Percival Puggina
Leio no Diário do Poder
O novo presidente da Argentina, Javier Milei, começou seu governo cumprindo o compromisso de usar a “motosserra” que virou símbolo da sua campanha, e extinguiu metade dos 18 ministérios existentes no desastrado governo do antecessor Alberto Fernández.
Após o corte, cujo objetivo é reduzir os gastos públicos, o governo Milei será composto apenas pelos ministério do Comércio Internacional e Culto, Defesa, Economia, Infraestrutura, Interior, Justiça, Relações Exteriores, Saúde e Capital Humano e Segurança.
O decreto reduzindo seu ministério à metade foi o primeiro que Milei assinou tão logo começou a trabalhar em seu gabinete na Casa Rosada, sede do governo argentino.
Em seu discurso oficial de posse, ele prometeu que não haverá retorno aos tempos que levaram a Argentina ao caos econômico.
“Não há retorno”, avisou. “Hoje encerramos décadas de fracasso e disputas sem sentido. Hoje começa uma nova era na Argentina, era de paz e prosperidade, de conhecimento e desenvolvimento, de liberdade e progresso”.
Comento
Não conheço a Constituição argentina, mas fico pensando se Bolsonaro tivesse iniciado seu governo com o mesmo ânimo saudável – é importante que se diga – com que Milei inicia seu ataque ao Estado casca grossa e intervencionista.
O que fariam os príncipes da República? O que diriam os signatários do manifesto da USP? Como reagiriam os que puxam os cordéis no STF e qual teria sido a reação do TSE argentino durante a campanha eleitoral? A motosserra seria tolerada ou vista como uma incitação ao desmatamento?
Num dos meus primeiros artigos quando, em 1985, comecei a escrever sobre política expressou um delírio distópico. Nele, o Estado era uma disputada vaca leiteira e eu sonhava com que alguém desse um nó nas tetas dessa vaca que dissipava e malbaratava os bens gerados pela sociedade.
Por isso, olho com imensa simpatia para o ânimo de Milei, esperando que ele perdure e que os incomodados percebam o quanto são necessárias as medidas que serão tomadas.