Assim ele narra o ocorrido:

Fui censurado!

Mais uma vez. Sim, mais uma vez, ou vocês acham que ser o escritor do Desconstruindo Paulo Freire é sinônimo de incomodar pouca gente?

Por aqui, há calo no lombo. Gritar trincheira não é só replicar o meu herói Hemingway, mas um estado de vida. Somos os novos punks.

Vejam isso, pessoal: eu e minha equipe, por meses, elaboramos a divulgação do meu novo curso A Era Vargas: o Brasil que não morreu - que vocês podem se inscrever no link disponível aqui no perfil. Meses! Não sou o sujeito que ejacula cursos, mas o professor que tem um cronograma estruturado de temas para os meus próximos anos. Posso não estar vivo, mas a organização existe. Então, hoje, sim, fui muito prejudicado, afinal, no momento da live inaugural, fui informado que estou bloqueado. Exatamente no momento! Todo um planejamento jogado pelo ralo em instantes. Segundos. Fiz o que pude para remendar o ferimento. Houve triunfo, mas com danos.

Faço o que posso diante dessa banalização do mal: ministro aulas gratuitas, restauro patrimônios, edito livros e tento montar cursos acessíveis financeiramente. Tudo isso pouco importa pois sou o vilão antidemocrático.

Hoje, fui muito prejudicado por uma plataforma que, na relação profissional que estabeleço com ela, não poderia ter feito isso. Vivemos em tempos de Guerra cultural. De um lado, o establishment nas suas variadas formas. De outro, uma resistência, quase mínima e que faço parte, formada por historiadores que romperam com a bovinagem.

De um modo muito pessoal eu peço: esteja comigo nesse novo curso. Vivemos o efeito do que Vargas semeou, e você precisa saber disso.

Obrigado aos que estiveram comigo.

Hoje a trincheira foi testada. Que Osório nos ajude.

Comento

Conheço o historiador Thomas Giulliano desde seus tempos de estudante. É um desses casos em que o sucesso é arrancado desde o âmago do ser humano, num contexto de severas dificuldades, com muito suor, chuva e sol no lombo, pestana queimada em livros, e livros, mais e mais livros que se erguem em pilhas porque não há espaço na horizontal.

Assim nasceu um historiador cujo trabalho é produto simbiótico de sua fé no que faz e de sua fé em Deus; historiador que ajuda a fazer a história de seu tempo sobre a análise constante dos fatos e a repetitiva coreografia dos atores.

De uns tempos para cá, a censura política (seja a oficial, seja a das plataformas) foi se tornando mais e mais ideológica. Formas refinadas de censura são fascismo, sejam de que cor forem.

Meus leitores certamente conhecem Thomas Giulliano através de suas participações em produções do Brasil Paralelo. Conheçam-no, também, através do seu site e dos seus cursos em www.thomasgiulliano.com.br.

  • Percival Puggina
  • 08 Dezembro 2022

 

Percival Puggina

         Há, realmente, um contingente numeroso de pessoas que cujo respeito aos símbolos nacionais e cujo afeto ao Brasil são definidos pelo governante da hora. Se o presidente joga no seu clube ideológico, ele levanta a bandeira, põe na janela, torce pela seleção. Se o presidente é adversário, ele vira as costas para a bandeira ou sapateia sobre ela, imita o Tite e não canta o Hino Nacional, torce para que Neymar quebre a perna, para que a seleção nacional se desclassifique, quer que tudo de errado para o país

Desculpe a linguagem, um tanto fora do meu feitio, mas isso é sintoma de uma colossal debilidade de mente e espírito. Pessoas assim são incapazes de organizar um arquivo, de classificar, perceber diferenças e separar coisas distintas. Ou são submissas a um pacote homogêneo e fechado de ideias prontas e não querem reconhecer diferenças que ele desaconselha identificar.

No caso, trata-se de não confundir uma pessoa com a pátria. Trata-se de perceber que a pátria não é alguém e que o inverso também é verdadeiro. Fica evidente assim, do mesmo modo, que o amor à pátria é submisso à política, ou seja, é um amor de ocasião, tipo sexo casual.

Que pelo menos esses cidadãos cíclicos saibam: a gente vê o que fazem e temos palavras para descrever o que vemos.

  • Percival Puggina
  • 07 Dezembro 2022

 

Percival Puggina

Leio na Gazeta do Povo

Desde o dia 13 de setembro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) conta com uma empresa privada dedicada a fazer monitoramento em sites e redes socais não apenas de temas relacionados à Justiça Eleitoral, mas também de usuários que façam publicações sobre termos e palavras-chave que o TSE manifeste interesse. A importante matéria pode ser lida aqui: https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/tse-mantem-contrato-empresa-monitorar-identificar-criticos-justica-eleitoral/.

Comento

Noutros pontos da matéria, a Gazeta informa que entre os interesses explicitados nos objetivos do contrato se inclui a identificação de “fontes detratoras” e “ações coordenadas”.

Ontem (20/11), durante sessão da Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle (CTFC), os bons senadores Espiridião Amim, Eduardo Girão e Luiz Carlos Heinze falaram sobre o tema expressando a necessidade de investigar esse contrato que bem deveria caber no âmbito de uma CPMI (Comissão parlamentar mista de inquérito) sobre abuso de autoridade. Unindo as duas casas do Congresso, ampliar-se-ia o caráter da CPI proposta pelo deputado Marcel van Hattem que, com mais de 200 outros deputados, pede a instalação de uma CPI com esse intuito na Câmara dos Deputados.

Meus leitores devem lembrar que em artigos escritos nos últimos meses eu mencionei o caráter abusivo e invasivo do trabalho que designei como ação de cães farejadores no espaço digital. Não sou adivinho, em algum lugar isso já tinha sido divulgado. Assim, pelo menos desde o dia 13 de setembro (três semanas antes da eleição e já contando 11 semanas de operação), algo do que pagamos como impostos e vai destinado à Justiça Eleitoral serve para que esta nos vigie. Mais bem faria a instituição se nos protegesse de quem quisesse nos vigiar.

O fato de os poderes de Estado serem informados pelos jornais com tanto atraso é a omissão, cadeira ministrada pelo professor Rodrigo Pacheco, e primeira palavra do título deste comentário. A segunda palavra se refere às consequências. Tenho certeza de que se abrisse aqui uma enquete sobre possíveis consequências dessa informação, a resposta mais frequente seria “Não vai dar nada”. É a tolerância. E a terceira palavra vai para a imensa multidão dos desinformados, dos que estão de bobeira, dos que não têm ideia de onde estão metidos. Simplesmente são levados ao mesmo brejo para onde a vaca é puxada.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

 

 

  • Percival Puggina (com conteúdo da Gazeta do Povo)
  • 30 Novembro 2022

 

Percival Puggina

         Em editorial de ontem (28/11), com o título “Ofensiva política contra o Judiciário), o Estadão atacou CPI do abuso de autoridade. Abriu o texto com as seguintes palavras: “Um sintoma da atual crise brasileira é a irresponsabilidade. Gente com cargo público, que se comprometeu a respeitar a Constituição, tem atuado como se o único critério a pautar sua atuação fosse agradar a seu eleitorado. Para essa turma, não há separação de Poderes, não há limite constitucional. Para insuflar os apoiadores, vale até achacar o Judiciário.”

Se você, leitor, prestar atenção ao vocabulário utilizado pelo editorialista, certamente há de identificar nele o modo alexandrino de menosprezar a divergência: “ofensiva política”, “irresponsabilidade”, “gente”, “turma”, “insuflar”, “achacar”. Para usar um lugar comum de origem freudiano, são vocábulos que falam muito mais de quem ataca do que daqueles a quem se dirige o ataque.

O editorialista cumpriu sua tarefa. Defendeu aqueles que, nessa configuração do STF, violam a Constituição, restringem liberdades essenciais dos cidadãos, alarmam uma população habituada ao democrático convívio com a liberdade de expressão, reintroduzem a censura e a ameaça nas relações entre o estado e a sociedade. Sua crítica voltou-se ao autor do pedido da CPI, deputado Marcel van Hattem e aos 190 deputados federais que já subscrevem a iniciativa. Quanto a passividade do Congresso tem sido conveniente a quem defende um projeto autoritário!  Nele, a liberdade de expressão há de ser distribuída pelo grande irmão orwelliano como prêmio por boa conduta.

A cegueira ideológica que acometeu os veículos do consórcio não lhes permite perceber que, ao acalentar a tirania e seus malfeitos, mantêm nas ruas em todo o país quem não quer viver na servidão. São pessoas que percebem e não aceitam a inversão que vem impondo a primazia do Estado sobre a sociedade. Elas sabem que o Estado e seus aparelhos existem para servi-las e não para a elas se sobreporem restringindo-lhes liberdades fundamentais.

O obsessivo ativismo e a militância político-ideológica do STF já foram denunciados reiteradas vezes por inúmeros juristas. Um poder de estado exercido com ira repressiva encontrará resistência em povos livres. Como recorrer de sanções se os recursos serão julgados pelos que sancionaram? Triste papel o do jornalismo que convalida a tirania e o abuso.

Foi nessa arapuca que o Brasil travou.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

  • Percival Puggina
  • 29 Novembro 2022

Percival Puggina

 

         Leio Neymar em seu Instagram

O orgulho e o amor que sinto de vestir a camisa não tem explicação. Se Deus me desse a oportunidade de escolher um país pra nascer, ele seria o BRASIL.

Nada na minha vida foi dado ou fácil, sempre tive que correr atrás dos meus sonhos e das minhas metas. Jamais desejando o mal de alguém e sim ajudando quem precisava.

Hoje se tornou um dos momentos mais difíceis da minha carreira… e de novo em uma copa do mundo tenho lesão sim, é chata, vai doer mas eu tenho certeza que vou ter a chance de voltar porque eu farei o possível pra ajudar meu país, meus companheiros e a mim mesmo.

Muito tempo de espera pro inimigo me derrubar assim? JAMAIS!

Sou FILHO DO DEUS DO IMPOSSÍVEL e minha FÉ é interminável.

Comento

Quando tantos queimam bandeiras, torcem contra o Brasil, celebram a lesão do atleta e a ele desejam todo o mal que carregam no coração, Neymar transmite seu amor à terra onde nasceu. Em poucas palavras, menciona os pontapés da vida, supera a chaga das invejas alheias, expressa sua fé interminável no Deus do Impossível - uma bela construção poética e estética para definir o poder divino.

Enquanto alguns falam sobre as dificuldades dos mais pobres e excitam o ódio contra os ricos, usam sua fortuna para financiar abortos e destruir as bases da civilização, Neymar mantém o Instituto que leva seu nome para acolher e proporcionar melhores condições a crianças e jovens carentes no bairro onde nasceu e onde conheceu essas dificuldades como experiência vivida. 

Espero que ele se recupere e volte para jogar a Copa em cujo cenário internacional, mesmo submetido a tratamento, é o grande e reverenciado nome do Brasil.

   

  • Percival Puggina,, com texto de Neymar no Instagram
  • 28 Novembro 2022

 

Percival Puggina

 

Leio no site da OAB/RS

            O presidente da OAB/RS, Leonardo Lamachia, encaminhou, junto dos presidentes da OAB do Acre, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco e Rondônia, ao CFOAB, um pedido de providências sobre supostas violações ao Estado Democrático de Direito e ao devido processo legal perpetradas por parte do ministro Alexandre de Moraes, do TSE e do STF.

Somos contrários a atos que violam frontalmente a Constituição Federal, atentando contra o Estado Democrático de Direito. Deve-se impor limite às decisões judiciais proferidas de ofício, em procedimentos atípicos, que não respeitam as prerrogativas da advocacia, o devido processo legal, bem como ferem o Direito de manifestação, de livre expressão e imprensa, assegurados constitucionalmente”, afirma Lamachia.

O requerimento encaminhado pelas seccionais questiona, entre outros tópicos, a recente decisão monocrática do ministro sobre o bloqueio de contas bancárias de mais de 40 pessoas físicas e jurídicas.

“Os fatos divulgados pela mídia nacional sugerem que tal decisão foi proferida sem qualquer notificação prévia dos supostos envolvidos, nem mesmo o Ministério Público, sabidamente fiscal da lei em procedimentos judiciais, o que pode, em tese, caracterizar o afastamento dos consagrados princípios constitucionais do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório”, diz o requerimento enviado ao Conselho Federal da OAB.

Comento

Vivemos num estado de exceção, em cuja vigência nossos direitos são relativizados e as arbitrariedades rotinizadas. A ideia é que nos habituemos e não mais percebamos que estamos sendo expropriados de nossa liberdade e de nossa dignidade. No final, o que haja de humano em nós, vai junto. Foi e é sempre assim quando mentes totalitárias assumem o comando.

É forte sintoma do recuo de nossos direitos como cidadãos, o fato de algumas seccionais da OAB terem de erguer sua voz ante o Conselho Federal da Ordem, para que a OAB Nacional cumpra sua missão ante o estado de exceção implantado no país e busque restaurar o devido processo e as prerrogativas dos advogados sejam respeitadas nos luxuosos salões do STF/TSE.

Vale o mesmo para o silêncio de inverno antártico da outrora ruidosa e militante CNBB, sempre pronta, até bem pouco, a subscrever manifestos e apoiar mobilizações.

E assim também passam, uma a uma, todas as demais signatárias habituais de tais documentos. É visível que se dão por atendidas quando as altas cortes da República impõem censura, rompem os limites da Constituição, se sobrepõem às leis e o “devido processo” perde vigência para a soberana prevalência do arbítrio.

  • Percival Puggina
  • 22 Novembro 2022