• 07/03/2017
  • Compartilhe:

MORO PÕE JOÃO VACCARI NO BANCO DOS RÉUS PELA OITAVA VEZ

Acusado de arrecadar propinas ao PT sobre contratos do pré-sal.

(Publicado originalmente no excelente Diário do Poder)

 

Condenado a 41 anos de prisão na Operação Lava Jato, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto tornou-se réu em mais uma ação penal. Desta vez, por corrupção passiva. O juiz federal Sérgio Moro aceitou denúncia da Procuradoria da República contra o petista e mais quatro investigados.


São acusados, além de Vaccari, o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque, os ex-gerentes da estatal Eduardo Costa Vaz Musa e Pedro Barusco, o ex-presidente da Sete Brasil João Carlos de Medeiros Ferraz por crime de corrupção passiva e aos quatro primeiros ainda o crime de lavagem de dinheiro. A Procuradoria da República imputa a Guilherme Esteves de Jesus o crime de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e pertinência à organização criminosa.

 

Eduardo Musa, Pedro Barusco e João Ferraz são delatores da Lava Jato. Renato Duque está preso desde março de 2015, em Curitiba (PR), e condenado a mais de 50 anos de detenção em três processos julgados pelo juiz da Lava Jato. Vaccari foi capturado em abril do mesmo ano e já está condenado em quatro ações a penas de 15 anos e 4 meses, 9 anos, 6 anos e 8 meses e 10 anos. O petista ainda responde a três processos sem sentença final. Guilherme Esteves de Jesus foi preso em fevereiro daquele ano e solto em maio seguinte.

 

A Sete Brasil foi constituída para fornecer sondas para a exploração do petróleo na camada de pré-sal à Petrobrás. Após ganhar a licitação, a Sete Brasil negociou 21 contratos de construção dessas sondas com vários estaleiros, Estaleiros Keppel Fels, Atlântico Sul, Enseada do Paraguaçu, Rio Grande e Jurong, sendo sete sondas negociadas com o Estaleiro Jurong.

 

Barusco e Ferraz foram indicados pela estatal para cargos de direção na Sete Brasil, respectivamente para Diretor de Operações e para Presidente.

 

Segundo a denúncia, foi cobrada propina de 0,9% sobre o valor dos contratos. O valor teria sido dividido em 1/6 para Renato Duque e para o gerente executivo de Engenharia e Serviços da Petrobrás Roberto Gonçalves, 1/6 para Pedro Barusco, Eduardo Musa e João Carlos Ferraz, e 2/3 para o PT, que seriam arrecadados por João Vaccari Neto.

 

“Por questões pragmáticas relativas ao pagamento da propina, ficou acertado que os Estaleiros Atlântico Sul, Enseada do Paraguaçu e Rio Grande pagariam somente as propinas dirigidas ao Partido dos Trabalhadores, o Estaleiro Jurong pagaria somente propinas dirigidas aos executivos da Petrobrás e aos da Sete Brasil, enquanto que o Estaleiro Keppel Fels pagaria a todos”, relata Moro sobre trechos da denúncia.

 

“Teria ainda sido acertado por fora um pagamento de propina adicional de 0,1% destinado exclusivamente a Pedro José Barusco Filho. A vantagem indevida acertada com o Estaleiro Jurong teria sido intermediada pelo acusado Guilherme Esteves de Jesus, representante do Grupo Jurong. A vantagem indevida teria sido paga mediante transferências subreptícias no exterior, com contas secretas em nome de offshores.”

 

O juiz da Lava Jato aceitou a denúncia na sexta-feira, 3.

 

“Há, portanto, em cognição sumária, razoável prova de que houve acertos de propinas envolvendo agentes da Petrobras, agentes da Sete Brasil e agentes políticos, nos contratos da Sete Brasil com os estaleiros responsáveis pelo fornecimento de sondas à Petrobrás, e que Guilherme Esteves de Jesus, representando o Estaleiro Jurong, participou desses acertos e realizou o pagamento das propinas acertadas”, anotou. (AE)