estados Unidos, infiltrado e dominado por agentes camuflados ou declarados da esquerda revolucion?a, o Partido Democrata, que at? d?da de 60 funcionara como o abrigo ideal dos esquerdistas anti-sovi?cos, foi indo cada vez mais para a esquerda, at?ssumir a bandeira do anti-americanismo mais radical e intolerante. A bibliografia que documenta essa transforma? ?bundante, n?havendo desculpa decente para os autoproclamados especialistas em pol?ca internacional ignorarem o fen?o, como os nossos o ignoram em massa. Vejam, por exemplo, David Horowitz and Richard Poe, The Shadow Party, How George Soros, Hillary Clinton and the Sixties Radicals Seized Control of the Democratic Party, Nashville, TN, Nelson Current, 2006; James Piereson, Camelot and the Cultural Revolution: How the Assassination of John F. Kennedy Shattered American Liberalism, New York, Encounter Books, 2007; Phil Kent, Foundations of Betrayal. How the Liberal Super-Rich Undermine America, Johnson City, TN, Zoe Publications, 2007. A transfigura? da esquerda moderada americana em agente da esquerda radical culmina na presid?ia Obama, que protege ostensivamente organiza?s terroristas e criminaliza qualquer resist?ia conservadora, ao mesmo tempo que continua a ostentar os sinais convencionais do progressismo democr?co (ver http://truth11.wordpress.com/ 2009/04/22/former-presidential-candidate-alan-keyes-has-given-perhaps-his-most-dire-warning-yet-saying-that-the-obama-administration-is-preparing-to-stage-terror-attacks-declare-martial-law-and-cancel-the-2012/; http://www.onenewsnow.com/Politics/Default.aspx? id=494798; http://www.onenewsnow.com/Politics/Default.aspx? id=490720 e http://www.worldnetdaily.com/index.php?pageId=). Na Am?ca Latina, a encarna? mesma da esquerda moderada, o Partido dos Trabalhadores, ?iscretamente o coordenador do Foro de S?Paulo, isto ?o estrategista m?mo da viol?ia revolucion?a no continente. Em suma, a esquerda democr?ca, civilizada, concorrente leal dos conservadores, j??existe mais como for?pol?ca independente. Financiando e acobertando movimentos terroristas e subversivos por toda parte, e impondo sob outros nomes as mesmas pol?cas que seriam rejeitadas pela popula? se apresentadas com o r?o de comunistas, a esquerda moderada ?m inimigo ainda mais perigoso dos conservadores do que poderiam s?o os pr?os comunistas de carteirinha, os quais sem ela n?teriam poder nenhum. A diferen?entre as duas esquerdas ?ue uma quer alternar-se no poder com os conservadores, segundo o rod?o democr?co normal, enquanto a outra n?se contenta em vencer esses advers?os nas elei?s, mas busca destrui-los completamente, marginaliz?os, criminaliz?os, expeli-los para sempre n?s? pol?ca mas da vida social, quando n?da exist?ia f?ca. Outra diferen??ue a segunda ? ?a que existe na realidade; a outra, s? imagina? residual da direita. Se a esquerda ainda se prevalece da bela imagem de modera? democr?ca criada nos campos de batalha da Espanha, ?omente para ludibriar seus inimigos. Mas que estes continuem acreditando na exist?ia dela, e imaginem combater advers?os leais quando na verdade se defrontam com revolucion?os e assassinos, ?lgo que decorre de uma imperdo?l covardia intelectual e moral, suicida como todas as covardias. * Ensa?a, jornalista e professor de Filosofia