Percival Puggina
Há quem lide com questões de direitos humanos como se fossem prerrogativas dos sócios de um clube ou de membros de uma confraria. Afirmam como “direitos humanos” meras reivindicações políticas de grupos organizados que só são viabilizadas contra legítimos direitos alheios.
Os assim chamados “direitos humanos” são direitos naturais, ou seja, inerentes à natureza do ser humano. Eles foram referidos de modo notável em 1776 pela Declaração de Independência dos Estados Unidos quando fala em “direitos inalienáveis” entre os quais estão “a vida, a liberdade e a busca da felicidade”. Há, contudo, uma infinidade de outros direitos que se ligam aos respectivos titulares mediante aquisição, herança, delegação, representação, mérito, etc.
Os identitarismos levam a buscar para grupos específicos, certos direitos seletivos, como se fossem “direitos humanos”, que geram benefício a alguns à custa dos demais. O aborto é o mais eloquente exemplo do que descrevo. Ele é um reclamado “direito” que só se realiza contra o direito à vida do nascituro. Há muitos outros, porém. Desencarceramento em massa, desarmamento geral da população ordeira, redução das penas privativas de liberdade, indiscriminada progressão de regime prisional, descriminalização das drogas, desmilitarização das polícias militares, demasias do ECA, reivindicações LGBTQQICAAPF2K+ com incidência nas salas de aula, e mais as que confrontam direitos de propriedade. São postulações feitas em nome de direitos “humanos” que afetam a segurança, a vida e os bens dos cidadãos. As pessoas simplesmente cansaram dessa conversa fiada! Percebem no seu cotidiano aonde isso levou o país.
Quando militantes do MST invadem uma propriedade rural, os ditos defensores dos direitos humanos repudiam toda reação policial ou judicial como “criminalização dos movimentos sociais”. Algo tão ilógico, tão falso, só pode ser afirmado e publicado nos jornais porque desonestidade intelectual é um desvio moral, mas não é crime. É desse tipo de desonestidade que se nutriu, durante longos anos, o discurso dos tais defensores de “direitos humanos”. A nação entendeu e, majoritariamente, passou a rejeitar.
Pelo viés oposto, basta que a atividade policial legítima, desejada pela sociedade com vistas à própria segurança, seja compelida a usar rigor com o intuito de conter uma ação criminosa, para que os mesmos falsos humanistas reapareçam “criminalizando” a conduta policial. Anos de observação desses fenômenos evidenciaram a preferência de tais grupos pelos bandidos. Enquanto estes últimos prosperam e mantém a população em permanente sobressalto, aqueles, os supostos defensores de direitos humanos, inibem a ação que protege a sociedade. Assim agindo, elevam os riscos dos que a ela se dedicam e concedem mais segurança aos fora da lei. Vítimas e policiais não têm direitos nessa engenhoca sociológica.
Não bastassem os fatos concretos, objetivos, testemunhados milhares de vezes por milhões de cidadãos comuns, as correntes políticas que se arvoram como protetoras dos mais altos valores da humanidade mantêm relações quase carnais com ditadores e regimes que fazem o diabo em Cuba, Venezuela, Nicarágua, Coreia do Norte e Irã.
As pessoas veem e sabem que o nome disso é hipocrisia.
Percival Puggina (79) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.
Manoel Luiz Candemil - 15/08/2024 17:53:38
Uma coisa é certa: políticos adoram cidadãos analfabetos!Odilon Rocha - 15/08/2024 11:49:51
Caro Professor Na esfera militar, dentro do código castrense, deixar de fazer ou cumprir normas na esfera de suas atribuições é passível de punição. De acordo com as circunstâncias e o posto ou graduação do transgressor, é considerada média ou grave. Quanto maior o grau hierárquico e o da falta, é prisão na certa. Pois bem, pensando aqui em tudo o que senhor muito bem descreveu, um país sem pé nem cabeça, em frangalhos, seja em que setor for, já pensou se pudéssemos aplicar esse mecanismo aos nossos governantes e juristocratas, em geral, para não ser injusto? Lembrando que as consequências de suas decisões movem a Nação, para frente ou para trás. É gravíssimo. Logo, qual seria a pena?DAGOBERTO LIMA GODOY - 14/08/2024 16:17:16
E uma confraria dessas que está minando as bases da cultura dos Estados Unidos, aqueles princípios que alicerçaram o "american way of life". E está na iminência de colocar na presidência dom país mais poderoso do mundo... uma militante "woke"!Afonso Pires Faria - 14/08/2024 12:16:21
É triste professor, ter que "malhar em ferro frio". Combater e ter que esclarecer o óbvio cansa. Eu cansei. Parabéns pela persistência.