N?h?deologia que justifique
Eu ainda acredito, como diz o Mill?que imprensa ?posi?, o resto, armaz?de secos e molhados (para quem chegou ontem: pequena loja de bairro, precursora dos supermercados). Acho o jornalismo uma das mais nobres profiss? sobretudo em sua filosofia b?ca; o mesmo eu poderia dizer da filosofia da profiss?m?ca, por exemplo, embora, numa e noutra profiss? muitos nem percebam a gl? do que fazem, tornando-se indignos da miss?que exercem.
Pode ser efeito colateral do joelho quebrado, pode ser ataque de saudosismo, mas o fato ?ue j?ivi um tempo em que o, digamos, ecossistema, me dava mais alegrias. ?claro que havia, como sempre houve, jornalistas a favor – h?uem diga a soldo -- do governo. Bajular os poderosos d?ucro, quando n?prest?o, que tantos perseguem.
Mas as ?as de ent?estavam bem divididas: eles eram eles, n?ramos n?Havia um inimigo comum. Al?do que, e n??ouco!, t?amos menos de 30 anos, ?vezes pouco mais de 20. Eles tinham colunas e empregos p?cos, candidatavam-se, enveredavam pela pol?ca sem constrangimento. N?credit?mos, sem duvidar, que o papel da imprensa era combater a ditadura, e que, derrotada esta, estariam derrotadas tamb?a corrup? e a impunidade. Ganh?mos pouco, ?vezes ridiculamente pouco. N?cheg?mos, como a Am?a, a achar bonito n?ter o que comer -- mas n?faltava muito para isso.
At?ue, um dia, apareceu um agrupamento pol?co chamado PT, e o meio de campo come? a embolar. Isso n?ficou claro ?rimeira vista, pelo menos n?para aqueles de n?ue ou ?mos mais ing?os, ou j??and?mos diretamente envolvidos em pol?ca. Eu me enquadrava nas duas categorias, e ia em frente. Mas minha ficha caiu quando, um dia, voltando de uma feira de tecnologia, com a jaqueta enfeitada com lindos pins e buttons de sistemas operacionais e de chips, levei um dedo no nariz de uma estagi?a do JB que, at?nt? me parecera boa pessoa:
— Por que n?est?sando o button do PT?!
Levei um susto. Aquele gesto e aquela voz autorit?a podiam ter sa? de qualquer zona hist?a alien?na, sinistra.
— Exatamente por causa disso, respondi, mas acho que ela n?entendeu. Eu, por? entendi. N?havia mais n? eles. Havia patrulha e rancor, tamb?entre n?N?havia mais o bom combate ou o livre pensar; havia apenas uma ideologia, como todas muito c?a, constru? com bloquinhos de lugares comuns que n?exigiam grande racioc?o de ningu? Ai de quem n?compactuasse.
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Quando Lula ganhou as elei?s, achei que o mundo das reda?s voltaria ?ormalidade. Poder ?oder. Imaginar que existe poder de esquerda ?e uma ingenuidade que n?combina com o cinismo e a desconfian?que, em tese, andam de m? dadas com o jornalismo. Mas, obviamente, maior ingenuidade ainda ?upor que quem se ajeita a uma bitola ideol?a, por interesse ou por idealismo, guarda alguma capacidade de pensar por conta pr?a. Sobretudo quando a tal bitola come?a se mostrar lucrativa.
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J?e prometi mil vezes n?falar mais nisso e esquecer que hay gobierno soy contra, at?orque o governo n?est?em a?ara o que n?imbecis tamb?conhecidos como contribuintes, achamos ou deixamos de achar. Quando o sangue me ferve nas veias (vale dizer todos os dias, quando pego o jornal), brinco de faz-de-conta: tento acompanhar o notici?o como se morasse em outra gal?a. O diabo ?ue h?oisas que n?h?tar Trek que resolva. Agora mesmo, n?sei o que me deixa mais perplexa e indignada na farra dos cart?corporativos, se o roubo descarado do nosso dinheiro, ou o contorcionismo mental de colegas, que j?onsiderei gente de boa reflex? tentando defender essa nojeira.
Os argumentos s?espantosos. Aquela ex-ministra racista, que acha t?normal negros odiarem brancos, est?obviamente, sendo v?ma de pessoas que n?a conhecem; ora, se at? Z?irceu j?arantiu que ela n?agiu por m??Roubou sem querer, a coitada, e a Grande Imprensa, branca e machista, l?nos seus calcanhares. O outro comprou uma tapioca de m?ros oito reais, e a Grande Imprensa, uivam os jornalistas amestrados, d? fato em manchete. Como se o que estivesse em discuss?n?fosse o como, mas o quanto. Para n?falar na eterna ladainha do governo, repetida como um press-release que, a essa altura, sequer tem o benef?o da novidade: na ?ca do FhC era a mesma coisa. Mas, perd? n?foi para isso que a atual corja foi eleita?! Para mudar tudo o que estava errado?! Para implantar um sentido ?co no trato da coisa p?ca?!
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O pior ?ue tanto faz quanto tanto fez. Enquanto o nosso dinheiro paga qualquer leviandade protegido pelo manto putrefato da Seguran?Nacional, enquanto jornalistas arrastam a profiss?na lama defendendo a corrup?, os poderosos, ?nossas costas, se entendem. As famiglias ficar?a salvo.
Eles venceram.