• Percival Puggina
  • 17/06/2024
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A cara do Brasil

 

Percival Puggina

Brasil!

Mostra a tua cara

Quero ver quem paga

Pra gente ficar assim

Brasil!

Qual é o teu negócio?

O nome do teu sócio?

Confia em mim.

(Cazuza)

 

        As coisas no Brasil funcionam assim. A corrupção levou até as moedinhas? Convoquem-se os ladrões. A política ficou suja e eleitores vendem votos a políticos que, depois, vendem os próprios votos nos parlamentos? “Estanque-se a sangria”, acabe-se com a Lava Jato, reelejam-se os patifes, expurguem-se os mais sérios. A democracia corre perigo, instale-se a censura. A insegurança é uma vergonha nacional? Chame-se o partido que não gosta da polícia, que defende penas curtas, desencarceramento, saidinhas e bandido na rua. As redes sociais fecharam a porteira do paraíso onde a oligarquia era feliz e não sabia? Instale-se a censura, prendam-se os recalcitrantes. O povo quer protestar? Que o faça em silêncio e, se falar, não desagrade as cortes.

Estou mergulhando na essência da “racionalidade” à moda da casa! Vamos em frente. O governo quer gastar mais? Criem-se novos tributos para esfolar quem produz. Faltam recursos financeiros para o futebol, para os esportes, para os hospitais? Crie o governo vários joguinhos e tome dinheiro dos trouxas. Transforma-se o país, então, numa sinecura em que se institucionalizaram as mais criativas maneiras de lucrar com a esperança dos miseráveis. Cometem-se centenas de milhares de abortos por ano? Encarregue-se o governo de executar a chacina com as luvas esterilizadas da irresponsabilidade essoal. Aborto público, gratuito e de qualidade, ora bolas!

É também por essa linha que andam os defensores da legalização das drogas e de seu comércio. Converteram-se elas em flagelo social? Encarregue-se o Estado de produzi-las e servir pó em bandeja para a farra dos usuários. Ou então, crie-se um sistema de quotas para traficantes e consumidores, fracionando-se o mercado. Afinal, alega-se, a repressão é inútil e só tem servido para enriquecer o submundo do crime. Poderíamos fazer algo semelhante com o contrabando, com os sequestros, com o estelionato e com os crimes cibernéticos. Viveríamos em paz num mundo onde só fake news seriam, enfim, duramente penalizadas.

Tributadas essas operações pelo leão da receita, as taxas e impostos estabelecidos permitirão que, em vez de perdermos cem por cento, recuperemos uma boa parte do que os bandidos nos levam. E os mercados dormirão em paz.

São tolices, sim, que fazem lembrar mais uma vez Tito Lívio sobre a Roma de seu tempo: “Chegamos a um ponto em que já não podemos suportar nossos vícios nem os remédios que os poderiam curar”.

*       Texto inspirado em artigo que publiquei em setembro de 2018 na Gazeta do Povo. Como se vê, antecipei muito do que aconteceria quatro anos mais tarde.

Percival Puggina (79) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

 


celso Ladislau Kassick -   22/06/2024 16:55:02

Vergonhosa situação de uma terra Abençoada por DEUS e saqueada pelos Vermelhos!

Frederico Hagel -   18/06/2024 22:26:24

Excelente, mas para onde vamos? Pro Paraguai? Esperar a providência Divina? Pegar as fundas ou algo mais? Que brete encrencado temos que enfrentar.

Danubio Edon Franco -   18/06/2024 09:59:22

Caro Puggina, penso que veículo governamental marcha para o abismo. Os desmandos em todos os setores e as imbecilidades consagradas na palavra do líder indicam esse caminho e o Rio Grande do Sul está na rota do ódio e da vingança. As autoridades locais mostram-se cautelosas (vou deixar por isso) frente o agir do Governo Federal, que, a meu ver, vinga-se de nosso Estado por mil razões. Para países estrangeiros fez empréstimos a fundo perdido, para outros doou recursos financeiros e outros, ainda, perdou dívidas, mas para o Rio Grande do Sul isso não é possível, pode criar um precedente(!). Na sequência, uma verba que poderia ser destinada a ajudar-nos, ;e destinada a importar arroz, produto que temos de sobra para abastecer o Brasil. Duplo prejuízo: desestabiliza o mercado e deixa o produtor gaúcho sem recursos. É ou não é uma vingança contra o Rio Grande do Sul? E para piorar tornou realidade o velho provérbio "pimenta nos olhos dos outros é colírio", mandando para cá o Min. Pimenta.

IGNÁCIO JOSÉ DE ARAUJO MAHFUZ -   18/06/2024 08:10:49

Percival, Caro Metre Puggina. SAÚDE E PAZ! Chê, triste e infelizmente (não por falta de avisos...) estamos, no Brasil, sob o tacão da cleptonarcoditadura do Luladrão sempre Luladrão, sempre bandido e sua quadrilha - pior, sem Justiça - apenas um arremedo de justiça sob o comando da pior espécie de bandidos, os bandidos que usam togas... Até quando esse descalabro? Fraternal abraço, Ignácio Mahfuz

Enilda Dias Ferreira -   18/06/2024 08:02:13

VERDADE e VERGONHA.