• Percival Puggina
  • 08/08/2024
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A dura vida das escolas cívico-militares

 

Percival Puggina

         Dureza! Embora desejadas e apreciadas por tantos pais, alunos e por tantos professores em estados e municípios brasileiros cujas sociedades reconhecem seus bons resultados, as escolas cívico-militares enfrentam uma luta permanente por sua sobrevivência.

Os motivos alegados por quem propõe sua extinção ou interdição envolvem um preconceito e um conceito. O preconceito é contra o rótulo militar; o conceito é que o cívico precisa ser coletivo, único e unitário. Por igual razão, seus adversários são contra o ensino das crianças pelos próprios pais (home schooling), que é, tão somente, uma fórmula pela qual pais zelosos tentam contornar o problema de uma educação escolar com péssimos resultados.

Então, sindicatos de professores e partidos políticos de extrema esquerda pressionam governos, parlamentos e administrações municipais e se revezam nos protocolos do judiciário portando petições pela eliminação desse tipo de educandário. O sistema não quer perder uma única vítima...

Sou avesso aos alinhamentos automáticos. De regra, parece pouco racional a conduta de quem se põe ao lado de tudo que um grupo político diz e contra tudo que o outro fala. A política não está acima da razão, da ética e do bem. No caso, porém, os opositores são conhecidos e estamos falando do bem dos estudantes, dos pais e das comunidades atendidas por esses estabelecimentos de ensino. A eles há que se alinhar automaticamente, sim, e perguntar: seria essa uma campanha contra um sinal de contradição cujos resultados o sistema oficial não pode contestar?  

Enquanto a rede de ensino público, nitidamente, revela pouco interesse pela presença, opinião e participação dos pais na vida das escolas, as escolas cívico-militares agem no sentido inverso. Enquanto as escolas da rede pública são vulneráveis às más influências externas, à indisciplina e às condutas violentas, as escolas cívico-militares cultivam os bons costumes e as condutas civilizadas voltadas ao aprendizado, mantendo à distância traficantes, malfeitores e desordeiros. Enquanto, nas escolas públicas, o amor à pátria é negligenciado em nome de seu ativismo crítico, nas cívico-militares o patriotismo não é reprovado, mas estimulado. Então pergunto: esses três tópicos não fazem lembrar os três daquele recente discurso de Lula ao Foro de São Paulo comemorando a derrota do discurso da família, dos costumes e do patriotismo? Pois é.

Mais algumas razões da razão devem ser acrescentadas para compreensão da animosidade às escolas cívico-militares. Há quase dois anos, em artigo que escrevi para vários jornais e sites eu as explicitei assim:

Mas é só por isso que a extrema esquerda no poder combate historicamente e põe as escolas cívico-militares de joelhos com a nuca exposta? Não, tem muito mais. A escola que ela quer substitui o moralmente correto pelo “politicamente correto”, a História por um elenco de narrativas capciosas, a solidariedade pelo antagonismo, o amor ao pobre pelo ódio ao rico.

Essa esquerda combate a estrutura familiar pela condenação do suposto patriarcado, como se a paternidade fosse apenas poder e não amor, responsabilidade, serviço e sacrifício. A sala de aula não pode ser o vertedouro das frustrações complexos de quem detém o toco de giz.

Ela desrespeita a inocência das crianças. Contra a vontade unânime dos parlamentos do país, introduz pela janela a ideologia de gênero nas salas de aula enquanto os valores saem pela porta.

Ao se tornar alavanca ideológica, a Educação não estimula o respeito à propriedade privada, nem o empreendedorismo, nem o valor econômico do conhecimento e das competências individuais.

Tal sistema, quando fala em escola de tempo integral, mais me assusta do que me alegra!

Percival Puggina (79) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

 


ODILON ROCHA -   09/08/2024 20:35:09

Artigo IRRETOCÁVEL. Por que tanta aversão e pavor?

Luiz R. Vilela -   09/08/2024 18:58:10

Até hoje não consigo entender, porque a estrutura funcional das forças armadas não tem capacidade de absorver uma maior quantidade de jovens que são dispensados do serviço militar. Escola de civismo e disciplina, que iguala a todos quando estão cumprindo o compromisso com a pátria. O pouco de conhecimento que tenho sobre as escolas cívico militares, não me recomendam para fazer uma analise mais profunda, mas imagino que se estas sigam os ditames disciplinares da hierarquia militar, acredito que sejam de total proveito aos jovens que as frequentam. Quanto a esquerda ter ojeriza pelo modelo, é de muito fácil compreensão, eles os "canhotos", tem verdadeira ódio pela disciplina. Eles, são devotos incondicionais é do "fanatismo", onde o indivíduo deve ser anulado em nome da ideologia, encarnada na figura do "grande líder", a referência da causa e chefe supremo de todos.

Hiran -   09/08/2024 11:34:06

Sou a favor, desde que os alunos não sejam orientados a seguirem as normas adotadas pelo comando militar, no dia 08 de outubro.

FERNANDO A O PRIETO -   09/08/2024 04:38:15

Parabéns pelo ótimo artigo! Se os alunos não aprenderem os conteúdos essenciais, por qual razão irão à escola? Serem ideologicamente doutrinados por esses "professores" (?)", que não merecem este nome? Que venham as escolas cívico-militares!

Afonso Pires Faria -   08/08/2024 17:38:46

Como pode? Eu teria dificuldade em debater com alguém que criticasse a Escola cívico militar, polidamente. Que tipo de filhos querem criar? Parabéns pela luta professor.

DAGOBERTO LIMA GODOY -   08/08/2024 16:24:51

Palmas!!!