Quando assisti pela primeira vez o vídeo mostrando crianças de uma escola de primeiro grau, no Japão,executando os trabalhos de limpeza do estabelecimento, entendi o motivo pelo qual os japoneses fizeram o mesmo nos setores dos estádios que ocuparam durante a Copa. Depois, ao postar o vídeo e receber sobre ele manifestações de leitores no Extremo Oriente, soube que esse procedimento é normal por lá e se estende a praticamente todas as atividades. As pessoas são ensinadas a limpar e a manter limpo os locais que ocupam. Lembrei-me também de Bill Gates aos jovens: "Queres mudar o mundo? Começa arrumando teu quarto".
Entendi, também, que não se pode esperar bons hábitos de uma sociedade que não foi educada para tê-los. E que tudo fica muito mais difícil quando somos minuciosamente deseducados aos bons modos. Imagine, leitor o que aconteceria no Brasil se alguma escola introduzisse tais práticas em suas pedagogia. No dia seguinte, a diretora estaria na capa dos jornais, denunciada pelo Ministério Público e, muito provavelmente candidata a linchamento pelos pais da comunidade. Seria acusada de abusadora e de exploradora do trabalho infantil. Conformemo-nos, então. Jamais seremos como os japoneses. Deixemos que nossos governantes desgovernem o país e deem conselhos ao mundo. Eles sabem.
Eles sabem o que fazem. Foi por saberem o que fazem que nossos conselheiros do Conselho Estadual de Educação quiseram proibir as escolas de expulsar alunos nos quais se esgotaram as possibilidades de obter conduta compatível com a vida civilizada e com o ambiente escolar. A quem serve ampliar ao infinito a impunidade da indisciplina nas escolas? Só pode servir a quem se beneficia da desordem. Só serve a quem precisa da desordem para seu projeto de desestabilização da ordem. Simples como isso. E como bem se vê em toda parte.