• 20/08/2020
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A ESSÊNCIA DO VÍCIO
Percival Puggina

 

Leio em Notícias R7


O ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou na noite desta quarta-feira (19) o Senado por ter derrubado o veto do presidente Jair Bolsonaro ao projeto que autoriza o reajuste salarial a servidores durante o período da pandemia da covid-19. "Pegar dinheiro da saúde e permitir que vire aumento de salário do funcionalismo é um crime contra o país", disse Guedes.

O Ministério da Economia calcula que a derrubada compromete uma economia fiscal entre R$ 121 bilhões e R$ 132 bilhões, que poderiam ser poupados em 12 meses, dos quais R$ 31 bilhões só para a União.

 

COMENTO

A maioria do Senado se vem destacando por uma conduta que (como diria um esquerdista de cartilha) “não dialoga” com o interesse público. Dialoga, isto sim, com o interesse de corporações e, essencialmente com o interesse próprio dos senhores senadores, que continuando confiando em que a sociedade não sabe o que fazem.

De fato era possível, até alguns meses, considerar imperceptíveis as ações e as omissões de tantos senhores senadores, seja nos processos de deliberação interna, seja em suas relações com os ministros do STF. A total falta de sintonia nas relações com a sociedade foi ficando caracterizada a partir do momento em que a nação ficou sabendo que cabe ao Senado o dever constitucional de agir contra crimes de responsabilidade praticados pelos ministros do Supremo. Foi aí que as máscaras começaram a cair. Embora o jornalismo militante na grande imprensa silencie sobre o fato, as redes sociais estão saturadas de informação a esse respeito. No médio prazo, elas informam a todos e até elegem um presidente contra a vontade desse mesmo jornalismo.

É da essência do vício, não fazer o bem possível e promover o mal evitável. Cara e coroa de uma terrível moeda! É ruim reconhecer-se que essa conduta domina a outrora nobre Câmara Alta da República.

Tem razão o ministro Guedes. É crime contra o país, em um momento de grave crise sanitária, econômica e, consequentemente, social e fiscal, destinar bilhões para aumentar salários de segmentos sociais privilegiados pela estabilidade e por salários superiores à média do mercado onde opera a atividade privada, pagadora de todas as contas.