• 11/02/2021
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EM SANCTI SPÍRITUS (CUBA) ESTUDANTES SÃO OBRIGADOS A COMPARTILHAR COM O ESTADO DADOS DE SUAS REDES SOCIAIS

 

Leio em CubaNet

Uma exigência do Departamento Técnico de Investigações (DTI) às instituições de ensino de Trinidad pede aos alunos do ensino médio e pré universitário dados de suas redes sociais

No grupo privado do Facebook Trinitários, uma usuária identificada como Mercedes denunciou que as escolas do município pedem a crianças e adolescentes dados relativos a seus perfis em redes sociais e celulares. Eles atribuem essa demanda a uma exigência do DTI às instituições de ensino.

Na publicação, outros usuários corroboraram a ordem e expressaram sua contrariedade. "É verdade, minha filha foi convidada", escreveu Jenny, ao que outra mãe, Yuleydi, acrescentou que, no caso dela, a mesma coisa aconteceu.

CubaNet confirmou a denúncia com outros quatro familiares dos alunos envolvidos. Todos concordaram que entre os dados que os meninos deveriam compartilhar estavam: número do celular e nome do dono da linha, perfis nas redes sociais e grupos a que pertencem nos canais do Facebook, WhatsApp  e Telegram. Nenhuma dessas famílias foi informada ou pediu consentimento.

As famílias relatam que em meados da semana anterior, em vários centros de ensino médio e médio da cidade, os professores colocaram uma folha em branco na frente dos alunos para que eles preenchessem os dados descritos acima. Como disse a CubaNet Margarita, tia de um dos adolescentes, poucos dias depois no colégio urbano Eduardo García Delgado, os professores chamaram os pais porque alguns jovens haviam fornecido informações falsas sobre seus perfis. Eles não concordaram em fornecer os dados e mentiram. A demanda de registro, expressaram então, partiu do DTI e não da escola. Eles não devem resistir.

Quando questionada sobre o motivo de quererem localizar os perfis de cada um dos meninos e dos grupos a que pertencem, Margarita especula que parece um “mecanismo de vigilância para limitar o que eles podem compartilhar ou falar nas redes”.

Em 2017, uma análise da Anistia Internacional da censura de Cuba ao espaço virtual e aos mecanismos de controle os descreveu como uma extensão da vigilância cidadã realizada no mundo offline. O estudo acrescenta que saber que você está sendo observado na Internet aumenta a probabilidade de a autocensura consumir ou compartilhar conteúdo que pode ser crítico para a gestão do Estado. Este, para alguns dos familiares entrevistados, pode ser um dos objetivos da medida.

Vários estudantes cubanos, principalmente de nível superior, têm sido perseguidos por suas postagens em redes críticas à gestão do Estado. Em setembro de 2020, o estudante de medicina José Carlos Santos foi expulso da carreira após intercâmbio online que manteve com um empresário da província de Artemisa. O jovem de 23 anos foi separado da universidade por responder a um oficial de Mariel quando ele chamou os emigrantes cubanos de "vermes". Com esta medida de vigilância, um funcionário local entusiasta procura impedir a liberdade de expressão dos adolescentes?(...)

COMENTO

Quando estive em Havana, pela segunda vez, já havia internet na Ilha. Algo que pareceria uma lan house funcionava em ponto comercial no centro da cidade. No entanto, quando quis expedir um artigo por e-mail, com observações sobre a Ilha, para o jornal Correio do Povo, percebi que a tarefa de digitação e envio ficava a cargo de uma servidora do Estado... Mudei de ideia. De outra feita, os hotéis já dispunham de internet na portaria, o que dava mais ou menos no mesmo, mas era por ali que operavam os correspondentes estrangeiros. Em 2011, os celulares já haviam chegado e o controle estatal chegou junto.

Se hoje nos incomoda, justificadamente, a censura das plataformas, o fechamento de contas incômodas, imagine o que significa viver permanentemente, desde a infância, sabendo que está sob observação e que toda expressão de seu pensamento é controlado pelo Estado. Mas a esquerda brasileira, "democrática" como ela só, adora aquele regime e seus criminosos.