• Percival Puggina
  • 02/05/2009
  • Compartilhe:

“V`PRA CASA, MINISTRO!”

A cultura contempor?a concede crescente espa??alta de respeito. As evid?ias disso e suas consequ?ias s?vis?is em toda parte. Elas come? nas fam?as, onde os filhos aprendem com os pais, ante a menor contrariedade, a perder o controle sobre palavras e atitudes. Em nome da liberdade, as conseq?ias do desrespeito se esparramam na m?a popular (e na explos?de decib? com que muitos apreciadores costumam impingi-la aos circunstantes). Chegam ?salas de aula. Freq?am o teatro e as demais formas de arte. Constituem a ess?ia de in?os programas de r?o e tev?Invadem o sindicalismo, a pol?ca e os parlamentos. Fazem o lixo das ruas e a polui? do ar e das ?as. E, ao encontrar espa?no meio das sisudas togas e as data v?as do Supremo Tribunal Federal, explicam o bate-boca ocorrido entre os ministros Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa. A avalanche do desrespeito encontra pelo caminho cada vez menos gente que ainda se d? respeito. Foi sob essa perspectiva que apreciei o epis? do STF. E foi com ela que compreendi a frase do ministro Joaquim Barbosa, no calor da discuss? mandando que Gilmar Mendes fosse ?ruas, ?mesmas ruas onde ele pr?o seria aclamado, dias ap?ao caminhar pelo centro do Rio de Janeiro. A falta de limites de Joaquim Barbosa, o mesmo cuja ex-mulher acusou de agress?e o mesmo que no ano passado chamou o colega Eros Grau de velho caqu?co, s?dia cair no gosto do pov? Por outro lado, o seu desafio ao presidente do STF – “V?s ruas, ministro!” – sintetiza uma corrente do pensamento jur?co brasileiro que, no encontro entre o Fato e a Norma, trata de buscar nas cal?as o Valor a ser aplicado para produzir as decis?judiciais. Foi esse tal de “Direito achado nas ruas” que transformou o descontrole verbal do ministro em motivo de consagra? popular. Isso n?surpreende, se observado no contexto da decad?ia do respeito e da ruptura com os bons modos que antigamente eram havidos – bons modos e respeito – como ganhos da civiliza?. Entre Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa eu fico com nenhum dos dois. Mas entre discordar deles e partir para a desqualifica? pessoal, permanecendo irredut?l na grosseria, como fez o ministro Joaquim Barbosa, h?ma dist?ia enorme. Licenciado durante 90 dias de suas atividades no Tribunal Superior Eleitoral para cuidar da sa? o ministro saiu ?ruas em busca da vox populi. Comeu um fil?“tomou pelo menos dois chopes” (na palavra dos gar?s que o atenderam) e, por onde andou, recebeu aplausos dos graduados na Faculdade de Direito da Boca do Lixo e na Escola de Filosofia, Ci?ias e Letras do Bar do Jo? Recomendo eu: – Ministro, saia da rua e v?uidar da sa? Imagino que esteja sendo organizado um torneio de futebol de areia, no Rio de Janeiro, entre a turma do Gilmar e a turma do Joaquim, como preliminar ao 1º Congresso Jur?co Brasileiro em Mesa de Bar, onde ser?scarafunchado o “Direito achado nas ruas” (uma categoria jur?ca situada entre o toco de cigarro e o linchamento). Com muito balacobaco no terecoteco.