• Lucas Gandolfe
  • 28/12/2019
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ASCETAS DA MENTIRA E DESTRUIÇÃO DAS CONSCIÊNCIAS

 

“Mas não irão avante, porque se tornará manifesta a todos a sua loucura” (II Tim. 3,9). O jornalismo nacional encontra-se atualmente nas mãos de dois grupos de poder: dos empresários que buscam nas informações apenas atender à demanda de mercado (indiferença à verdade ou erro) e dos discípulos da revolução cultural gramsciana, que, quidem, pautam e dissertam sobre os assuntos à sociedade, discernindo a importância dos temas a serem abordados.

Para o grupo da intelligentsia cultural (ou “imbecil coletivo”, como nos ensina Olavo de Carvalho), nem a moral, nem a lógica, nem o senso das proporções importa se não estiver ligado aos ideais da revolução, visando a total modificação dos valores vigentes no status quo. Ora, a falta do senso das proporções, em muitos casos, é exatamente o mesmo que falta de inteligência moral.

Temos, assim, na maioria dos veículos de comunicação nacional, a perfeita mistura da amoralidade com o falso moralismo. As vítimas da vez são o senso de proporções, movimentos políticos de direita e o Cristianismo. Nenhuma novidade. O primeiro fato ocorreu em pleno dia de Natal, em que indivíduos lançaram artefatos de explosivo caseiro na sede do canal “Porta dos Fundos”, acinzentando um pouco o chão. Imediatamente, nossa mídia investigativa iniciou uma busca pelos malfeitores terroristas. As inúmeras notícias e notas de repúdio, sem qualquer afirmação de culpa, claro (!), vinham insinuando uma retaliação cristã pelo filme “A primeira tentação de Cristo” lançado no Netflix. Todos, em um só coro, afirmaram que “o Brasil sobreviverá a essa tormenta de ódio”, “não vão nos calar”, “ok, os religiosos podem não ter gostado da representação artística do Porta dos Fundos...”, tutti quanti. Insinuações e mais insinuações.

Para tornar tudo mais estranho, um vídeo com homens encapuzados, vestidos de verde-oliva, com vozes modificadas, mostrando as bandeiras da monarquia (!) e da ação brasileira integralista vêm a publico assumindo a autoria do suposto ataque. Era tudo o que nossa intelligentsia cultural mais queria. Nem um segundo depois, todos os veículos de comunicação começaram um bombardeio conjunto contra o “Governo Bolsonaro”, “o extremo ódio e intolerância dos movimentos da direita brasileira”, e, óbvio, reforçando o ataque aos pobres cristãos que, verdadeiramente, comemoravam o Natal.

O segundo fato da semana foi outro vídeo, mas desta vez sem incertezas e abertura para insinuações jornalísticas, onde terroristas do Estado Islâmico, em cores e movimentos, após o Natal, decapitam onze cristãos, afirmando ser uma retaliação. Todas as provas de autoria e materialidade estão no vídeo, exigindo dos meios de comunicação apenas à narração e divulgação e, se tiver um pingo de brio, crítica à verdadeira perseguição e intolerância existente no mundo contra os cristãos.

Que nada, somente notas curtas, não maiores que três parágrafos, em pouquíssimos jornais virtuais, com narrativas simplificadas. Nada de indignação e revolta, nada de acusações, nada de especialista de diretos humanos querendo erradicar o verdadeiro ódio e buscando combater mortes decorrentes da perseguição religiosa, nada de culpados, nada de autocritica, nada de verdades. Só loucuras e desproporções.

Nesse caso revela-se, de maneira patente, o critério moral, ou, mais propriamente, imoral, que orienta nossa classe letrada. Essa decadência e malignidade do jornalismo vêm causando danos à sociedade brasileira de maneira incalculável, destruindo por completo nossos verdadeiros valores, nossa inteligência e senso de proporções.

Quando as coisas chegam a esse ponto, todo argumento racional ou apelo à moralidade se torna impotente. A abdicação completa do senso de verdade e proporcionalidade tornou-se requisito para o sucesso profissional. É a proibição total da sinceridade, onde ninguém pode escrever à verdade quando vive de se esconder de si mesmo. O sangue das vítimas respinga em todos.

Ora, se a visão que o público tem da realidade do mundo depende do que lhe chega pela mídia, vivemos num daqueles momentos obscuros de ausência de critério para distinguir o real do ilusório, o provável do improvável, o verossímil do inverossímil, o verdadeiro do mentiroso.