Ubiratan Iorio

09/04/2009
Embora Dante Alighieri (1265-1321), o genial florentino e poeta maior da bel?ima l?ua italiana, tenha advertido com sabedoria que I posti pi?ldi nell’inferno sono riservati a coloro che in tempo di grandi crisi morali mantengono la propria neutralit?os lugares mais quentes no inferno s?reservados aos que, em tempos de grandes crises morais, escolhem a neutralidade), poucos parecem dar-se conta de que, primeiro, o mundo de hoje atravessa uma enorme crise moral, talvez sem precedentes na hist? da civiliza? e, segundo, bem poucos acreditam que o inferno existe, que n??ero produto de uma escatologia “medieval”. E a maioria das pessoas, aqui e ali, algures e alhures, c? l?ou seja, no planeta inteiro, permanecem caladas em rela? ao veneno do relativismo moral, que j?ontaminou toda a sociedade. Subjugadas pela propaganda gramsciana subliminar, as massas limitam-se a repetir, qual bois guiados pelo berrante, os motes “politicamente corretos” propagados e amplificados ininterruptamente pelos holofotes da m?a. N?h?m dia sequer em que n?tomemos conhecimento de esc?alos de corrup?, em que os chamados meios de comunica? deixem de publicar linhas e mais linhas criticando o Papa – por ser o mais expressivo dos guardi?da moral – e em que novelas, filmes, reportagens e pe? de teatro n?espalhem a malignidade relativista por todos os cantos. ?dever das pessoas de bem – n?por temor a Dante, mas a Deus, ou, mesmo que n?creiam em sua exist?ia, por mero respeito ?r?a dignidade – colocar a boca na trombeta e chamar a aten? para o grave fato de que os bons, quando silenciam, tornam-se c?ices do mal, mesmo que n?o percebam como tal. Creio que muitos perderam, diante do avan?relativista, a pr?a capacidade de indignar-se diante do que ?oralmente errado; outros tantos s?simplesmente covardes; mas a maioria, infelizmente, perdeu a no? de que existe uma linha bastante clara que separa o certo do errado, o acerto do erro e a virtude do v?o! Um simples exemplo disso ?ue a Semana Santa, que at?ais ou menos os anos 60 do s?lo passado era respeitada por todos, mesmo os n?crist?, transformou-se em mais um “feriad? e a P?oa, que comemoraremos no pr?o domingo, virou apenas um farto almo?com chocolates de sobremesa. Muitos veem esse fato como fruto da “modernidade” e o encaram com a maior das naturalidades. Mas n??eutramente moderno, ?bjetamente desrespeitoso. Essa falta de respeito vai muito al?da pura rejei? ?eligiosidade e ??ela campeia em todos os cantos, em todos os setores da vida das pessoas. O mundo est?oralmente doente e, em boa parte, por causa do sil?io dos “bons”. Combata esse estado de coisas, antes que ele se volte contra voc?Se j??se voltou... Se cada um cooperar individualmente para a recupera? da import?ia da transcend?ia da pessoa humana, o mundo ir?elhorar bastante. Fa?a sua parte!

Carlos Azambuja

09/04/2009
Trotsky, tranq?, sorri: “A insurrei? n??ma arte. ?uma m?ina. Para coloc?a em movimento s?precisos t?icos, e s?cnicos a poderiam, eventualmente, parar”. Sou da linha trotskysta: revolu? permanente. (Declara? do presidente Hugo Ch?z em janeiro de 2007). Na pol?ca que se seguiu ao golpe de Estado ocorrido na R?a em outubro de 1917, Lenin foi considerado o estrategista, o ide?o, e Trotsky o criador da t?ica do golpe de Estado. Segundo diversos analistas, o perigo de que os governos devem defender-se n?adv?da estrat?a de Lenin, mas da t?ca de Trotsky. A estrat?a de Lenin n?pode ser dissociada da situa? concreta da R?a de 1917. O pr?o Lenin, em seu livro Esquerdismo, Doen?Infantil do Comunismo, observou que a originalidade da situa? pol?ca na R?a em 1917 provavelmente nunca iria repetir-se em qualquer pa?do mundo. Sua estrat?a n?constitui, pois, um perigo imediato para os governos. A t?ca de Trotsky, sim. Constitui. Para a estrat?a de Lenin h?ecessidade da exist?ia de um Kerensky (um governo fraco). A t?ca de Trotsky, ao contr?o, independe desse detalhe e sua exist?ia ou n? em nada a influencia. H?s que afirmam que mesmo que Lenin tivesse ficado na Su? e n?tivesse desempenhado papel algum em outubro de 1917, Trotsky teria tomado o poder. O que ?mportante, na realidade, ? t?ca insurrecional, a t?ica do golpe de Estado. Na revolu? comunista a estrat?a de Lenin n?conduz, por si s? tomada do poder, pois a febre da insurrei?, a epidemia de greves, a paralisia da vida pol?ca e econ?a, a ocupa? de f?icas pelos oper?os, a desorganiza? das For? Armadas, a pol?ca da burocracia, a leni?ia da magistratura, a resigna? da burguesia e a impot?ia do governo n?s?o bastante para a tomada do poder. Essa situa? revolucion?a prepara, n?h??a, o ataque decisivo, mas h?no entanto, necessidade de algu?que saiba “us?a” e conduzir o ataque. Para a t?ca de Trotsky as chamadas condi?s objetivas e subjetivas s?apenas um detalhe. Na R?a, em 1917, Lenin pensava em obter maioria na Duma, sublevar as massas contra o governo de Kerensky, submergir o pa?sob a mar?rolet?a, dar o sinal de insurrei? a todo o povo, proclamar a necessidade da queda de Kerensky e da ditadura do proletariado. A seguir, um di?go imagin?o: “Concordo”, diz Trotsky, “mas antes de mais nada ?reciso ter o controle da cidade e ocupar seus pontos estrat?cos. Para tal, a insurrei? tem que ser organizada e conduzida por uma tropa de choque com um punhado de pessoas. Para isso n?necessitamos recorrer ?massas. Um pequeno grupo nos ?uficiente”. Mas Lenin n?queria que a revolu? bolchevique viesse a ser classificada de “blanquista” (ou seja, acusada de ter sido feita por um punhado de conspiradores e n?por meio da luta de classes do proletariado, conduzida por seu estado-maior, o partido, conforme a ortodoxia do marxismo). “Muito bem”, responde Trotsky, “mas todo o povo ?emasiado para a insurrei?. Devemos contar ?om um pequeno grupo, implac?l e agressivo, treinado na t?ca insurrecional”. “?conveniente”, admite Lenin, “concentrar os nossos esfor? nas f?icas e nos quart?. A revolu? ser?eita a? ??ue fica o seu n?tal. ?a?ue, em discursos inflamados, devemos explicar e ampliar o nosso programa, pondo a quest?nos seguintes termos: ou a aceita? integral de nosso programa ou a insurrei?”. “Muito bem”, diz Trotsky, “mas quando as massas tiverem concordado com o nosso programa, teremos que organizar a insurrei?. Para tal, devemos escolher, nas f?icas e nos quart?, elementos de confian?e prontos para o que der e vier. Do que temos necessidade n??a massa de oper?os, ?e uma tropa de choque”, insiste Trotsky. “Para que a insurrei? seja de inspira? marxista, isto ?encarada como uma arte”, concorda Lenin, “devemos simultaneamente e sem perda de tempo, organizar o Estado-Maior das tropas insurrecionais, repartir as nossas for?, lan? os regimentos fi? nos pontos nevr?icos da cidade, cercar o teatro Alexandra, ocupar o Forte Pedro e Paulo, prender o Estado-Maior Geral e enviar contra os oficiais-alunos e os cossacos, destacamentos dispostos a sacrificarem, se necess?o, at? ?mo homem a fim de impedir que o inimigo atinja o centro da cidade. Devemos mobilizar os oper?os armados, cham?os ao combate, ocupar as centrais telef?as e telegr?cas, instalar a? nosso Estado-Maior, p? em contato com todas as f?icas, todos os regimentos e todos os pontos onde se desenvolver a luta armada”. “Muito bem”, diz Trotsky, “mas...”. “Tudo o que afirmei ?m pouco vago”, reconhece Lenin, “mas com isto eu quero provar que, no estado em que nos encontramos, s?deremos ser fi? ao marxismo e ?evolu? se encararmos a insurrei? como uma arte. Voc?onhece as principais regras com que Marx regulou esta arte. Pois bem, aplicadas ?tual situa? da R?a estas regras significam: ofensiva simult?a, t?inesperada e r?da quanto poss?l sobre Petrogrado, concentra? de for? superior aos 20 mil homens que o governo disp?Articula? entre as nossas tr?principais for? – a Marinha, os oper?os e as unidades militares – de modo a ocupar e defender as centrais telef?as, o tel?afo, as esta?s de trens e as pontes. Selecionar, dentre os elementos de nossos grupos de ataque, os oper?os e marinheiros mais resolutos, formar destacamentos para ocupar todos os pontos importantes e participar em todas as opera?s decisivas. Por ?mo, constituir grupos de oper?os armados com espingardas e granadas, que marchar?sobre as posi?s inimigas (escolas de oficiais, centrais telef?as e telegr?cas). O triunfo da revolu? russa e, ao mesmo tempo, da revolu? mundial, depende de dois ou tr?dias de luta”. “Tudo isso ?uito correto”, explica Trotsky, “mas demasiadamente complicado. ?um plano vast?imo, uma estrat?a que abrange demasiado territ? e muitas pessoas. N??ma insurrei?. ?uma guerra. Para ocupar Petrogrado n?h?enhuma necessidade de tomar o trem na Finl?ia. Quando se parte de muito longe fica-se, muitas vezes, no meio do caminho. Desencadear uma ofensiva de 20 mil homens desde Kronstadt para ocupar o teatro Alexandra ?um pouco’ demasiado para um golpe de m? Em estrat?a, o pr?o Marx seria vencido por Korniloff. Urge fixarmo-nos na t?ca, agir com um punhado de homens e num terreno limitado, concentrar esfor? nos objetivos priorit?os, bater forte e feio. N?creio que seja muito complicado: as coisas perigosas s?sempre extremamente simples. Para atingir o nosso objetivo n?devemos recear os fatores que nos s?adversos nem fiarmo-nos nos que s?favor?is. ?preciso agir sem alarido, silenciosa e calmamente. A insurrei? ?ma m?ina silenciosa. A sua estrat?a exige uma s?e de circunst?ias favor?is. A insurrei? n?precisa de nada. Basta-se a ela pr?a”. As palavras acima, atribu?s a Lenin e Trotsky n?s?uma fic?. S?extratos de cartas enviadas ao Comit?entral do Partido Bolchevique, em outubro de 1917, por ambos. Os que conhecem todos os escritos de Lenin, em particular os que se referem ??ica insurrecional das jornadas de dezembro, em Moscou, durante a revolu? de 1905, devem mostrar-se bastante surpreendidos com a ingenuidade da sua concep? de t?ca e estrat?a insurrecionais, nas v?eras da Revolu? de Outubro. Todavia, devemos reconhecer que ap? rev?da tentativa de revolu?, em julho de 1917, foi ele o ?o – ?xce? de Trotsky - que n?perdeu de vista o objetivo principal da estrat?a revolucion?a: o golpe de Estado. Ap?lgumas hesita?s (em julho, o Partido Bolchevique tinha um ?o objetivo e de natureza parlamentar: a conquista de maioria nos Sovietes) o germe da insurrei? tornara-se para Lenin, “o motor de toda a sua atividade”. Durante sua estada na Finl?ia – onde se refugiara ap?s jornadas de julho, para n?ser preso por Kerensky – toda a sua atividade se resumia ?repara? te?a da insurrei?. De outra forma n?se explicaria a ingenuidade do seu projeto de uma ofensiva militar sobre Petrogrado, apoiada, no interior da cidade, pela a? dos guardas vermelhos. Tal ofensiva teria redundado em um desastre. Na sua carta de 17 de outubro de 1917, Lenin defendia a t?ca de Trotsky: “N?se trata de blanquismo. Efetivamente um golpe militar ser?lanquista quando n?for organizado pelo partido de uma classe determinada; quando os seus organizadores n?atenderem ao movimento pol?co, em geral, e ?itua? nacional, em particular. Entre um golpe militar, conden?l sob todos os pontos de vista, e a arte da insurrei? armada, h?ma grande diferen?. Mas Trotsky, tranq?, sorri: “A insurrei? n??ma arte. ?uma m?ina. Para coloc?a em movimento s?precisos t?icos, e s?cnicos a poderiam, eventualmente, parar”. Essa t?ca de a? insurrecional de Trotsky passou a fazer parte da estrat?a revolucion?a da III Internacional e, por conseguinte, do Movimento Comunista Um elemento indispens?l ?nsurrei? ? greve geral, que tornaria a insurrei? semelhante a um murro dado em um aleijado, pois para que ela tenha ?to, ?ecess?o que a vida das cidades esteja paralisada pela greve geral. Finalmente, ?nexato que o governo provis? de Kerensky n?tenha adotado as medidas necess?as para a defesa do Estado. Todavia, o m?do defensivo de Kerensky consistia em aplicar as medidas de seguran?e de pol?a tradicionais, em que at?oje confiam os governos liberais. N?se pode acusar Kerensky de imprevid?ia. Ocorre que o m?do de aplicar somente a repress? ao inv?de medidas pol?cas, administrativas e econ?as, a fim de assegurar a defesa do Estado contra a t?ica insurrecional moderna, ?ma a? ineficaz. Os governos, quase sempre, ??ca revolucion?a, revelando ignor?ia dos princ?os elementares de defesa do poder, op?uma t?ca defensiva baseada em medidas policiais, esquecendo que essas medidas, de conformidade com qualquer manual de contra-insurrei?, devem ser 90% pol?cas, econ?as e administrativas e apenas 10% repressivas.

Correio Braziliense

09/04/2009
O comando da CPI das Escutas Clandestinas da C?ra j?ome?a elaborar a lista de indiciamentos que ser?feitos ao final de seus trabalhos, previsto para maio. O relator da CPI, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), j?dmite a possibilidade de sugerir os indiciamentos do delegado da Pol?a Federal Prot?es Queiroz, do adido policial em Lisboa Paulo Lacerda, e do banqueiro Daniel Dantas, do Oporttunity. Prot?es e Lacerda devem ser indiciados por terem apresentado contradi?s entre os depoimentos que prestaram para a comiss?e para a Pol?a Federal. Dantas deve ser denunciado por intercepta?s ilegais. Prot?es comandou a primeira fase da Opera? Satiaghara da Pol?a Federal --que investiga supostos crimes financeiros atribu?s a Dantas. O delegado foi afastado do caso depois da PF suspeitar da utiliza? de m?dos irregulares na condu? da opera?, ale, al?de ter vazado informa?s sigilosas para imprensa. Ele prestou seu segundo depoimento ontem para a CPI. Ele se manteve calado a maior parte do tempo, pois era amparado por um habeas corpus concedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Dantas. O delegado, no entanto, tentou complicar a situa? de Dantas. Ele falou da suposta espionagem encomendada por Dantas em empresas no Brasil. Procurada, a assessoria de Dantas n?se manifestou sobre as declara?s do delegado. Segundo Pellegrino, essa informa? pode ser usada no pedido de indiciamento de Dantas. Vai servir de roteiro para o relat?. Vamos pedir para a Justi?essas informa?s, disse. A Kroll nega qualquer participa? em escuta ilegal. Em rela? a Lacerda, que deve prestar um segundo depoimento ?omiss?na quarta-feira, os deputados questionam as contradi?s em seus esclarecimentos ?orregedoria da Pol?a Federal. Ex-diretor-geral da Abin (Ag?ia Brasileira de Intelig?ia), Lacerda apresentou nova vers?para explicar a participa? informal de cerca de 80 agentes de intelig?ia nas investiga?s da Satiagraha, considerada ilegal e oculta pela corregedoria da PF. Em depoimento ?orregedoria em mar? ele disse que n?sabia que equipes da Abin em S?Paulo e no Rio colaboravam com o delegado Prot?es Queiroz. Lacerda sustenta que s?bia da participa? de agentes em Bras?a e, por isso, disse ?PI dos Grampos em 2008 que entre quatro e seis agentes haviam sido cedidos. Agora, sabe-se que agentes eram maioria na equipe de Prot?es e analisavam escutas, entre outros dados sigilosos. Crimes Al?do poss?l indiciamento pela CPI, Prot?es j?nfrenta outros processos por conta de suas a?s ?rente da opera?. O delegado responde a processo disciplinar por ter participado de um com?o pol?co, em Minas Gerais, no qual teria feito um discurso em nome da institui?. O processo pode resultar na demiss?do delegado se, ao final das investiga?s, ficar comprovado que ele infringiu as normas da PF ao falar pela institui? durante um com?o pol?co. A Corregedoria da PF tamb?decidiu indiciar criminalmente Prot?es por quebra de sigilo funcional e viola? da lei de intercepta?s telef?as. O relat? da Corregedoria foi entregue na ter?feira ?ire?-geral da PF. O Minist?o P?co ter?ue dizer se aceita ou n?a den?a.

Folha de São Paulo

09/04/2009
Ap?uatro meses desativada, a CPI das ONGs aprovou ontem quatro requerimentos de quebra de sigilos banc?o, telef?o e fiscal de entidades ligadas ao MST. Os pedidos foram feitos pelo senador Her?ito Fortes (DEM-PI), que convocou a reuni?da CPI na tarde de ontem, surpreendendo os senadores governistas que integram a comiss? Na justificativa dos requerimentos, ele diz que o Tribunal de Contas da Uni?divulgou relat? informando haver suspeitas de que o MST recebe indiretamente do governo federal recursos financeiros por meio de entidades criadas para esse fim. A Folha ligou para assessores de imprensa do MST, mas at? conclus?desta edi? eles n?haviam telefonado de volta. Entre as entidades que tiveram o sigilo quebrado est? Instituto T?ico de Estudos Agr?os e Cooperativismo, que captou R$ 4 milh?do governo entre 2006 e 2007. Em mar? a Folha mostrou que ele assumiu o lugar de outras ONGs ligadas ao MST que eram investigadas por desvio de recursos.

Gustavo Corção

09/04/2009
No torvelinho das horas e dos dias conv?considerarmos, vez por outra, os marcos im?s, os sinais da eternidade. Vale a pena parar a carreira dos sucessos, e com voz de poesia perguntar ??ores espantadas, ?pedras retra?s, ?casas que ficam atr?dos port?de ferrugem e das janelas estremunhadas, se porventura entendem a avidez que nos impele, que nos compele a perseguir um bem que logo perde o sabor quando alcan?o; se entendem essa fome que se muda em fastio ou n?ea ?edida que morre o momento que passa, continuando insaci?l para os sonhos de fuma?imposs?l. A ?ore permanece, posto que aos ventos ofere?uma mobilidade dan?te e cantante; a pedra permanece; o velho port? malgrado a ferrugem permanece. S?ess?ias tranq?s e bem ritmadas. A seu modo humilde imitam e refletem o Imut?l. Sendo o que s? com simplicidade robusta, trazem marca daquele que ? que ?N?ao contr?o da ?ore e da pedra, vivemos a fugir do que somos. N?ue fomos feitos ?magem e semelhan?de Deus, fugimos de Deus e portanto de n?esmos quando buscamos o absoluto no torvelinho das coisas. E assim, pelo sopro do esp?to e pelo ?eto de liberdade que nos faz mais pr?os de Deus, tornamo-nos mais distantes e assim vivemos a correr, a fugir do que temos, a buscar o que nunca teremos, e a assistir ?ecomposi? do que tivemos. Marta, Marta, de muitas coisas te ocupas, mas uma s?necess?a... Vale, pois, a pena, parar o frenesi e considerar os marcos de eternidade que a Igreja nos oferece nos tempos da Paix? Amanh?u depois os cuidados voltar? hoje, detenhamo-nos diante da pedra de Pedro, da casa de Deus, a ?ore do Crucificado. Amanh?u depois voltaremos ?nossas agita?s, ?erplexidade da pol?ca nacional e internacional, ?not?as da cidade e do mundo, a tudo isso que ser?aidade das vaidades e persegui? dos ventos, se n?soubermos trazer para esses problemas dispersos o crit?o fundamental que os transfigura em caminhos de Deus. Hoje estamos no limiar da Semana Santa, preparando nosso olhos para o quadro da vit? do Cristo, que a Igreja nos oferece com sinais moldados nas coisas peregrinas, e que nos deixa entrever, no outro lado do espelho, o pa?maravilhoso da divina esperan? A obra de Cristo, esp?e de usinagem operada sobre a dor e a morte, e por conseguinte sobre o que constitui o m?mo espanto do mundo, abre-se agora num estu?o de gl?. Assistiremos, durante a semana, ?epresenta? do drama onde se v?assar um Deus apaixonado. O Homem das Dores, irreconhec?l para os que o flagelaram e o esconderam atr?da deris? e todavia o mesmo cora? vulnerado do C?ico dos C?icos. O cabo da travessia desse mar vermelho, o c?o pascal ser?ara nossa vida um diapas?de luz. S?Bento ensina que a vida do monge deveria ser uma Quaresma cont?a. A nossa tamb? E essa Quaresma deveria ser paix?e a paix?deveria ser morte; e a morte deveria ser P?oa. A travessia, a transmuta? que Deus espera de n? uma convers?que v?eixando o que menos somos em favor do que verdadeiramente somos por dom de natureza e pelos dons da gra? De claridade em claridade, se formos d?s, iremos caminhando por atalhos de dores, para o pa?do amor perfeito que tem bandeira de fogo em mastro de cera. Parece-vos ing?o – ?itores tristes - o quadro da Si?Gloriosa que a Igreja desdobra? Parece-vos estampa infantil a santa liturgia? Ou quem sabe se tudo isto n?vos lembra apenas costumes obsoletos, cerim? que os etn?os explicam, ritos que os s?los cient?cos superaram? Por v? por mim, receio que a simplicidade do quadro seja chocante, e n?consiga atravessar a sebe de nossas complica?s. N?omos complicados; Deus ?imples. N?omos adultos e vividos; Deus ?ais mo?do que n?N?omos espertos, sinuosos, ardilosos; Deus escolheu para si as figuras do cordeiro e da pomba. Diz-nos a f?ue ali, na outra margem do mar vermelho, onde brilha o c?o da vit?, os enganos e tribula?s ter?desenlace de prod?o; que receberemos, em medidas de alqueire calcados, recalcados e transbordantes, o que n?tivemos a aud?a de pedir; que ser?consertadas as contradi?s e nossos tristes amores; que a l?ima vira j? que a chaga vira for. Diz-nos a f?ue naquele pa?de maravilhas do outro lado do espelho, teremos a paz. Parece-vos ing?a – ?mens tristes – a linguagem da f?Parece-vos ins?da a comida da esperan? E quem pergunta poder?e gabar de melhor saber e de melhor servir? N?? descren?que mais me espanta. A descren? se me permitem os apologetas, tem certa l?a na sua retrata?, no seu encolhimento, no seu prop?o de n?levar longe demais as investiga?s que podem terminar em inc?io. A descren?sob esse ponto de vista, ?ais razo?l, mais compreens?l do que a cren?imperfeita que se det? que se encolhe, que se retrai, quando nela, na F?tudo pede expans?e conseq?ia. Talvez fosse melhor mudar de tom. A seguran?da f? a certeza da esperan?seriam mais edificantes do que o t?lo da perplexidade. Talvez fosse melhor, na festa da igreja, procurar p?ros e c?ras para contar o j?o da alma Crist?o dia da P?oa do Senhor, em vez de permitir ao velho cora? um gemido de cansa?.. Deus h?e fazer que essa tristeza se converta em alegria e que a algu?aproveite o que a n?os pesa. E privil?o seu; ?f?o de seu Filho transformar a dor em salva? e a morte em vida.

Jayme Copstein

07/04/2009
O esbanjamento do governo brasileiro no tempo das vacas gordas pode ser comparado ?rodigalidade do bebum no bar, em dia de sal?o – todos bebem, ele paga. E vai pagando at? que ningu?bebe porque, como todos sabemos, nada do bebum tem dono. O dinheiro n?seria exce?. ?o que est?contecendo com o pre?do g? em cujo c?ulo se somaram a sede de d?es do “companheiro” Morales, mais outro tanto para financiar parte das obras da Petrobras previstas no PAC, mais outra fra? ainda a apurar em fraudes e superfaturamentos de contratos com a Petrobras, descobertos pela Pol?a Federal na Opera? guas Profundas e Opera? Royalties, segundo den?a de Diogo Mainardi. Em consequ?ia, o pre?do g?vendido ?nd?ia no Brasil – US$ 12,36 (S?Paulo) e US$ 10,30 (Rio de Janeiro), por milh?de BTU aumentou 60,7% em 2008, equivalendo ao dobro do valor cobrado nos Estados Unidos e Inglaterra (US$ 5,30), ou Alemanha e Fran? entre outros pa?s (US$ 6,50) e quase o triplo no M?co (US$ 4,70). Com o pre?do g?nessas alturas, a falta de competitividade em um mercado em crise afetou as ind?ias que movem suas plantas queimando g? Grandes empresas do setor vidreiro e do cer?co fecharam suas f?icas, produtores de fertilizantes planejam voltar ao ? combust?l, mais barato, por? bem mais poluente. Enquanto isso, o bebum continua fazendo sucesso no bar, com a companheirada lhe batendo nas costas e o festejando como o “Cara”. Ele n?tem medo de ser feliz.

josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br

05/04/2009
O grupo guerrilheiro do qual fazia parte Dilma Rousseff tramou o sequestro de Delfim Netto. Ocorreria em dezembro de 1969, num s?o assentado no interior de S?Paulo. Deve-se a informa? ?ep?r Fernanda Odilla, da Folha. Ela ouviu o depoimento de Antonio Roberto Espinosa, 63 anos, doutorando em Rela?s Internacionais na USP. Espinosa revelou um segredo que, segundo disse, sonegara aos torturadores da ditadura: foi o coordenador do plano de sequestro de Delfim. Era, ?poca, militante da VPR (Vanguarda Popular Revolucion?a) e da VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucion?a Palmares). Um companheiro de armas de Dilma Rousseff, ent?uma brasileira clandestina. Que escondia a identidade sob cinco codinomes: Lu?, Estella, Wanda, Marina e Patr?a. Segundo Espinosa, cinco pessoas estavam informdas sobre o plano de levar Delfim ao cativeiro. Ele pr?o, Dilma e outros tr?dirigentes da guerrilha. Delfim seria um trof?vistoso. Era ministro da Fazenda. O civil mais poderoso do regime dos militares. Em 1969, ano do quase-sequestro, Delfim entregou aos generais um ?ice de crescimento econ?o not?l: 9,5%. Desfrutava de visibilidade inaudita. Ouvida, a ex-guerrilheira Dilma, agora ?voltas com as atribula?s de ministra e de candidata, negou Espinosa. Dilma declarou que n?se lembrava do plano de sequestro de Delfim. Disse duvidar “que algu?se lembre”. Informada sobre o depoimento que Espinosa dera ?ep?r, a ministra afirmou que o ex-companheiro “fantasiou”. Em seguida, Dilma encareceu ?ep?r que registrasse sua “negativa perempt?”. De resto, disse que sua cabe?mudou. Al?das palavras de Espinosa, a reportagem obteve uma evid?ia documental –um mapa do local em que Delfim seria capturado. Traz o nome –“Gramad?—e a localiza? do s?o, pr?o ?cidades de Itu e Jundia?Pertencia a Mario Nicoli, cunhado e amigo de Delfim. O mapa foi recolhido por agentes da repress?em batida num “aparelho” utilizado pelo grupo de Dilma, em Lins de Vasconcelos, no Rio. O im? varejado pela pol?a –uma casa de dois andares— era coabitado tr?integrantes da guerrilha. Entre eles Espinosa. Recolheram-se, al?de pap?, armas, muni? e explosivos. Quanto ao mapa, Espinosa acha que ?e sua lavra: T?amos o endere? sab?os tudo. Era um local em que ele [Delfim] ia sem seguran?porque imaginava que ningu?soubesse. Enviou-se uma c? do mapa para Delfim. O ex-ministro confirmou que era frequentador de s?o na regi?indicada em vermelho na folha de papel. Delfim disse que recebera recomenda?s do regime para redobrar o cuidado com a seguran? Mas desconhecia o plano de sequestro que se armara contra ele. Um plano que s?o foi adiante, segundo a vers?de Espinosa, porque seus idealizadores desceram ao calabou?antes. O pr?o Espinosa, que se autoatribui a coordena? da a?, foi em cana no dia 21 de novembro de 1969. 1uela altura, conta ele, a conclus?do plano de sequestro “ainda levaria 15 ou 20 dias”. “Aconteceria por volta de dezembro. O comando nacional sabia, n?houve nenhum veto [...]. Havia uma prepara? militar que n?estava conclu?. Decorridos quase 40 anos, Delfim e Dilma, unidos pelos sortil?os do destino, compartilham os ouvidos de Lula. O ex-czar econ?o da ditadura ?gora um dos mais ass?os conselheiros do presidente. ?tamb?um entusiasta da candidatura presidencial de Dilma. Num presente assim, t?amistoso, a hist? acaba mesmo virando mero viaduto a ligar os vest?os esmaecidos do real aos ind?os vivos da conveni?ia. Escrito por Josias de Souza ?06h02

Percival Puggina

04/04/2009
A democracia brasileira est?ob fogo cerrado. Ao contr?o do que o leitor possa estar pensando, os inimigos da democracia n?morreram de velhos, n? Renovam-se atrav?das gera?s e alteram as formas de agir, de modo a ganharem efici?ia. Hoje, eles a atacam desde v?os flancos. Do somat? de todos esses esfor? surge uma for?dif?l de ser neutralizada. Duvida? Responda ent? para si mesmo, as perguntas a seguir. 1. S?amigos da democracia os que agem no sentido de atribuir mais e mais recursos, mais e mais poderes, mais e mais prerrogativas ao Planalto, de onde sua excel?ia de cada quadri?o distribui favores e atrai fervores? Tal hegemonia, desequil?io da reparti? dos poderes, desrespeito ?edera?, peso a uma mesma e ?a caneta correspondem a uma forma desej?l de democracia? Certamente n? No entanto, n?s?poucos nem desprovidos de influ?ia os que vestem essa camiseta e jogam nesse time. 2. S?amigos da democracia os que a veem como um campo de batalha? Quantos, dentre os atores da cena pol?ca nacional, se enquadram na descri? a seguir? “N?ntramos no parlamento como forma de nos abastecer, com suas armas, no arsenal da democracia. Se a democracia ??est?a como para nos proporcionar meios e sal?os para este trabalho de urso, ?roblema dela. N??chegamos como amigos, nem como neutros. N?hegamos como inimigos. Assim como o lobo salta sobre o rebanho, assim n?hegamos”. N?creio que estas palavras de Goebbels em seu “Der Angriff” sejam incongruentes com a conduta vis?l de muitos homens p?cos, cuja gan?ia pelo poder se nutre da animosidade, do conflito e do desprezo ?institui?s da democracia. 3. S?amigos da democracia os que, agindo desde fora, tudo fazem para desacreditar a institui? parlamentar, escalando-a como passivo saco de suas pancadas? Bradam contra ela, como se todas as car?ias nacionais fossem causadas pelo R$ 7 bilh?gastos nas suas duas casas. No entanto, de cada mil reais do or?ento da Uni? o Congresso inteiro (com todas as suas mazelas, regalias e desperd?os!) gasta cinco! N? leitor, n?serve ?emocracia apontar apenas os descontroles do parlamento e fechar os olhos sobre o que ocorre noutros centros de custos muito mais vultosos, dispon?is nas mesmas fontes oficiais de informa?. 4. S?amigos da democracia os que, dentro da institui? parlamentar, n?se preocupam com promover uma reforma pol?ca que restaure as pr?as atribui?s, moralize as rela?s entre os poderes de Estado e reduza a influ?ia dos interesses corporativos sobre as decis?nacionais? Ser?amigos da democracia os que, quando tratam da necess?a reforma pol?ca, se comprimem entre o faz de conta e o corpo mole? Junte tudo, junte todos, e n?sobrar?muitos democratas por a?Todavia, saiba: esse Congresso, um dos piores da hist? republicana, ainda ? lugar onde bate – fraco e enfermo, mas bate – o cora? da democracia. Ele ? representa? da na? em sua pluralidade. Como a na?, precisa ser aprimorado, n?condenado. Precisa ser preservado, n?desmoralizado. Abra os olhos, fa?as contas, e ver?ue os maiores problemas do Brasil est?no outro lado da Pra? Os inimigos da democracia, no entanto, sabem muito bem para onde assestar seus canh?

Pe. Raniero Cantalamessa

04/04/2009
1. O Esp?to da promessa Escutemos a passagem de Romanos 8, sobre a qual vamos meditar hoje: «Tamb?n?que temos as prim?as do Esp?to, gememos em n?esmos, aguardando a ado?, a reden? do nosso corpo. Porque pela esperan??ue fomos salvos. Ora, ver o objeto da esperan?j???speran? porque o que algu?v?como ?ue ainda o espera? N?ue esperamos o que n?vemos, ?m paci?ia que o aguardamos.» (Rom 8, 23-25) A mesma tens?entre promessa e cumprimento que se observa na Escritura a prop?o da pessoa de Cristo, percebe-se tamb?com rela? ?essoa do Esp?to Santo. Como Jesus primeiro foi prometido nas Escrituras, depois se manifestou segundo a carne e por ?mo se espera em seu retorno final, assim o Esp?to, em um tempo «prometido pelo Pai», foi dado em Pente costes e agora de novo o espera e invoca «com gemidos inef?is» o homem e toda a cria?, que tendo aproveitado as prim?as, aguardam a plenitude de seu dom. Neste espa?que se estende de Pentecostes ?arusia, o Esp?to ? for?que nos impulsiona adiante, que nos mant?em caminho, que n?nos permite acomodar-nos e converter-nos em um povo «sedent?o», que nos faz cantar com um sentido novo os «salmos das ascens?: «Que alegria quando me disseram: vamos para a casa do Senhor!». Ele ?uem nos d?mpulso e p?sas em nossa esperan? mais ainda: ? pr?o princ?o e a alma de nossa esperan? Dois autores nos falam do Esp?to como «promessa» no Novo Testamento: Lucas e Paulo, mas, como veremos, com uma importante diferen? No Evangelho de Lucas e nos Atos dos Ap?los ? pr?o Jesus quem fala do Esp?to como «a promessa do Pai». «Eu – diz – enviarei sobre v? promessa de meu Pai»; «Enquanto estava comendo com eles, mandou que n?se ausentassem de Jerusal? mas que aguardassem a promessa do Pai, ‘que ouvistes de mim: que Jo?batizou com ?a, mas v?ereis batizados no Esp?to Santo dentro de poucos dias’» (Atos 1, 4-5). A que se refere Jesus quando chama o Esp?to Santo de promessa do Pai? Onde o Pai fez esta promessa? Pode -se dizer que todo o Antigo Testamento ?ma promessa do Esp?to. A obra do Messias se apresenta constantemente como culminante em uma nova efus?universal do Esp?to de Deus sobre a terra. A compara? com o que Pedro diz no dia de Pentecostes mostra que Lucas pensa, em particular, na profecia de Joel: «Acontecer?os ?mos dias, diz Deus: Derramarei meu Esp?to sobre toda carne» (Ez 36, 27). Quanto ao conte?da promessa, Lucas sublinha, como de costume, o aspecto carism?co do dom do Esp?to, em especial a profecia. A promessa do Pai ?o poder do alto» que tornar?s disc?los capazes de levar a salva? aos confins da terra. Mas n?ignora os aspectos mais profundos, santificadores e salv?cos, da a? do Esp?to, como a remiss?dos pecados, o dom de uma lei nova e de uma nova alian? como se deduz da aproxima? que tra?entre o Sinai e Pentecostes. A frase de Pedro: «a promessa ?ara v?(Atos 2, 39) se refere ?romessa da salva?, n?s? profecia ou de alguns carismas. < b>2.O Esp?to, prim?a e prenda Passando de Lucas a Paulo, entra-se em uma perspectiva nova, teologicamente muito mais profunda. Ele enumera diferentes objetos da promessa: a justifica?, a filia? divina, a heran? mas o que resume tudo, o objeto por excel?ia da promessa, ?recisamente o Esp?to Santo, a quem chama de «promessa do Esp?to» (G?3, 14) e «Esp?to da promessa» (Ef 1, 13) Duas s?as ideias novas que o Ap?lo introduz no conceito de promessa. A prim?a ?ue a promessa de Deus n?depende da observ?ia da lei, mas da f? portanto da gra? Deus n?promete o Esp?to a quem observa a lei, mas a quem cr?m Cristo: «Recebestes o Esp?to pelas obras da lei ou pela f?a prega??», «Se a heran?a dependesse da lei, j??procederia da promessa» (G?3, 2.18) Atrav?do conceito de promessa, a teologia do Esp?to Santo se liga, em Paulo, com o resto de seu pensamento e se converte em sua demonstra? concreta. Os crist? sabem bem que ?epois da prega? do Evangelho que tiveram a experi?ia nova do Esp?to, n?por ter observado a lei com maior fidelidade que de costume. O Ap?lo pode remeter-se a um dado da realidade. A segunda novidade ?m certo sentido desconcertante. ?como se Paulo quisesse cortar pela raiz toda tenta? «entusiasta», dizendo que a promessa n?se cumpriu ainda... ao menos por completo! A respeito disso, s?reveladores dois conceitos aplic?is ao Esp?to Santo: prim?a (aparche) e prenda (arrab? O primeiro presente em nosso texto de Romanos 8; o outro se l?a Sagrada Carta aos Cor?ios: «N?s?a, mas tamb?n?que temos as prim?as do Esp?to, gememos em n?esmos, aguardando a ado?, a reden? do nosso corpo» (Rm 8, 23). «Ora, quem nos confirma a n? a v?m Cristo, e nos consagrou, ?eus. Ele nos marcou com o seu selo e deu aos nossos cora?s o penhor do Esp?to.» (2 Co 1, 21-22). «Aquele que nos formou para este destino ?eus mesmo, que nos deu por penhor o seu Esp?to (2 Cor 5,5).» O que o Ap?lo quer dizer desta forma? Que o cumprimento operado em Cristo n?esgotou a promessa. N? diz com singular contraste – «possu?s... esperando», possu?s e esperamos. Precisamente porque o que possu&iacut e;mos n??inda a plenitude, mas s?a prim?a, uma antecipa?, nasce em n? esperan? ?mais, o desejo, a espera, o anseio se tornam mais intensos ainda que antes, porque agora se sabe o que ? Esp?to. Na chama do desejo humano, a vinda do Esp?to em Pentecostes colocou combust?l, por diz?o de alguma. Acontece exatamente como em Cristo. Sua vinda cumpriu todas as promessas, mas n?p?im ?spera. A espera se relan?sob a forma de espera de seu retorno na gl?. O t?lo «promessa do Pai» situa o Esp?to Santo no pr?o cora? da escatologia crist?Portanto, n?se pode aceitar sem reservas a afirma? de certos estudiosos para quem «na concep? dos judeus crist?, o Esp?to era primariamente a for?do mu ndo futuro; na dos crist? helenos ? for?do mundo superior». Paulo demonstra que as duas concep?s n?se op?necessariamente entre si, mas que podem coexistir: o Esp?to ?ao mesmo tempo, realidade do mundo superior, divino e for?do mundo futuro. No passar das prim?as ?lenitude, as primeiras n?se desfar?para dar lugar ?egunda, mas elas mesmas se transformar?mais em plenitude. Conservaremos o que j?ossu?s e adquiriremos o que ainda n?temos. Ser? pr?o Esp?to que se expandir?m plenitude. O princ?o teol?o «a gra?? in?o da gl?», aplicado ao Esp?to Santo, significa que as prim?as s?in?o do cumprimento, o in?o da gl?, parte dela. Neste cas o, n??reciso traduzir arrab?or «penhor» (pignus), mas s?r prenda (arra). O penhor n?? in?o do pagamento, mas algo que se d?m espera do pagamento. Uma vez que este se efetua, o penhor ?estitu?. N?assim as prendas, que n?se restituem no momento do pagamento, mas que se completam. Fazem parte dos pagamentos. «Se Deus nos deu como penhor o amor atrav?de seu Esp?to, quando nos der toda a realidade, ?ue nos tirar? penhor? Certamente n? mas completar? que j?eu» [1]. O amor de Deus que pr?xperimentamos aqui, gra? ?prendas do Esp?to, ?nt?da mesma qualidade do que experimentaremos na vida eterna, mas n?da mesma intensidade. O mesmo se deve dizer da posse do Esp?to Santo. Como se v?houve uma profunda transforma? no significado da festa de Pentecostes. Em sua origem, Pentecostes era a celebra? das prim?as [2], ou seja, o dia em que se ofereciam a Deus as prim?as da colheita. Continua sendo a festa das prim?as, mas das que Deus oferece ?umanidade, em seu Esp?to. Inverteram-se os pap? do doador e do benefici?o, em perfeita sintonia com o que ocorre, em todos os campos, na passagem da lei ?ra? da salva? como obra do homem ?alva? como dom gratuito de Deus. Isso explica por que a interpreta? de Pentecostes, como festa das prim?as, n?teve, estranhamente, quase nenhuma correspond?ia no ?ito crist? Santo Irineu fez um intento em tal sentido, dizendo que no dia de Pentecostes «o Esp?to oferecia ao Pai as prim?ias de todos os povos» [3], mas praticamente n?teve eco no pensamento crist? 3. O Esp?to Santo, alma da Tradi? A ?ca patr?ica, ao contr?o dos demais aspectos da pneumatologia, n?oferece, a prop?o do Esp?to como promessa, uma contribui? importante, e isso por causa do menor interesse que os Padres t?pela perspectiva hist?a e escatol?a com rela? ?ntol?a. S?Bas?o conta com um belo texto sobre o papel do Esp?to na consuma? final; escreve: «No momento da esperada manifesta? do Senhor dos c?, tampouco estar?usente o Esp?to Santo... Quem pode ignorar at?al ponto os bens que Deus prepara aos que lhe s?dignos como para n?entender que tamb?a coroa dos justos &eac ute; gra?do Esp?to Santo?» [4]. Mas, observando bem, o santo diz s?e o Esp?to Santo ter?ma parte ativa tamb?no ato final da hist? humana, quando se passar?o tempo ?ternidade. Est?usente qualquer reflex?sobre o que o Esp?to Santo faz agora, no tempo, para impulsionar a humanidade para o cumprimento. Falta o sentido do Esp?to Santo como impulso, for?de propuls?do povo de Deus, a caminho rumo ??ia. O Esp?to impulsiona os crentes a permanecerem vigilantes e em espera do retorno de Cristo, ensinando a Igreja a dizer: «Vem, Senhor Jesus» (Ap 22, 20). Quando o Esp?to diz Maranatha com a Igreja, ?omo quando diz Abba no cora? do crente: deve-se entender que Ele faz dizer, que se faz voz da Igreja. Por si mesmo, de fato, o Par?clito n?poderia gritar Abba, porque n?? filho do Pai, nem poderia gritar Marana-tha, «Vem, Senhor», porque n??ervo de Cristo, mas «Senhor» igual a Ele, como professamos no Credo. «Ele vos anunciar? que h?e vir», diz Jesus do Par?ito (Jo 16, 13): isto ?revelar? conhecimento da nova ordem de coisas surgidas da P?oa. O Esp?to Santo ?portanto, a fonte da escatologia crist?que mant?a Igreja em tend?ia para adiante, para o retorno do Senhor. E isso ?recisamente o que tentou evidenciar a reflex?b?ica e teol?a de nossos dias. A nova exist?ia suscitada pelo Esp?to – escreve Moltmann – ??la mesma escatol?a, sem esperar o momento final da Parusia, no sentido de que ? come?de uma vida que se manifestar?lenamente s?ando se tiver estabelecido o modo de exist?ia determinado pelo Esp?to, j??contrariado pela carne. O Esp?to n???omessa em sentido est?co, mas a for?da promessa, que faz sentir a possibilidade da liberta?, que permite que se percebam como mais pesadas e intoler?is ainda as correntes, e por isso impulsiona a romp?as [5]. Esta vis?paulina do Esp?to Santo como promessa e como prim?a nos permite descobrir o verdadeiro sentido da Tradi? da Igreja. A Tradi? n??ntes de tudo um conjunto de coisas «transmitidas», mas ?em primeiro lugar, o princ?o din?co de transmiss? ?mais, ? pr?a vida da Igreja, enquanto que, animada pelo Esp?to sob a guia do magist&eacut e;rio, desenvolve-se na fidelidade a Jesus Cristo. Santo Irineu escreve que a revela? ?como um dep?o precioso contido em um vaso de valor, que gra? ao Esp?to de Deus rejuvenesce sempre e faz que rejuvenes?tamb?o recipiente que o cont? [6]. O valioso vaso que rejuvenesce junto a seu conte??precisamente, a prega? da Igreja e a Tradi?. Por isso, o Esp?to Santo ? alma da Tradi?. Quando se elimina ou se esquece do Esp?to Santo, o que resta dela ??tra morta. Se – como afirma S?Tom?de Aquino – «sem a gra?do Esp?to Santo, at?s preceitos do Evangelho ser?letra que mata», o que dever?os dizer da Tradi?? A Tradi? ?nt? sim, uma for&cce dil;a de perman?ia e de conserva? do passado, mas ?amb?uma for?de inova? e de crescimento; ?em? e antecipa? ao mesmo tempo. ?como a onda da prega? apost?a que avan?e se propaga nos s?los [7]. A onda n?se pode captar mais que em movimento. Congelar a tradi? em um momento determinado da hist? significa fazer dela uma «tradi? morta», j?? como a denomina Santo Irineu, uma «tradi? viva». 4. O Esp?to Santo nos faz abundar na esperan? Com sua enc?ica sobre a esperan? o Santo Padre Bento XVI nos indica a consequ?ia pr?ca que se desprende de nossa medita?: esperar, esperar sempre, e se j?speramos mil vezes em v? volta r a esperar! A enc?ica (cujo t?lo «Spe salvi» – «Na esperan?fomos salvos» – procede precisamente da passagem paulina que comentamos) come?com estas palavras: «Segundo a f?rist?a ‘reden?’, a salva?, n??implesmente um dado de fato. ?nos oferecida a salva? no sentido de que se nos deu a esperan? uma esperan?fi?l, gra? ?ual podemos enfrentar nosso presente: o presente, ainda que seja um presente fatigoso, pode ser vivido e aceito quando se leva para uma meta, se podemos estar seguros desta meta e se esta meta ??grande que justifica o esfor?do caminho.» Estabelece-se uma esp?e de equival?ia e de qualidade de interc?io entre esperar e ser salvos, como tamb?entre esperar e crer. «A f? escreve o Papa – ?speran?, confirmando assim, de um ponto de vista teol?o, a intui? po?ca de Charles P?y, quem inicia seu poema sobre a segunda virtude com as palavras: «A f?ue prefiro – diz Deus – ? esperan?. Da mesma forma que distinguimos dois tipos de f?a f?rida e a f?rente (ou seja, as coisas cridas, e o pr?o ato de crer), assim ocorre com a esperan? Existe uma esperan?objetiva que indica a coisa esperada – a heran?eterna – e existe uma esperan?subjetiva que ? pr?o ato de esperar essa coisa. Esta ?ma ?ma for?de propuls?para diante, um impulso interior, uma extens?da alma, uma dilata? para o futuro. «Uma migra? amorosa do esp?to para o que se espera», dizia um antigo Padre [8]. Paulo nos ajuda a descobrir a rela? vital que existe entre a virtude teologal da esperan?e o Esp?to Santo. Faz que cada uma das tr?virtudes teologais se remontem ?? do Esp?to Santo. Escreve: «Pois n?em virtude do Esp?to, aguardamos pela f? justi?que ?bjeto da esperan? Porque em Cristo Jesus nem a circuncis?nem a incircuncis?t?valor, mas somente a f?ue atua pela caridade» [9]. O Esp?to Santo nos ?presentado assim como a fonte e a for?de nossa vida teologal. ?por m?to seu, em especial, que podemos «abundar na esperan?. «O Deus da esperan?– escreve o Ap?lo um pouco mais adiante, na mesma Carta aos Romanos – vo s cumula de todo gozo e paz em vossa f?at?ransbordar de esperan?pela for?do Esp?to Santo» (Rm 15, 13). «O Deus da esperan?: que ins?a defini? de Deus! 3 vezes se chamou a esperan?de «a parente pobre» das virtudes teologais. Houve, ?erto, um momento de intensa reflex?sobre o tema da esperan? at?ar lugar a uma «teologia da esperan?. Mas faltou uma reflex?sobre a rela? entre esperan?e Esp?to Santo. Contudo, n?se compreende a peculiaridade da esperan?crist? sua alteridade com rela? a qualquer outra ideia de esperan?se n?for contemplada em sua ?ima rela? com o Esp?to Santo. ?Ele quem marca a diferen?entre o «princ?o esperan? e a virtude teologal da esperan? As virtudes teologais s?tais n?s?rque t?Deus como seu fim, mas tamb?porque t?Deus como seu princ?o; Deus n???u objeto, mas tamb?sua causa. S?causadas, infusas, por Deus. Precisamos de esperan?para viver e necessitamos do Esp?to Santo para esperar! Um dos principais perigos no caminho espiritual ? de desalentar-se diante da repeti? dos pr?os pecados e a aparentemente in? sucess?de prop?os e reca?s. A esperan?nos salva. D?os a for?para recome?, para crer cada vez que essa ser? ocasi?boa, a da verdadeira convers? Atuando assim, comove-se o cora? de Deus, que vir?m nossa ajuda com sua gra? «A f& eacute; n?me surpreende, diz Deus. (Continua sendo o poeta da esperan?quem fala; melhor dito, quem faz Deus falar). Resplande?assim em minha cria?. A caridade n?me surpreende, diz Deus. Essas pobres criaturas s?t?infelizes que, a menos que tenham um cora? de pedra, como n?deveriam ter caridade umas pelas outras... Mas a esperan? diz Deus, ? que me surpreende. Que os pobres filhos vejam como v?as coisas e que creiam que melhorar?amanh?Isso ?lucinante. E se precisa que minha gra?seja de verdade de uma for?incr?l.» [10] N?podemos contentar-nos em ter esperan?s?ra n?O Esp?to Santo quer fazer de n?emeadores de esperan? N?h?om mais belo que difundir esperan?em casa, em comunidade, na Igreja local e universal. &Eac ute; como certos produtos modernos que regeneram o ar, perfumando todo o ambiente. Concluo a s?e destas medita?s quaresmais com um texto de Paulo VI que resume muitos dos pontos que toquei nelas: «N?os perguntamos v?as vezes... que necessidade advertimos, primeira e final, para esta Igreja nossa aben?da e amada. Devemos dizer quase com temor e s?ca, porque ?eu mist?o e sua vida, j?abeis: o Esp?to Santo, animador e santificador da Igreja, seu alento divino, o vento de suas velas, seu princ?o unificador, sua fonte interior de luz e de for? seu apoio e seu consolador, sua fonte de carismas e de cantos, sua paz e sua alegria, seu penhor e prel? de vida feliz e eterna. A Igreja precisa de seu perene Pentecostes; precisa de fogo no cora?, de palavra em seus l?os, de profecia no olhar... Precisa, a Igreja, re cuperar o desejo, o gosto e a certeza de sua verdade.» [11] Desejo ao senhor, Santidade, e a v?vener?is padres, irm? e irm? uma feliz e santa P?oa! --------------------------------------- [1] S. Agostino, Discorsi, 23, 9 (CC 41, p. 314). [2] Cf. Num 28,26; Lev 23, 10. [3] S. Ireneo, Contro le eresie, III, 17,2; cf. anche Eusebio di Cesarea, Sulla solennit?asquale,4 (PG 24, 700A). [4] S. Basilio, Sullo Spirito Santo, XVI, 40 (PG 32, 141A). [5] Cf. J. Molmann, Lo Spirito della vita, Brescia 1994, pp. 18. 92 s. 190. [6] S. Ireneo, Adv. Haer. III, 24, 1. [7] H. Holstein, La tradition dans l’Eglise, Grasset, Parigi 1960 (Trad. ital. La tradizione nella Chiesa, Vita e Pensiero, Milano 1968. [8] Diadoco di Fotica, Cento capitoli, preambolo (SCh 5, p.84). [9]Gal 5, 5-6; cf. Rom 5,5. [10] Ch. P?y, Le porche du myst? de la deuxi? vertu, in Œuvres po?ques compl?s,Gallimard, Paris 1975, pp. 531 ss. [11] Discorso all’udienza generale del 29 Novembre 1972 (Insegnamenti di Paolo VI, Tipografia Poliglotta Vaticana, X, pp. 1210s.).