• Percival Puggina
  • 28/02/2022
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PUTIN E AS RAZÕES DO LOBO

 

Percival Puggina

 

         Enquanto escrevia estas linhas, representantes ucranianos e russos estavam reunidos em Belarus para um papo entre lobo e cordeiro. Nas últimas 48 horas, cerca de 350 mil civis haviam cruzado a fronteira com a Polônia, abandonando o país. Desde os tempos de Lênin, a Ucrânia tem sido o cordeiro da fábula em suas relações com a Rússia. A história é sempre a mesma, a Ucrânia tem razão e perde; a Rússia está errada e ganha. A reunião se revelou inútil.

Não surpreende, então, que os ucranianos queiram ficar no agasalho do artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte, espécie de todos por um e um por todos em caso de agressão externa. Putin considera isso inaceitável em suas fronteiras. Aliás, o tirano russo considera inaceitável tudo que o desagrada. Convenhamos, a propósito: aqui no Brasil tem gente exatamente assim, sentada em cadeira de espaldar alto e caneta de ouro na mão.

Assisti, há bem poucos dias, uma entrevista em que Putin se conduz como o lobo da fábula. Na perspectiva dele, a Ucrânia  está servindo às estratégias da OTAN. Esta, através da Ucrânia, está sujando a água do lobo. A Rússia, no caso ele, seu tirano há duas décadas, não pode permitir armamento da OTAN em suas fronteiras.

Essa eu acho que posso ensinar para o Putin. Quem é natural de uma fronteira, como eu sou, tendo nascido em Santana do Livramento (fronteira com o Uruguai), entende de fronteira. Fronteira tem dois lados, Putin. Não existe zona neutra, terra de ninguém, numa fronteira. Ao invadir a Ucrânia, Putin empurra a própria fronteira e instalará nela bases militares.  Com esse avanço, a Rússia passará a fazer fronteira com Polônia, România, Hungria  Eslováquia e Moldávia.

Ademais, Belarus, ou Bielorrússia, é nação amiga da Rússia. Em plebiscito encomendado, aprovou a presença de armas nucleares em seu território. Pouco se fala  nisso, mas com tais relações, a Rússia estende suas fronteiras militares até a Polônia e a Lituânia, avançando ainda mais na direção do leste europeu. E da OTAN, obviamente.

Mesmo se o presidente da Ucrânia for um Danilo Gentilli globalista, com cabecinha de Felipe Neto, apoiado pela esquerda do Ocidente, isso não alterará a natureza do perigo que está se formando na Ásia com a tirania de Putin e o totalitarismo do Partido Comunista Chinês.

*      Texto atualizado em 01/03/2022, às 11:07.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 


Jose Ricardo -   03/03/2022 11:04:12

Putin na verdade está fazendo o seu Make Russia Great Again se aproveitando da fraqueza de Joe Biden na presidência dos Estados Unidos. Diz um provérbio oriental que entendo se aplicar muito bem na situação atual: Homens fortes criam tempos fáceis e tempos fáceis geram homens fracos, mas homens fracos criam tempos difíceis e tempos difíceis geram homens fortes. É sabido que o eleitor estadounidense já se deu conta que elegeu um presidente senil, que consegue ser pior que Jimmy Carter. Em 14 meses de gestão Biden derrete nas pesquisas a cada dia que passa, apesar de ter maioria absoluta no Congresso só fez besteiras internamente e externamente, o resultado é que deve perder a maioria do Congresso nas eeições proporcionais desse ano. Pra ser ter ideia da ruindade do governo Biden, no discurso anual no Congresso Americano ele simplesmente foi capaz de confundir Ucrânia com Irã ao dizer que "Putin pode cercar Kiev com tanques, mas jamais conquistará o coração e a alma do povo iraniano"... Afirmou que esta é “a hora” de os EUA cuidarem da manutenção da “democracia” e do “mundo livre”, mas que tropas norte-americanas não lutarão na Ucrânia, só defenderão os países da Otan; na seara populista desandou a marreta, disse que está preocupado com os direitos das mulheres abortarem, direito esse que segundo ele, está sendo muito atacado hoje em dia; oficializou a indicação da juíza Ketanji Jackson a 1a afro-americana na Suprema Corte; irá reprimir as corporações que desrespeitarem as regras da competição, além de aumentar impostos das grandes corporações.... Biden é um desastre total, Putin aproveitou a brecha e foi pra cima, não me espantaria se a China entrasse no vácuo do Putin e avançasse sobre Taiwan.

Carlos Vicente -   01/03/2022 22:13:51

Prezado Percival: Quando Gorbatchov dissolveu a URSS, dissolveu também o Pacto de Varsóvia. Sabemos que a OTAN, criada em 1949, tinha como principal objetivo estratégico impedir a expansão da União Soviética rumo à Europa Ocidental. No entanto, esse objetivo chegou a ser rediscutido após o fim da potência socialista, no início dos anos 1990. Ora, extinta a causa, extingue-se a consequência. Mas não foi assim, a OTAN não acabou. Veja, por favor, a ameaça da OTAN neste site: https://pt.quora.com/A-disposi%C3%A7%C3%A3o-da-R%C3%BAssia-de-Putin-de-invadir-a-Ucr%C3%A2nia-mesmo-ap%C3%B3s-todos-os-avisos-e-amea%C3%A7as-de-chefes-das-pot%C3%AAncias-europeias-e-autoridades-da-UE-indicam-que-a-UE-e-as-pot%C3%AAncias . Para chegar às portas da Rússia, faltam apenas Bellarus e Ucrânia se atirarem aos braços da OTAN (leia-se USA). Você deixaria, como presidente ? Eu não. Parece que estamos voltando aos tempos dos filmes de Hollywood, onde os americanos eram os bonzinhos e os soviéticos eram os demônios. Se a Rússia oferecesse à Cuba vantagens para instalar mísseis lá, NOVAMENTE iriam dizer que a Rússia era o demônio (UM peso e DUAS medidas). Ainda prefiro dois grupos antagônicos: Rússia e China por um lado e USA no outro. Fica mais equilibrado o mundo e podemos viver mais um pouco. O diabo é se fizerem cartel ... Abraços, Carlos Vicente.

Renato Dias -   01/03/2022 22:01:52

O governo Ucrâniano é corrupto. Biden tem interesses comerciais exclusos com o governo Ucrâniano. Tem muita sujeira rolando por trás desta guerra.

José Walter Maciel LOPES. -   01/03/2022 13:40:34

Percival Puggona é o jornalista mais autêntico, mais claro e reto em suas posições. Nunca mudou r nunca foi de meias palavras,

Patricia Faria -   01/03/2022 05:59:38

Mais uma ótima perspectiva do sr. Puggina. Agradeço.

Menelau Santos -   28/02/2022 22:47:25

Agora sim entendi esse negócio. Obrigado Professor!

Francisco Moura -   28/02/2022 22:34:56

Professor Puggina, sempre brilhante, faz a análise precisa. Recomendo a todos lerem o livro do saudoso professor Olavo de Carvalho no seu debate com Alexandr Dugin, ideólogo de Putin, e também verem o vídeo de 2011, quando fala os motivos que Putin iria invadir a Ucrânia.

José Rui Sandim Benites -   28/02/2022 18:50:29

Hã quem vê o protagonismo da Rússia e China na geopolítica global. Com suas culturas de partido único. E sem alternância de poder. Aqui minha cultura em grande parte do cinema americano e música européia. Meus antepassados vieram da Espanha e Itália. Ainda tenho sangue de índios guarani. Prezo pela família, liberdade, propriedade e religião. E povo que não tem virtude acaba para se escravo. Eles (Rússia, China) com sua cultura. E nós outros com a nossa. E quem quizer implementar partido único, terá nossa resistência.

marisa van de putte -   28/02/2022 17:01:37

Estamos vivendo um momento muito dificil. Nao se pode elogiar a tatica de Putim, para mim um grande jogador de Xadrez, mas seus atos sao inaceitaveis. Nossa atencao esta toda voltada, claro, a Russia e a Ukrania, porem, eu diria, que deveriamos prestar mais atencao a China. Essa e que aos poucos e na surdina penetra em todos os paises e espalha-se A America esta nas maos dos chineses e a China se beneficia com as sancoes impostas a Russia. Parece que estamos num "beco sem saida."

Fernado -   28/02/2022 12:37:53

Verdade

Regina Guimarães -   28/02/2022 12:37:46

Prof. Puggina, O líder de um país pode ser um imbecil, um corrupto, ou ter os defeitos mais graves que possam existir, mas é o povo que sempre paga o preço pelos atos deles. Nas guerras, os ricos ficam mais ricos, a classe média e a classe baixa ficam mais pobres e são as que perdem seus filhos.

Moema Bauer -   28/02/2022 12:18:51

Muito bom. A Rússia não pode aceitar um país membro da OTAN na sua fronteira, mas a Ucrânia tem que engolir o poderio militar russo bem nas suas barbas. Interessante o raciocínio.

José Domingos de Jesus dos Santos -   28/02/2022 12:18:06

Gostei de seu artigo, venho acompanhando seus artigos e sempre concordei com seus artigos, mas que estão preparando um tempo mau para o futuro, estão mesmo, abraço.

Antonio -   28/02/2022 12:12:46

Excelente análise, Professor! Acompanho o Sr. e aprendo bastante. Não é porque a Ucrânia elegeu um comediante esquerdista, que merece ou que se justifica uma agressão militar. Cadê a soberania dos países, tão invocada quando se fala na catástrofe humanitária da Venezuela, por exemplo. A Ucrânia já sofreu muito nas mãos dos Russos e a história fala pouco sobre o Holodomor. Um abraço

Fernando -   28/02/2022 11:47:11

"Desde os tempos de Lênin.." , na verdade, desde os tempos dos czares!

Jéea Macedo -   28/02/2022 11:20:06

A guerra não é boa para ninguém, porém vejo a Ucrânia solitária nesta briga, discursos de paz e de sanções não abalam a Putin, que queiramos aceitar ou não, é um homem forte. Entendo o povo que busca refúgio nesta situação. Vamos rezar para que o bom senso prevaleça evitando mais mortes.

Rosalia Saraiva -   28/02/2022 11:18:10

Com certeza, Putin está forçando a barra para a criação do seu império. Uma vez KGB, a KGB não sai dele. Presidente da Rússia é muito pouco para ele, quer assinar-se presidente da URSS. Junto com a China, podem estender seus tentáculos, abocanhando tudo que atrapalhar seus planos de poder. Será isso a nova ordem mundial? Onde entra Soros e aliados nessa onda? Onde ficará os USA com este presidente senil e sua vice de esquerda? Esperando os próximos capítulos.

Sandra -   28/02/2022 11:14:34

Que a paz seja executada com sal.Um basta em Putin é essencial!

Décio Antônio Damin -   28/02/2022 11:07:59

Não deveríamos ser solidários com a Russia, ou melhor dito com Putin, que aposta alto num blefe nuclear, que desejamos, e pedimos à Deus, que não passe disto...!