• Percival Puggina
  • 21/03/2021
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O CHILE, AH, O CHILE,SIM!

Percival Puggina

 

“O Chile sim, cuidou bem de sua população e obtém resultados maravilhosos dentro da América Latina”.

Isso ou algo muito parecido com isso você deve ter lido ao longo dos últimos meses. E sempre com o intuito de desfazer do governo federal, o único, no mundo, responsável direto por todas e cada uma das mortes causadas pela covid-19...

Só que não. As comparações desmentem essa benemérita e excepcional realização do governo chileno. Se não, vejamos:

  1. População do Brasil: 212,00    milhões
  2. População do Chile:    19,00    milhões  (11 vezes menor)
  3. Casos de covid-19  no Brasil:  12,00    milhões
  4. Casos de covid-19 no Chile:      0,92    milhão   (13 vezes menor)
  5. Óbitos covid-19 no Brasil  292,75    mil       
  6. Óbitos covid-19 no Chile     22,18    mil   (13 vezes menor)

Fica evidente que as diferenças não são tão significativas, principalmente porque o país andino, com pequena população e nível cultural e econômico superior ao brasileiro, concentra em sua região metropolitana 36% da população. Tudo fica mais fácil. Por outro lado, o Brasil retardou algumas semanas o início da vacinação. Mas o Brasil tem a Anvisa, órgão de Estado, com a credibilidade que a OMS deveria ter e não tem. A agência brasileira seguiu seus próprios protocolos para liberação das vacinas até ser atropelada pelas exigências. Já agora, a vacinação avança mais rapidamente e a curva começa a se deslocar na direção vertical, como podem observar os que acompanham os gráficos de Our World in Data.

Mas voltemos à realidade chilena. Apesar da largada prematura para vacinação, o Chile enfrenta um crescimento expressivo de novos casos (a semelhança de muitos outros países, inclusive o Brasil). No dia de ontem (20/03), o Chile registrou 7.043 novos casos enquanto o Brasil registrou 79.079, mantendo proporcionalidade  à população, ou seja, um número 11 vezes maior.

A curva da Covid-19 cresce nos totais globais à base de 500 mil novos casos diários, mas para a imprensa nacional e internacional, graças ao trabalho da mídia militante brasileira, só o Brasil é um inferno na terra e um perigo para a comunidade mundial. Quem não vê nisso ideologia, interesses econômicos e política – todos da pior espécie – é porque não quer ver.