• 06/10/2022
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Proibido criticar Lula e pronto!

 

Percival Puggina

Só falta explicitarem a conduta com essas palavras. Censurar matéria sobre as afinidades, firmadas ao longo do tempo, entre Lula e seu partido com as ditaduras de esquerda na América Latina e na África é como tapar o sol com um botton Lula-lá.

A refutação da Gazeta do Povo (leia aqui) à atitude arbitrária do ministro do TSE que determinou a supressão de matéria sobre as relações entre Lula e Ortega derruba a narrativa da decisão com fatos e feitos. Mas esse é um problema que contaminou as instituições do país: o conforto das narrativas abranda fatos e isenta criminosos de suas culpas.

Ainda que Lula e Ortega jamais tivessem trocado um olhar, não fossem membros destacados do Foro de São Paulo, e o PT nunca houvesse felicitado o ditador em suas “reeleições”, mesmo assim persistiria um fato concreto: a relação entre o partido de Lula e a FSLN estaria no mesmo patamar das que Lula mantém com a ditadura cubana, com a ditadura venezuelana e tantas outras mundo afora.

O silêncio de alguém como Lula sobre o que está em curso na Nicarágua é, sim, motivo de análise por um jornalismo consistente como o da Gazeta do Povo. Quem quiser uma contradição ambulante leia o Estadão. Lula, com seu passado e sua proximidade com outros ditadores do mesmo quilate, tem que explicar o que fala e o que não fala. Silenciar sobre o que Ortega está fazendo contra religiosos e leigos em seu país não é um sinal de respeito à autonomia dos povos! É um desrespeito à humanidade e um “aborto” de sua alegada religiosidade.