• 02/09/2014
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PÂNICO DOS SALÕES ÀS LAVANDERIAS

Ainda há pouco assisti um áudio gravado em 2010 no qual Lula, com aquele jeito repetitivo de se expressar, afirmava que o Brasil tinha interesses em investir no Porto de Cuba, nas estradas de Cuba e na rede hoteleira de Cuba, porque o Brasil tinha interesse em ajudar Cuba a se desenvolver.

Lembrei-me, então, que o Estadão, na edição de ontem, publicou carta de leitor comentando as fortes possibilidades de o PT desembarcar do Palácio do Planalto. E indaga: onde países bolivarianos e assemelhados vão achar uma vaca leiteira do tamanho do Brasil?

Isso é bem verdadeiro no plano externo. Analisemos, agora, o que pode acontecer no âmbito interno. Uma possível derrota do PT representará o caos para muita gente que, há mais de uma década, se encastelou nos compartimentos do poder, prontos para aquela jornada de 20 anos com que sonhava José Dirceu. Tais pessoas têm acesso, gestão e autoridade sobre pesadíssimas fontes de recursos distribuídos ao longo da gigantesca máquina pública do país. E seu prazo de validade pode estar se esgotando dentro de escassos 120 dias. O PT que chegou ao poder era o PT que exsudava idealismo e pureza. O PT que pode estar fazendo as malas, não é bem assim. A incerteza quanto ao futuro ronda os castelos do poder nacional. Das adegas às chaminés. Dos salões às lavanderias.

Ademais, a derrota de Dilma faria minguar os votos petistas e reduziria suas bancadas parlamentares no Congresso e nas Assembleias Legislativas, enquanto a melhor expectativa do partido nas eleições estaduais convergem, hoje, para os governos do Acre e de Minas Gerais.

Está muito mal parada a coisa para o partido de Lula. No entanto, de modo contraditório, nas campanhas eleitorais parlamentares, aqui onde as vejo, em Porto Alegre, chama a atenção o fato de que as mais caras, com maior visibilidade, são, quase todas, de candidatos petistas, justamente o partido que faz vigoroso discurso contra a influência do poder econômico nas eleições.