ESTATUTO RACISTA - Estad?
Em recente entrevista ?evista ?oca, o senador Dem?nes Torres (DEM-GO) teve a coragem de romper o mon?o politicamente correto que tem dominado a tramita? do projeto de lei que cria cotas para negros e ?ios nas universidades federais.
Segundo o senador goiano, esse ?m projeto com grande potencial de dividir a sociedade brasileira. A partir do momento em que n?ogarmos uns contra os outros e passarmos a rotular aqueles que ter?mais direito a frequentar uma universidade p?ca por causa de ra? n?amos deixar de ser brasileiros. Seremos negros, pardos, brancos, mamelucos, bugres, mas n?seremos mais brasileiros.
O tema ?ol?co. Deve, portanto, ser discutido com profundidade e respeito ?iversidade de opini? N?? que tem acontecido. O patrulhamento ?anto que muito parlamentar tem medo de arranhar a pr?a imagem, sublinha Torres. Muitos t?medo de aparecer em p?co contra o movimento negro e ser tachados de racistas, embora n?sejam.
Est?urgindo, de forma acelerada, uma nova democracia totalit?a e ditatorial, que pretende espoliar milh?de cidad? do direito fundamental de opinar, elemento essencial da democracia. Se a ditadura politicamente correta constrange senadores da Rep?ca, n?pode, por ?o, acuar jornalistas e reda?s. O primeiro mandamento do jornalismo de qualidade ? independ?ia. N?podemos sucumbir ?press?dos lobbies direitistas, esquerdistas, homossexuais ou raciais. O Brasil eliminou a censura. E s? um desvio pior que o controle governamental da informa?: a autocensura. Para o jornalismo n?h?etos, tabus e proibi?s. Informar ?m dever ?co.
N?Somos Racistas: uma rea? aos que querem nos transformar numa na? bicolor (Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2006) ? t?lo de um livro do jornalista Ali Kamel. A obra, s?a e bem documentada, ilumina o debate. Mostra o outro lado da discuss?sobre as pol?cas compensat?s ou a?s afirmativas para remir a pobreza que, supostamente, castiga a popula? negra.
Kamel, diretor-executivo de Jornalismo da Rede Globo de Televis?e ex-aluno do Instituto de Filosofia e Ci?ias Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ?ma alma de rep?r. Por isso, questiona pretensas unanimidades. Fustigado pela sua intui? jornal?ica, flagrou um denominador comum nos diversos projetos instituindo cotas raciais: a divis?do Brasil em duas cores, os brancos e os n?brancos, com os n?brancos sendo considerados todos negros. A miscigena?, riqueza maior da nossa cultura, evaporou nos rarefeitos laborat?s dos legisladores.
Certo dia, comenta Kamel, caiu a ficha: para as estat?icas, negros eram todos aqueles que n?eram brancos. (....) Pior: uma na? de brancos e negros onde os brancos oprimem os negros. Outro susto: aquele pa?n?era o meu.
Do espanto nasceu a reflex? O desvio come?na d?da de 1950, pela a? da escola de Florestan Fernandes, da qual participava Fernando Henrique Cardoso. Para o autor, FHC presidente foi sempre seguidor do jovem soci?o Fernando Henrique. Convencido de que a raz?da desigualdade ? racismo dos brancos, FHC foi, de fato, o grande mentor das pol?cas de prefer?ia racial. Lula, com sua obsess?populista, embarcou com tudo na canoa das cotas raciais. O Brasil, como todos vivenciamos, nunca foi um pa?racista. Tem, infelizmente, pessoas racistas. A cultura nacional, no entanto, sempre foi uma ode ?iscigena?. As pol?cas compensat?s, certamente movidas pela melhor das inten?s, produzir?um efeito perverso: despertar?o ? racial e n?conseguir?cauterizar a ferida da desigualdade.
Esgrimindo argumentos convincentes, o jornalista mostra que os desn?is salariais entre brancos e negros n?t?fundamento racista: ganham menos sempre os que t?menos escolaridade. Os mecanismos sociais de exclus?t?como v?mas os pobres, sejam brancos, negros, pardos, amarelos ou ?ios. E o principal mecanismo de reprodu? da pobreza ? educa? p?ca de baixa qualidade. S?vestimentos maci? em educa? podem erradicar a pobreza. ?preciso fugir da miragem do assistencialismo. Tire o dinheiro do programa social e o pobre voltar? ser pobre, caso tenha sa? da pobreza gra? ao assistencialismo. E o pior: num pa?pobre como o nosso, cada centavo que deixa de ir para a educa? contribui para a manuten? dos pobres na vida tr?ca que levam, adverte o autor.
Numa primeira reflex? nada mais justo do que dar aos negros a oportunidade de ingressar num curso superior. Mas, quando examinamos o tema com profundidade, vemos que n?se trata de uma provid?ia t?justa quanto parece. Ao tentar corrigir a injusti?que, historicamente, marcou milh?de brasileiros, cria-se um universit?o de segunda classe, que n?ter?hegado ?niversidade por seus m?tos. Ademais, ao privilegiar etnias, a lei discrimina outros jovens brasileiros pobres que n?se enquadram no perfil racial artificialmente desenhado pelo legislador. Oculta-se a verdadeira raiz da injusti? a baix?ima qualidade do ensino.
Os negros brasileiros n?precisam de favor. Precisam apenas de ter acesso a um ensino b?co de qualidade, que lhes permita disputar de igual para igual com gente de toda cor. Imp?e um debate mais s?o. Uma discuss?livre das ataduras do patrulhamento ideol?o. Afinal, caro leitor, o que est?m jogo ? pr?a identidade cultural do nosso pa?
* Diretor do Master em Jornalismo (www.masteremjornalismo.org.br), professor de ?ica e doutor em Comunica? pela Universidade de Navarra, ?iretor da Di Franco - Consultoria em Estrat?a de M?a (www.consultoradifranco.com) E-mail: difranco@iics.org.br