• Percival Puggina
  • 18/01/2020
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A CORRUPÇÃO EM VERTIGEM

 

 Para entender o caminho percorrido por um documentário mistificador até postular sua inscrição na disputa da estatueta dourada de Hollywood basta erguer a ponta de alguns tapetes elegantes e dar uma espiada. À exceção dos brasileiros que mantenham com a mentira e a falsidade uma relação de interesse político ou econômico todos sabem o quanto o Brasil foi roubado por aqueles que monopolizaram o poder nas últimas décadas. Graças à Operação Lava Jato, veio à tona a maior bandalheira institucionalizada da história universal.

 Essa corrupção, nunca é demais lembrar, fraudou eleições em todo o país, corrompeu a representação popular e pôs a democracia efetivamente em vertigem. Roubando da nação, proporcionou sucessivos mandatos a criminosos em eleições federais, estaduais e municipais. A democracia brasileira apodreceu no pé. Muitas dessas frutas danificadas, bichadas, foram ao solo no pleito de 2018 sob ação da vassoura eleitoral. Claramente, porém, entre os que voltaram e os que chegaram ainda sobrou muito bandido com diploma. Mas nada disso põe a democracia em vertigem no documentário de dona Petra Costa. Quem o faz é o constitucionalíssimo impeachment de Dilma, supervisionado pelo presidente do STF, amigo da presidente cassada.

 Fato: para a banda podre, não há urgência nacional ou premência superior à envolvida na aprovação de leis que criem obstáculos à persecução penal nos crimes de corrupção ativa, passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. E haja tapete! E haja vertigem. Na dúvida, basta lembrar a coerência instrumental que une:

• os maus tratos do Congresso às Dez Medidas de Combate à Corrupção;
• as emendas ao Pacote Anticrime de Sérgio Moro;
• a inoportuna deliberação do Supremo, que praticamente inviabilizou a prisão após condenação em segunda instância e jogou no lixo seco a justiça de 2º grau;
• a lei de “abuso de autoridade”;
• a criação do juízo de garantias;
• a decisão de retomar os processos cujas alegações finais não concederam à parte denunciada o direito de falar em último lugar (uma irrelevância cuja única serventia foi a de soltar os amigos);
• o empenho em impedir o acesso dos órgãos de persecução penal aos relatórios do COAF.

Bem menos do que isso credenciaria importantes autoridades da República a comendas da Ordem do Capeta por malefícios prestados à nação. A corrupção luta com todos os meios possíveis. Dona Petra Costa, por exemplo, pisa na ponta do tapete da Andrade Gutierrez para fazer seu documentário ao gosto de Hollywood.

É preciso entender, contudo, que a peça chega à disputa do Oscar na etapa final de descomunal mistificação, em conformidade com os usos e costumes da esquerda mundial, cuja solidariedade estratégica chega a ser comovente. Nesse ambiente, dito cultural, os prêmios e as medalhas são reais, carinhosos e generosos como costumam ser as ações entre amigos.

Em agosto de 2019, o jornal italiano La Repubblica abriu manchete com algo do tipo “O mundo contra Bolsonaro”. Uau! Matérias semelhantes se somavam no exterior, sempre em jornais de esquerda, como New York Times, Le Monde, El país, The Guardian, Neues Deutschland, entre outros. Seus conteúdos põem foco negativo na política do governo brasileiro, que aplica o programa conservador e liberal democraticamente consagrado nas urnas. Esse programa rejeita aquilo que a esquerda mundial corteja e rotula como progressista: governos corruptos, ditadores, terroristas, antiocidentais e radicais islâmicos. Toda notícia contra o Brasil e seu governo publicada nesses veículos repercute na nossa imprensa como leitura “europeia e civilizada” da realidade nacional. Dê uma olhada no Google: uma nota em qualquer jornal esquerdista lá fora produz duas dúzias de notícias em grandes jornais brasileiros. Legítima jogada ensaiada.

A imprensa nacional não poderia, então, contestar as mistificações do documentário? É uma boa pergunta, com respostas assustadoras. A divisão política da sociedade brasileira tornou-se evidente ao senso comum. A longa e bem sucedida criação de animosidades entre segmentos sociais por obra do grupo político esquerdista hegemônico no Brasil até 2016 só é lembrada, no entanto, por quem tem neurônios, memória e juízo. Por isso, é oportuno sublinhar que as fingidas reclamações contra a divisão, atribuída ao surgimento de movimentos políticos conservadores e liberais, provêm de quem não se peja de fomentar esse sentimento em prejuízo do país, valendo-se de suas parcerias internacionais. As tribos de Los Angeles servem muito bem para isso, como se sabe.


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* Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
 


Donizetti Aparecido de Oliveira -   20/01/2020 19:10:12

Na mais pura realidade, a luta exigida para colocar o Brasil no status de Nação é muito sangrenta. Por isso, o medo domina o único Poder honesto e decente existe hoje no país. Convenhamos que é muita prudência para não deixar cicatrizes. Entretanto, o perigo comunista é tão grande e real que é preciso tomar os remédios amargos: fechar o Congresso e o STF. Só assim o Executivo terá a possibilidade de governar com a tranquilidade necessária para empurrar o país rumo ao crescimento verdadeiro, moral e economicamente.

Luiz R. Vilela -   19/01/2020 11:26:39

Sempre ouvi dizer que a democracia é o império da lei. Também sempre se disse, em latim, que DURA LEX, SED LEX. A lei deve seguir os costumes da sociedade, da qual ela deve regular seus procedimentos. Porém quando esta mesma lei é feita justamente por aqueles que não as cumprem, fazer o que? Metade ou mais, dos legisladores brasileiros, estão sob investigações. Os dois presidentes das duas casas do parlamento, são investigados por atos ilegais, inclusive poderiam até imitar o Eduardo Cunha, que saiu da presidência da câmara, direto para a cadeia. Mas são estes senhores, que tem o poder de criar as leis. Como nos filmes policiais americanos, quando o policial prende o bandido, logo lhe diz: " Você tem o direito de ficar calado, mas tudo o que disser, poderá ser usado contra você". Pois bem, assim funciona na política brasileira. toda lei que você criar, poderá ser usada contra você também, é ai que porca torce o rabo. Assim como o criminoso dos filmes americanos, os políticos brasileiros, sabem que tudo o que criarem de mais duro na legislação, poderá ser usados contra eles mesmos. Duvido que haja um só masoquista no congresso nacional, estão quase todos pensos para os lados do sadismo. Todos os projetos de endurecimento da legislação, foram descaracterizados no congresso, incluíram também vários jabutis, todos a favor da "galera"criminosa. Pois agora, criou-se a figura do supremo mandatário da nação, que não é outro, senão o inacreditável Dias Toffoli, que legisla, executa e julga tudo o que os outros poderes fazem. Outro dia li alguém contestando o excesso se poder do STF, com a pergunta pertinente, se o judiciário pode atropelar sem cerimônias as decisões dos outros poderes, poderiam também estes poderes ignorar as decisões do judiciário? Principalmente se estas decisões são tomadas de forma monocrática por apenas um ministro? Neste caso não estaria ai sim, se restabelecendo a harmonia e independência dos poderes? A omissão do senado federal, na figura do seu inodoro e insípido presidente, que parece ter se transformado num boneco de ventríloquo, do presidente da câmara, é que tem alargado o poder do STF. Decididamente, no Brasil, são as raposas que cuidam do galinheiro.

FERNANDO A O PRIETO -   19/01/2020 09:01:23

A imprensa mundial tem, em sua grande maioria, um viés esquerdista. Só publica em destaque o que lhe é conveniente, e, quando dá voz a argumentos contrários, faz isso de modo a ridicularizá-los na forma (por exemplo, publicando algo que tenha erros de gramática, como se Lula, Dilma e outros sempre tivessem falado corretamente...) ou contradições evidentes, decorrentes não da falsidade do argumento, mas da deficiência de expressão do apresentador deste. Enfim, usemos de senso comum para detectar o que conseguirmos da verdade, não dando demasiado valor ao que lemos e ouvimos, e que Deus nos ajude a tomar as decisões corretas!