Percival Puggina

Todas as minhas postagens na plataforma recebem a companhia de um aviso que diz assim:

 “Acesse o site da Justiça Eleitoral para encontrar informações oficiais sobre as eleições de 2022”; logo a seguir, um link: “Obter informações sobre as eleições”.

Eu os apago e eles voltam. Você, por certo, já se deparou com isso em seus próprios posts e nos que acessa.

Para quem não sabe de que se trata, registro que quando clicado o link “Obter informações sobre eleições” abre-se tela da Justiça Eleitoral com alguns conteúdos e outros links.

Há duas possibilidades para tais ocorrências que até hoje ninguém se deu o trabalho de explicar e sobre as quais não há registro no Google: 1ª) que sejam iniciativa da própria plataforma; e 2ª) que sejam determinação do TSE.

Na ausência de qualquer explicação e como a primeira possibilidade carece de razoabilidade, resta a segunda. O TSE determinou à plataforma que assim proceda. No entanto, há aí erro e intromissão. A conduta poderia encontrar algum sentido com relação a conteúdos que tratem de questões eleitorais propriamente ditas: urna, contagem de votos, impressora, propagandas, etc. No entanto, essa etiqueta aparece em conteúdos políticos, em matérias de opinião que nada têm a ver com o campo de atuação da corte eleitoral.

O que eles têm a ver com Justiça Eleitoral? O que a Justiça Eleitoral tem a ver com eles? É o TSE quem escolhe onde se intrometer ou é a plataforma quem o faz? Autorizadamente ou não? Em qualquer dos casos, trata-se de deficiência intelectual de algoritmo analfabeto.

Na hipótese mais provável, é mais do mesmo: nossos tribunais superiores interferindo e dizendo presente num espaço dos cidadãos, que é o espaço da política propriamente dito. Nesses casos, a etiqueta em questão é uma péssima notícia.

  • Percival Puggina
  • 09 Outubro 2022

 

Percival Puggina

         Em entrevista coletiva, o presidente do TSE afirmou que a Corte não tem nenhum envolvimento com as pesquisas de intenção de voto, por isso não lhe cabe comentar as divergências constatadas entre elas e os resultados do primeiro turno. Disse ele:

“O TSE só registra as pesquisas. Se houve diferenças entre os números da pesquisa e o resultado das eleições, quem deve explicar isso são os institutos. Em relação a possíveis investigações, se houver algum indicativo de ilícito, isso compete ao Ministério Público Eleitoral”.

Comento

O que o ministro disse, faz sentido. Contudo, se a situação fosse inversa e se o senador Randolfe Rodrigues tivesse interposto alguma de suas indignadas solicitações à corte, a resposta e a atitude talvez fossem outras.

 

O ministro que agora diz ser incumbência do Ministério Público Eleitoral lidar com indicativos de ilícitos, é o mesmo que em outros casos – também de ampla repercussão política – age por conta própria e, por vezes, até contra a posição do Procurador Geral da República.

Por fim, não há dúvida de que pesquisas afetam o resultado de eleições e estão no âmbito do direito de informar. Como a todo direito corresponde um ou mais deveres, desnecessário se torna explicitar o dever no que se refere à correção das informações proporcionadas por pesquisas.

Esse dever é descumprido se elas forem manipuladas para corresponderem à posição política de quem as realiza ou ao anseio (wishfull thinking) dos meios de comunicação que as contratam. Pesquisas podem esvaziar e inflar candidaturas, podem decidir para onde vai o poder e são mercadoria com amplo efeito sobre o fato central das democracias: as campanhas eleitorais e as eleições.  

Soa estranha, por isso, a ablução de mãos do presidente de um tribunal preocupado com saber em que sala ou saleta o presidente da República profere suas lives.  

  • Percival Puggina
  • 07 Outubro 2022

 

Percival Puggina

Só falta explicitarem a conduta com essas palavras. Censurar matéria sobre as afinidades, firmadas ao longo do tempo, entre Lula e seu partido com as ditaduras de esquerda na América Latina e na África é como tapar o sol com um botton Lula-lá.

A refutação da Gazeta do Povo (leia aqui) à atitude arbitrária do ministro do TSE que determinou a supressão de matéria sobre as relações entre Lula e Ortega derruba a narrativa da decisão com fatos e feitos. Mas esse é um problema que contaminou as instituições do país: o conforto das narrativas abranda fatos e isenta criminosos de suas culpas.

Ainda que Lula e Ortega jamais tivessem trocado um olhar, não fossem membros destacados do Foro de São Paulo, e o PT nunca houvesse felicitado o ditador em suas “reeleições”, mesmo assim persistiria um fato concreto: a relação entre o partido de Lula e a FSLN estaria no mesmo patamar das que Lula mantém com a ditadura cubana, com a ditadura venezuelana e tantas outras mundo afora.

O silêncio de alguém como Lula sobre o que está em curso na Nicarágua é, sim, motivo de análise por um jornalismo consistente como o da Gazeta do Povo. Quem quiser uma contradição ambulante leia o Estadão. Lula, com seu passado e sua proximidade com outros ditadores do mesmo quilate, tem que explicar o que fala e o que não fala. Silenciar sobre o que Ortega está fazendo contra religiosos e leigos em seu país não é um sinal de respeito à autonomia dos povos! É um desrespeito à humanidade e um “aborto” de sua alegada religiosidade.

  • Percival Puggina
  • 06 Outubro 2022

 

Percival Puggina

“Lula não é uma opção eleitoral, com seu governo marcado pela corrupção da democracia. Contra o projeto de poder do PT declaro, no segundo turno, apoio a Bolsonaro.” (Sérgio Moro, no Twitter)

       Há pouco mais de duas horas, o ex-juiz Sérgio Moro, eleito senador pelo Paraná, publicou essa declaração em sua conta no Twitter. É uma proclamação, moral e politicamente relevante.

Moro conheceu a parte mais vil das entranhas dos governos petistas. Teve diante de si a inteira história documentada da corrupção, contada por corruptores e por corrompidos. Rompeu com Bolsonaro por divergências de estilo, ou por se perceber preterido na indicação a uma futura vaga no STF.

Ensaiou sua jornada impossível às estrelas sem combustível político suficiente para abrir caminho como terceira via na eleição presidencial.

Agora, diante da cena sucessória, toma a decisão certa: juntar-se aos que defendem o Brasil de uma realidade que conheceu como nenhum outro cidadão do país.

  • Percival Puggina
  • 04 Outubro 2022

Percival Puggina

         Aqui no Rio Grande do Sul, a RBS cuidou de valorizar ao máximo os resultados das pesquisas que contratou com o tão resoluto quanto equivocado IPEC. Por aí andou durante meses, sempre com a oposição e sempre sinalizando uma vitória arrasadora do ex-governador Eduardo Leite sobre Onix Lorenzoni.

Na eleição para o Senado, as fichas do IPEC eram postas na ex-funcionária do grupo de comunicação, Ana Amélia Lemos, que queria voltar ao Senado, ou de Olívio Dutra, o ex-governador octogenário que prometeu dividir o mandato com seus suplentes... Contados os votos, Eduardo Leite, por um infinitésimo, não chegou em terceiro; Mourão, que seria o terceiro, chegou em primeiro.

Na eleição presidencial, o IPEC previa, no Rio Grande do Sul, vitória de Lula com 44% contra 42% de Bolsonaro. Dois dias após a divulgação da pesquisa, Bolsonaro venceu o pleito aqui por 49% a 42%.

Hoje de manhã, no editorial de Zero Hora, li a mera constatação de que as pesquisas erraram, seguida da cobrança de pacificação nacional e de maior objetividade dos candidatos em relação às suas propostas na campanha do segundo turno.

Mas se é para pacificar, seria importante que essa pacificação começasse dentro de casa, proporcionando calmante aos esquerdistas que dominam os conteúdos do grupo. E que não retornassem a afrontar os fatos com informações de um instituto de pesquisa cujo trabalho contribuiu para o fiasco expresso em gráficos e números que a empresa apresentou à sociedade gaúcha.

 

 

 

 

 

 

 

  • Percival Puggina
  • 03 Outubro 2022

Percival Puggina

         É imperioso, urgente, para o bem da democracia e do estado de direito, romper com a prevaricação, disfarçada de “equilíbrio institucional” e abençoada pela velha imprensa, que se estabeleceu entre o Senado Federal e o Supremo Tribunal Federal. Essa realidade está duramente explicitada em reiteradas declarações dos senadores Álvaro Dias, Eduardo Girão e Lasier Martins. Ao abdicarem dos julgamentos que reciprocamente lhes competem, os dois poderes desarmam a democracia das proteções constitucionais atribuídas a ambos.

O produto é abuso do poder, omissões absolutas, tirania ativa. Senadores que não são julgados pelos crimes de que são réus e ministros que fazem política em regime de dedicação exclusiva. Portanto, a eleição dos novos senadores é importantíssima para que se rompa esse ciclo vicioso.

No Rio Grande do Sul, a valerem as pesquisas na eleição para o Senado, o candidato do PT – ex-governador Olívio Dutra (em cuja posse no posto de governador foi hasteada uma bandeira de Cuba na sacada do Palácio Piratini) lidera as intenções de voto. Só não será eleito se os eleitores de um dos candidatos que aparecem em segundo e terceiro lugar migrarem suas preferências para o outro. Difícil de combinar, mas fácil de decidir.

O general Mourão, que aparece em segundo lugar na pesquisa IPEC divulgada ontem (30/09) à noite, é o candidato apoiado pelo presidente da República e isso já diz muito para quem sabe a importância de uma base parlamentar do governo no Congresso.

A ex-senadora Ana Amélia, em 2012, quando senadora pelo Progressistas, apoiou Manuela d’Ávila como candidata a prefeita de Porto Alegre; em 2018 integrou como vice-presidente a chapa de Geraldo Alckmin. Agora, disputa o Senado pelo PSD, partido que no Rio Grande do Sul apoia a candidatura de Eduardo Leite (PSDB), adversário declarado do Presidente da República. Por fim, num cenário político como o atual, o PSD alega não ter candidato à presidência, embora seu líder Gilberto Kassab faça acenos para Lula e para o PT.

São razões práticas que tenho como suficientes para recomendar, a quem não for de esquerda, um voto indispensável no general Mourão (100).

  • Percival Puggina
  • 01 Outubro 2022