• 28/07/2014
  • Compartilhe:

VERDADES INCÔMODAS

 Grandes verdades raramente são confortáveis. A verdade é politicamente inadequada. Normalmente tira voto. Por isso, em campanhas eleitorais, a mentira é o artifício mais comumente utilizado.

Estamos em pleno período eleitoral, as candidaturas presidenciais estão na rua, os indicadores econômicos são péssimos. E cabe à mídia debruçar-se sobre os números e extrair as conclusões que eles podem fornecer. Ontem à noite, na Globo News, a jornalista Mônica Waldvogel entrevistou três economistas que representavam as candidaturas de Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos. Enquanto os opositores apontavam uma situação preocupante para a economia nacional, o governista tratava de desfiar o que ele chamava de olhar o outro lado, apontando realizações do governo no âmbito econômico e social. Não tenho dúvida de que o eleitor desavisado tenha se sentido mais fortemente atraído por quem lhe disse que tudo vai bem.

Evidencia-se, então o mais grave de todos os problemas. Até o presente momento, a candidatura com maior possibilidade de vitória é aquela que pensa estar tudo muito bem no país, mesmo quando voltamos a ter a maior taxa de juros do mundo e quando (*):
• o crescimento do PIB mal tenha passado de 2% nos três primeiros anos de seu governo e que os prognósticos para 2014 andem na casa de mirrado 1%;
• ao longo dos últimos quatro anos, tenhamos crescido, em média 2%, ou seja, menos do que a América Latina (3,4%), países emergentes (5,2%) e resto do mundo (3,3%);
• a inflação se mantenha arranhando os 6% ao longo dos quatro anos de Dilma, mesmo com controle de preços de combustível e eletricidade (duas bombas de efeito retardado, por motivo eleitoral);
• o consumo do governo tenha alcançado 22% do PIB, o valor mais alto desde 1995;
• nossas contas com o resto do mundo dependam da entrada especulativa de dólares;
• a dívida da Petrobras tenha mais do que duplicado, as ações da Eletrobras representem apenas um terço de seu valor em maio de 2011.
Ou o Brasil se encontra com a verdade ou vai tropeçar nela. E muita gente vai quebrar o nariz.

 *Dados da Empiricus Research, julho de 2014